Vale, BHP e Rio Tinto sentem impacto da queda do minério de ferro

Futuros se desvalorizaram mais de 50% desde o pico em maio diante das restrições ao aço na China

Grandes mineradoras sentem impacto de menor demanda da China
Por Krystal Chia
17 de Setembro, 2021 | 02:56 PM

Bloomberg — As medidas da China para despoluir o setor industrial provocam uma queda vertiginosa do minério de ferro, perto de atingir menos de US$ 100 a tonelada.

Os futuros se desvalorizaram mais de 50% desde o pico em maio diante das restrições ao aço na China, maior produtora mundial, para cumprir a meta de volumes mais baixos este ano. O desaquecimento do setor imobiliário chinês também afeta a demanda.

Com as perdas, o minério de ferro se destaca como uma das commodities com pior desempenho e uma exceção em meio ao boom das matérias-primas, que elevou o alumínio para a maior cotação em 13 anos enquanto os preços do gás sobem e os futuros do carvão atingem níveis recordes.

O minério de ferro novamente na casa de dois dígitos pela primeira vez desde julho do ano passado seria um alívio para siderúrgicas, mas um golpe para as maiores mineradoras do mundo, que registraram fortes lucros ao longo do rali no primeiro semestre. É uma má notícia para a Austrália, grande produtora de minério de ferro, onde o principal insumo da siderurgia responde por cerca de 40% das exportações de bens.

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A onda vendedora no mercado de minério de ferro impulsionou a volatilidade para o maior nível em cinco anos. Segundo o UBS, a queda “aconteceu mais rápido do que o esperado”. Os estoques nos portos estão 10% acima do nível no ano anterior, e expectativas de redução da demanda chinesa coincidem com previsões de aumento da oferta global. O UBS prevê que os preços atingirão uma média de US$ 89 no próximo ano, um corte de 12% em relação à estimativa anterior.

Expansão do aço

É uma história diferente para o setor de aço, onde os preços permanecem elevados. O mercado continua com pouca oferta, já que os cortes de produção da China ultrapassam significativamente a demanda em queda, de acordo com o Citigroup. O preço do vergalhão à vista está perto da maior cotação desde maio, embora 12% abaixo da máxima daquele mês, e os estoques nacionais encolhem há oito semanas.

Veja mais: Minério encosta em US$ 100 com menor demanda por aço na China

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A China tem insistido que siderúrgicas reduzam a produção este ano para limitar as emissões de carbono. Agora, mais restrições podem estar a caminho para garantir céus azuis durante a Olimpíada de Inverno.

As medidas começam a surtir efeito, com a produção de aço no nível mais baixo em 17 meses em agosto e sinalizando queda no início de setembro. Os volumes precisam cair 8,7% na comparação anual nos últimos quatro meses para atingir uma produção anual estável, de acordo com a China International Capital Corp.

Grandes mineradoras

As ações de produtoras de minério de ferro como Rio Tinto, BHP, Vale e Fortescue Metals sentiram o impacto. A queda dos preços deve pesar sobre os lucros que acompanharam a valorização anterior das cotações.

Os maiores produtores conseguem resistir a preços mais baixos, pois seus custos de produção podem ser inferiores a US$ 20 a tonelada, mas mineradoras menores serão mais atingidas. Esses operadores tendem a reiniciar ou aumentar a produção quando o mercado sobe muito, e processos como o transporte de minério das minas aos portos tornam essas empresas mais sensíveis às oscilações de preços.

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