No câmbio, carry trade proporciona melhor retorno desde 2016

Alta dos preços das commodities, baixa volatilidade e aperto em políticas monetárias beneficiam operações

dinero
Por Robert Fullem e Brody Ford
29 de Outubro, 2021 | 12:07 PM

Bloomberg — Os ganhos com operações de carry trade voltaram com tudo nos mercados de moedas das maiores economias desenvolvidas, graças à alta dos preços das commodities, à baixa volatilidade e ao número crescente de bancos centrais que estão apertando a política monetária.

A combinação proporcionou os maiores lucros em cinco anos nessas negociações, realizadas com a tomada de empréstimos em nações onde os juros ainda estão baixos e o investimento dos recursos em locais onde os rendimentos são maiores.

O índice Bloomberg Cumulative FX Carry Trade para as moedas do G-10 — que acompanha o retorno diário rebalanceado gerado com a tomada de empréstimos nas três moedas de menor rendimento e investimento nas três de maior rendimento — deu retorno de 3,6% nos últimos dois meses ou mais de 8% desde o começo do ano, a caminho do maior avanço anual desde 2016.

“As duas estratégias que funcionaram melhor recentemente foram ideias fundamentadas em carry trade ou termos de troca”, disse Shaun Osborne, estrategista-chefe de câmbio do Scotiabank. “O carry trade funciona em um ambiente benigno e de baixa volatilidade — foi o que tivemos com todos os estímulos dos bancos centrais em vigor.”

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Esses ganhos contrastam com as perdas generalizadas nos mercados de títulos soberanos ao redor do mundo. As cotações desses papéis caíram desde que os bancos centrais começaram a subir juros e retirar estímulos de suas economias. O Banco do Canadá se juntou a essa postura mais restritiva na quarta-feira quando decidiu cessar as compras de ativos. Entretanto, a alta da inflação reforçou apostas em um aumento de juros na Austrália.

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Os movimentos têm sido descompassados. EUA, Japão e Banco Central Europeu ainda não agiram, mesmo com Brasil, Nova Zelândia e Rússia subindo os juros de referência. Paralelamente, a volatilidade das principais moedas diminuiu e o dólar australiano e a coroa norueguesa se valorizaram com a alta de preços das commodities.

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Até agora, os ganhos têm sido limitados aos mercados desenvolvidos, enquanto a volatilidade atrapalha os mercados emergentes.

Entre as moedas do Grupo dos 10, a coroa, o dólar da Nova Zelândia e a libra esterlina foram as de maior rendimento em um período de três meses, e o dólar canadense não ficou muito atrás.

Os índices de carry trade em mercados emergentes apresentaram resultados mistos. Algumas moedas de alto rendimento, como o rublo, subiram em relação ao dólar, mas a lira turca e o real afundaram. Assim, o índice Bloomberg Cumulative FX Carry Trade para oito mercados emergentes sofreu leve queda este ano.

O estrategista Erik Nelson, da Wells Fargo Securities, acha que o retorno das operações de carry trade pode diminuir gradualmente diante do alívio nos preços das commodities e à medida que mais bancos centrais começam a normalizar a política monetária.

“Me pergunto se estamos chegando ao topo da onda favorável ao carry”, disse ele.

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