Para ativistas da Elliott, alta de juros ameaça rali de ações

Jonathan Pollock destacou que os juros baixos e a política monetária acomodatícia impulsionaram os mercados nos últimos anos

Duas áreas nas quais a Elliott continua reticente em investir são China e criptomoedas, disse Pollock
Por Scott Deveau
05 de Outubro, 2021 | 01:08 PM

Bloomberg — O codiretor-presidente da gestora ativista Elliott Investment Management disse que o aumento das taxas de juros e o avanço inflação poderiam encerrar o rali de 18 meses dos mercados acionários que recompensou investidores em todos os segmentos.

Jonathan Pollock destacou que os juros baixos e a política monetária acomodatícia impulsionaram os mercados nos últimos anos.

“Qualquer um que conseguiu assumir riscos nos últimos 13 anos, mas mais especificamente nos últimos 18 meses, foi bem recompensado”, disse Pollock em entrevista durante a conferência Bloomberg Invest Global na terça-feira. “Não tenho certeza se tudo é genialidade. Acho que esses ventos favoráveis deixaram todos bem na fita.”

Pollock disse que não tem como prever o momento de uma correção. Mas observou que o patrimônio das famílias aumentou em US$ 5 trilhões nos últimos cinco trimestres, com quase 50% desse valor alocado em ações. Ele disse que, segundo alguns cálculos, um aumento de 100 pontos-base pode resultar em uma correção de cerca de 20%.

PUBLICIDADE

“Não estou dizendo que o mercado vai cair 20% amanhã, mas que há sensibilidade”, disse. “Acho que é muito, muito difícil saber agora. Parece que estamos neste momento ‘Cachinhos Dourados’ com a variante delta atrás de nós, as pessoas voltando ao valor, os juros subindo.”

Parceria

Pollock foi nomeado co-CEO em 2015, atuando com o fundador da Elliott, Paul Singer, na função. O executivo disse que os dois trabalham juntos e que a parceria de 32 anos resultou em um “certo casamento”.

Veja mais: Perdas de Treasuries chegam em hora complicada para emergentes

PUBLICIDADE

“Você pode meio que completar as frases da outra pessoa. Mas, ao mesmo tempo, sabe que é capaz de discordar construtivamente. E, portanto, nos vemos como os gestores de risco definitivos da empresa”, disse.

A Elliott é amplamente conhecida como uma investidora ativista. Mas tem uma abordagem multiestratégica que abrange ações no mercado aberto e private equity, crédito e imóveis diretos, entre outras plataformas. Nos últimos anos, a gestora também se tornou um dos credores não bancários que tem ganhado mercado de tradicionais financiadores da chamada dívida distressed, ou em reestruturação, ao lado de gigantes de private equity como Blackstone. O executivo disse que isso mudou a dinâmica dos mercados de crédito e pode ter consequências de longo prazo com a evolução do segmento.

“A composição dos players mudou. Mudou ao ponto de eles estarem mais bem-posicionados para possuir créditos - distressed - ao longo de todo o ciclo”, explicou. “Não sei exatamente o que isso significa para o próximo ciclo. Mas pode significar que as oportunidades são menos abundantes.”

China e criptomoedas

Duas áreas nas quais a Elliott continua reticente em investir são China e criptomoedas, disse Pollock. Segundo ele, as ressalvas da Elliott em relação à China estão focadas no Estado de direito, disse. Em criptomoedas, é a ameaça de que um dólar digital apoiado pelo governo federal possa efetivamente destruir o mercado atual, afirmou.

“Acho que todo o valor do bitcoin, ethereum, seria desafiado se isso ocorresse”, destacou. “Quer dizer, é difícil para nós investirmos em algo que poderia ser eliminado efetivamente com uma canetada.”

Veja mais em bloomberg.com

Leia também

PUBLICIDADE

Três cientistas ganham o Nobel por trabalho sobre mudanças climáticas

Como o biogás transforma o passivo ambiental em negócio bilionário

Gráficos e memes explicam alta da gasolina de um jeito simples