La Niña ameaça piorar secas e agitar mercados

Fenômeno provavelmente trará más notícias para os agricultores do sul do Brasil e da Argentina, onde pode causar estiagem, que já atinge a produção de milho, café e soja

Início nesta temporada pode ter um impacto poderoso sobre os mercados agrícolas que dependem das safras da América do Sul
Por Brian K. Sullivan
14 de Outubro, 2021 | 04:23 PM

Bloomberg — O fenômeno climático La Niña parece ter chegado ao Pacífico equatorial, preparando o terreno para o agravamento das secas na Califórnia e na América do Sul, inverno rigoroso em áreas dos Estados Unidos e Japão e maiores riscos para os já limitados suprimentos de energia e alimentos do mundo.

O fenômeno - que começa quando a atmosfera reage a uma zona mais fria de água sobre o Oceano Pacífico - deve durar pelo menos até fevereiro, disse o Centro de Previsão do Clima dos Estados Unidos na quinta-feira. Há 57% de chance de ser um evento moderado, como o que começou no ano passado, disse o centro. Embora cientistas possam precisar de meses para confirmar se o La Niña retornou definitivamente, todos os sinais indicam que já chegou.

“Estamos vendo tudo o que queremos ver em um La Niña”, disse Michelle L’Heureux, meteorologista do centro, em entrevista. “Estamos bastante confiantes de que o La Niña está aqui.”

Há meses surgem sinais de que o fenômeno provavelmente estaria se formando, marcando o segundo La Niña consecutivo do mundo. O La Niña — como sua contraparte, El Niño — geralmente atinge o pico no inverno do hemisfério norte, mas seus efeitos podem desencadear consequências em todo o globo.

PUBLICIDADE

Seu início nesta temporada pode ter um impacto poderoso sobre os mercados agrícolas que dependem das safras da América do Sul, que enfrentariam condições mais secas, assim como o óleo de palma na Indonésia, onde pode haver aumento das inundações. O frio e as tempestades tendem a predominar no noroeste do Pacífico e nas planícies do norte dos Estados Unidos quando o La Niña chega, o que pressiona os mercados regionais de energia.

Devido ao La Niña, a Califórnia pode ter pouco alívio para a seca atual, o que agravaria a temporada de incêndios florestais. O estado mais populoso dos EUA geralmente recebe a maior parte da água anual das chuvas e da neve entre novembro e abril, um padrão que o La Niña ameaça interromper ao mudar a trajetória das tempestades para o norte. O La Niña provavelmente trará más notícias para os agricultores do sul do Brasil e da Argentina, onde o fenômeno pode causar estiagem, que já atinge a produção de milho, café e soja.

Além disso, a temporada de furacões no Atlântico, que já produziu 20 tempestades nomeadas, pode trazer outras por causa do La Niña.

PUBLICIDADE

Veja mais em bloomberg.com

Leia também

‘Apagão’ de insumos coloca em risco safra agrícola do Brasil

Mudança climática começa a pautar investimentos no agro