Wall Street tem o pior ‘sell-off’ em 70 anos numa Black Friday

Petróleo derrete mais de 10% e rentabilidade dos treasuries têm a maior queda em 2021

Wall Street tem o pior ‘sell-off’ em 70 anos numa Black Friday com temor sobre vírus
26 de Novembro, 2021 | 04:26 PM

Bloomberg Línea — Os mercados americanos retomaram os negócios após o dia de Ação de Graças com forte pessimismo em relação às perspectivas para a pandemia com a nova variante do coronavírus.

Na bolsa de Nova York, que encerrou o pregão mais cedo por conta do feriado, o índice Dow Jones fechou com baixa de 2,53% (905 pontos) e o S&P 500, de 2,27% (107 pontos). Foi o pior sell-off já visto numa Black Friday em 70 anos. O Nasdaq terminou com perdas de 2,23%.

As maiores perdas ocorreram nas ações de empresas aéreas, agências de viagens online e companhias ligadas ao setor de entretenimento com o temor de novas medidas de restrição sanitária para conter o avanço da nova cepa do coronavírus. Os papéis do site Booking Holding recuaram 7,21% e as da Expedia Group, 9,48%.

As perdas se estenderam para commodities como petróleo. O contrato mais negociado do petróleo do tipo WTI derreteu 13% para US$ 68,17 o barril.

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No mercado de renda fixa, o pessimismo derrubou as taxas dos Treasuries com a perspectiva de atraso na redução de estímulos monetários caso avancem as restrições sanitárias. O rendimento dos títulos do governo dos EUA de dez anos desabou 17 pontos básicos para 1,479%, na maior queda vista neste ano.

Ibovespa afunda

Entre os emergentes, o “sell-off” também é generalizado. A bolsa brasileira também operava com baixa de 3,51% no Ibovespa, que marcava 102.068 pontos, perto das 16h25. O dólar subia 0,48% para R$ 5,59.

Na Argentina, o índice Merval tinha de 6,14%. Na Colômbia, o Colcap recuava 1,75% e no México, o IPC tinha baixa de 2,99%.

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Contexto

A nova variante, chamada B.1.1529, carrega um número excepcionalmente alto de mutações, disse François Balloux, diretor do UCL Genetics Institute, em um comunicado publicado pelo Science Media Center. É provável que tenha evoluído durante uma infecção crônica de uma pessoa imunocomprometida, possivelmente em um paciente com HIV/AIDS não tratada, segundo ele.

“É difícil prever o quão transmissível ele pode ser nesta fase”, disse Balloux. “Por enquanto, deve ser monitorado e analisado de perto, mas não há motivo para se preocupar excessivamente, a menos que comece a aumentar sua frequência em um futuro próximo.”

A África do Sul detectou 22 casos da variante, informou o Instituto Nacional de Doenças Transmissíveis, em um comunicado.

(atualizado às 16h25 com cotações mais recentes)

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Toni Sciarretta

News director da Bloomberg Línea no Brasil. Jornalista com mais de 20 anos de experiência na cobertura diária de finanças, mercados e empresas abertas. Trabalhou no Valor Econômico e na Folha de S.Paulo. Foi bolsista do programa de jornalismo da Universidade de Michigan.