Mercado está errado sobre alta de juro pelo Fed, diz BlackRock

Estrategistas da maior gestora de ativos do mundo esperam que o Fed mantenha plano de elevar os juros em 2023

Onda de venda global de títulos dos EUA ganhou impulso nesta segunda-feira e os rendimentos das Treasuries de 10 anos subiram para 1,6%
Por Anchalee Worrachate
18 de Outubro, 2021 | 10:48 AM

Bloomberg — O mercado de títulos está exagerando na precificação da alta de juros pelo Federal Reserve, dado que todos os sinais ainda sugerem que a ameaça da inflação será temporária, de acordo com o estrategista-chefe de renda fixa da maior gestora de ativos do mundo.

“Acreditamos que o caminho de aumento das taxas do Fed será menos profundo do que o mercado precifica atualmente”, disse Scott Thiel, da BlackRock, em entrevista à Bloomberg Television.

Os estrategistas da BlackRock esperam que o Fed mantenha seu plano de elevar os juros em 2023. Essa é uma visão que vai contra os mercados, que precificam um aumento de cerca de 30 pontos-base até setembro do próximo ano, já que tudo, desde gargalos na cadeia de suprimentos e escassez de materiais até os altos preços das commodities, estimula a inflação.

A onda de venda global de títulos dos EUA ganhou impulso nesta segunda-feira e os rendimentos das Treasuries de 10 anos subiram para 1,6%.

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Os operadores ampliaram as apostas de alta dos juros na semana passada para quase 50-50 em junho, colocando o primeiro aumento bem próximo - ou potencialmente até antes - do prazo em que o Fed sugeriu que a redução gradual da compra de ativos poderia terminar.

Mas Thiel diz que os integrantes do Fed provavelmente têm espaço para ignorar as pressões causadas pela pandemia.

Veja mais: Fed não deverá subir os juros em 2022, diz economista do Goldman

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“Claramente, há um debate muito ativo aqui, dados os altos níveis de inflação que estamos observando”, disse Thiel. “Vai ficar algum tempo conosco. Mas acreditamos que vai diminuir lentamente.”

O presidente do Fed, Jerome Powell, e seus colegas esperam que a inflação elevada diminua no próximo ano. A equipe do Fed em Washington prevê que a inflação estará de volta a 2% em 2022, de acordo com a ata da reunião do Fomc do mês passado, divulgada em 13 de outubro.

Isso não quer dizer que Thiel esteja dizendo aos clientes para comprarem títulos do Tesouro dos EUA. Muito pelo contrário. Ele espera que as vendas continuem, embora em um ritmo mais moderado, e recomenda uma exposição abaixo consenso ao risco de taxa de juros.

Ainda há espaço para a economia dos EUA se expandir e os rendimentos nos níveis atuais não refletem isso, disse ele.

“Veremos os rendimentos subindo com o tempo, em parte porque acreditamos que eles estão no nível errado, dado o nível de atividade econômica que vimos”, disse Thiel.

“Portanto, continuará havendo um ajuste mais alto nas taxas de juros, embora não seja tão violento quanto o que vimos nas últimas duas semanas.”

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