Gargalos logísticos aumentam custo e prazo de embarques de café

Embarques do Brasil para os Estados Unidos, que normalmente demoram um mês para chegar ao destino, atualmente podem levar até 100 dias

Dificuldades logísticas pesam nos preços
Por Marvin G. Perez
19 de Novembro, 2021 | 02:36 PM

Bloomberg — Agora leva mais tempo e dinheiro para trazer café dos principais produtores mundiais para países importadores com os maiores consumidores de cafeína. A situação está longe de melhorar, o que deve manter os preços elevados.

Os embarques do Brasil para os Estados Unidos, que normalmente demoram um mês para chegar ao destino, atualmente podem levar até 100 dias, disse Anike Ejlers Wolthers, cuja corretora de café Red Container opera em Santos, maior centro de exportação do Brasil. Isso se deve à escassa oferta global de contêineres e navios, disse.

Mesmo que seja possível encontrar algum, é difícil alugar. Ejlers e sua equipe de logística passam horas tentando garantir as reservas.

O Brasil, que responde por 40% da oferta global de café, teve 3,7 milhões de sacas destinadas à exportação retidas entre janeiro e outubro devido a gargalos logísticos, segundo estimativas do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).

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Esses problemas incluem “menor disponibilidade de contêineres e espaço nos navios, frequentes cancelamentos de ‘bookings’ e rolagens de carga”, disse por e-mail o diretor técnico do Cecafé, Eduardo Heron.

A produção brasileira de arábica despencou neste ano após forte seca e geadas. A produção será maior no ano que vem, embora deva ficar abaixo da média e manter os estoques baixos. Os contratos futuros do grão subiram cerca de 80% neste ano em Nova York.

A Colômbia, segundo maior produtor de arábica, também sente o impacto devido ao mau tempo. O país tem elevado as importações do Brasil e da América Central para compensar o déficit.

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Os atrasos das exportações também afetam a Ásia. Os embarques do Vietnã, o fornecedor número 1 da variedade robusta, diminuíram devido às altas taxas de frete, custos dos contêineres e restrições da Covid-19.

Esses fatores são agravados pelo La Niña, que ameaça trazer clima instável para produtores na América do Sul nos próximos meses e impulsionar ainda mais os preços.

Portanto, estocar sua marca favorita pode não ser uma má ideia.

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