Perdas financeiras levam BRF a prejuízo de R$ 271 milhões

Empresa ainda vê inflação, queda na confiança e conjuntura econômica como variáveis que ainda podem influenciar o consumo no mercado doméstico

BRF registrou prejuízo no terceiro trimestre do ano, com aumento do prejuízo financeiro
10 de Novembro, 2021 | 08:05 PM

Bloomberg Linea — Com um resultado financeiro duas vezes pior, a BRF encerrou o terceiro trimestre do ano com um prejuízo de R$ 271 milhões ante um lucro líquido de R$ 219 milhões no mesmo período do ano passado. Mesmo com um aumento de 6,5% em sua receita líquida para R$ 12,4 bilhões e um Ebtida 7,6% maior em R$ 1,36 bilhão, a empresa viu o desempenho financeiro corroer seus resultados.

A companhia registrou um prejuízo financeiro de R$ 985 milhões, mais de duas vezes superior às perdas de R$ 436 milhões registradas no terceiro trimestre do ano passado. Os custos financeiros aumentaram 31,3% e superaram a marca de R$ 1 bilhão, impactados pelas despesas com juros sobre empréstimos e financiamentos, que foram influenciados pela apreciação do dólar.

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No Brasil, a BRF encerrou o trimestre com uma receita 9,9% maior, de R$ 6,4 bilhões, enquanto o Ebitda cresceu 78,4% para R$ 878 milhões. “Realizamos repasses de preços para reequilibrar as margens da indústria ante um cenário inflacionário global e sem precedentes”, diz o comunicado da empresa, ao alertar que a alta da inflação, queda na confiança do consumidor e conjuntura econômica ainda podem impactar o consumo no mercado doméstico.

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No mercado internacional, a empresa apresentou uma receita de R$ 5,44 bilhões, praticamente estável em relação ao mesmo período de 2020. Contudo, o Ebitda das operações internacionais recuou 33,6% para R$ 411 milhões, influenciado principalmente pelo mercado asiático, que viu os preços da carne suína na China reduzirem a receita em 10% e o Ebitda em 72% na região.

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“Aconteceram dois movimentos relevantes por parte dos produtores (da China), cujos resultados foram o aumento de estoque local e preços menores. O primeiro movimento foi a adoção, por parte do produtor, de uma postura prudente em relação ao vírus e a antecipação do abate. O segundo foi a retenção dos animais no campo apostando no aumento de preços. Como os preços não reagiram, animais mais pesados foram abatidos, gerando ainda mais oferta no mercado”, disse a empresa em nota.

Alexandre Inacio

Jornalista brasileiro, com mais de 20 anos de carreira, editor da Bloomberg Línea. Com passagens pela Gazeta Mercantil, Broadcast (Agência Estado) e Valor Econômico, também atuou como chefe de comunicação de multinacionais, órgãos públicos e como consultor de inteligência de mercado de commodities.