Negociação para precatório com STF fica quase impossível

Segundo fontes, a única alternativa agora pode ser avançar no Congresso com a PEC que autoriza o governo a pagar as dívidas de forma parcelada

O governo considerou as manifestações de terça-feira (7) um sucesso, segundo duas pessoas com acesso ao presidente
Por Martha Beck - Simone Iglesias e Daniel Carvalho
08 de Setembro, 2021 | 05:17 PM

Bloomberg — Os ataques de Jair Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal (STF) nas manifestações do 7 de setembro tornaram as negociações sobre os precatórios quase impossíveis, de acordo com duas pessoas, que pediram para não serem identificadas porque as discussões são privadas.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, vinha trabalhando com o STF numa solução via Conselho Nacional de Justiça para estabelecer um teto no pagamento de precatórios, que somam R$ 90 bilhões no orçamento do próximo ano.

Veja mais: O que são precatórios?

Agora, a única alternativa pode ser avançar no Congresso com a PEC que autoriza o governo a pagar as dívidas de forma parcelada, em até 10 anos, disseram as fontes.

PUBLICIDADE

A PEC dos precatórios e outros itens da pauta econômica, como as reformas tributária e administrativa, podem avançar na Câmara, onde o presidente Arthur Lira trabalha com Guedes, mas a situação tende a ficar mais difícil no Senado, disse uma pessoa.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, suspendeu as sessões desta semana após as manifestações.

“É muito improvável que as reformas avancem entre agora e as eleições”, disse Ray Zucaro, diretor de investimentos da RVX Asset Management em Miami. “Isso está quase garantido.”

PUBLICIDADE

Veja mais: Bolsonaro faz ameaça ao STF em discurso para multidão na Esplanada dos Ministérios

O Planalto, embora o governo não acredite que um processo de impeachment de Bolsonaro tenha chances de avançar, espera que sua agenda enfrente mais dificuldades no Congresso, disse uma pessoa.

O governo considerou as manifestações de terça-feira um sucesso, segundo duas pessoas com acesso ao presidente que pediram anonimato para discutir assuntos privados.

Bolsonaro teve bastante tempo na TV e encontrou uma agenda que mobiliza seus apoiadores, disseram as pessoas, acrescentando que ele não espera reações mais significativas dos demais poderes.

Veja mais em bloomberg.com

Leia também

Montadoras temem impacto da instabilidade institucional no Brasil nas vendas de veículos

PUBLICIDADE

Lira pede fim de “bravatas” e diz que país precisa de diálogo

Luiz Fux: desobedecer decisão do STF é crime de responsabilidade