Brasília em Off: Guedes isolado em defesa do teto

Equipe econômica tem sido pressionada por todos os lados para retirar as despesas de quase R$ 90 bilhões em precatórios da regra do teto de gastos

Presidente da Caixa, Pedro Guimarães, é um dos que cobiça a cadeira de Guedes
Por Martha Beck
10 de Setembro, 2021 | 10:26 AM

Bloomberg — Diante das dificuldades para resolver o problema da conta de quase R$ 90 bilhões em precatórios que pesa sobre o Orçamento de 2022 e inviabiliza o novo programa social do presidente Jair Bolsonaro, a equipe econômica viu crescer as chances de uma proposta que retire essa despesa ou ao menos parte dela do teto de gastos.

A pressão vem de todos os lados: cúpula do Congresso, ala política e até mesmo de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), entre eles, Gilmar Mendes. Ministros mais habilidosos, como João Roma, foram escalados para tentar acalmar Paulo Guedes nas reuniões no Palácio do Planalto.

Veja mais: Negociação para precatório com STF fica quase impossível

Cobiça

Não é só na ala política que Guedes tem quem tente puxar seu tapete. Dois integrantes da própria equipe econômica estão entre os que cobiçam a cadeira do chefe. Um deles é o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, que anda colado dia e noite em Bolsonaro e sonha até em ser vice num eventual segundo mandato. O outro é o secretário especial de Produtividade e Competitividade, Carlos da Costa, que circula pelo mercado e empresariado se apresentando como alternativa. Guedes sabe de Pedro Guimarães há tempos e já foi alertado por assessores sobre da Costa. Não demonstrou nenhuma preocupação.

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Sonho meu

Aliados de Bolsonaro têm reclamado que o ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, ainda não embarcou de fato na articulação política desde que assumiu a pasta. Viu, por exemplo, a MP do programa de emprego ser derrotada na Casa de onde ele saiu. A situação fez com que pessoas próximas ao presidente passassem a brincar que o governo precisava mesmo é do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, na chefia da Casa Civil.

Eles afirmam que Cunha, que antes de virar algoz de Dilma Rousseff tinha como hábito “tratorar” a oposição e aprovar as pautas de interesse do governo, seria um ativo valioso no momento atual. De quebra ainda trabalharia em sintonia fina com o presidente da Câmara, Arthur Lira, seu aliado de longa data que, aliás, foi um dos 10 parlamentares que votaram contra a cassação de Cunha.

DEM

O ministro do Trabalho, Onyx Lorenzoni, colocou como condição para permanecer no DEM que o partido demonstre apoio ao governo. O dilema aí está no fato de que a sigla, comandada por ACM Neto, quer preservar o prestígio que ainda tem junto ao mercado financeiro e o respeito como partido de direita. Depois dos ato do 7 de setembro, ACM Neto defendeu a necessidade de um país livre de radicalismos.

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Veja mais: Gritos de Bolsonaro não escondem seu fracasso

Caixa Preta

A obsessão de Bolsonaro com a chamada caixa-preta do BNDES não acabou. O presidente ainda não se conforma com o fato de Gustavo Montezano não ter avançado na investigação de irregularidades cometidas na instituição durante a gestão petista. Bolsonaro tem ficado mais irritado com Montezano porque Pedro Guimarães tem dito ao presidente que está abismado com a corrupção que encontrou na Caixa.

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