Setor de turismo da África do Sul critica restrições britânicas

Reino Unido respondeu por 17% dos 2,6 milhões de turistas estrangeiros no país em 2019, sendo o maior mercado de origem

Casos na África do Sul e no Reino Unido são dominados pela variante delta, identificada pela primeira vez na Índia
Por Antony Sguazzin
13 de Agosto, 2021 | 03:21 PM

Bloomberg — A principal associação do setor de turismo da África do Sul pressiona políticos do Reino Unido para a retirada do país da chamada lista vermelha de viagens, que faz parte das medidas para frear o coronavírus. Segundo a associação, a restrição é incompatível com evidências científicas e afeta as relações entre os países.

As restrições foram baseadas na descoberta da variante beta no país, embora a incidência dessa mutação na África do Sul agora seja mínima, disse a Satsa, que representa 1.350 empresas, em apresentação de 10 de agosto.

Os casos de Covid-19 na África do Sul e no Reino Unido são dominados pela variante delta, identificada pela primeira vez na Índia. O Reino Unido respondeu por 17% dos 2,6 milhões de turistas estrangeiros da África do Sul em 2019, sendo o maior mercado de origem.

Com a inclusão da África do Sul na lista vermelha há cerca de oito meses, turistas do Reino Unido precisam fazer quarentena por 10 dias, às próprias custas, em hotéis selecionados pelo governo quando retornarem. Viajantes vacinados da Alemanha, Estados Unidos, França e outros mercados importantes podem retornar da África do Sul sem fazer quarentena.

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‘Fortaleza’

As restrições vão contra os esforços do Reino Unido para estabelecer laços mais estreitos com a África do Sul depois de deixar a União Europeia.

“É incompatível com a retórica do Reino Unido sobre investimentos na África do Sul, comércio com a África do Sul”, disse em webinar Christine Thompson, consultora de relações governamentais e relações públicas que assessora a Satsa. “Há muito ressentimento. Toda essa abordagem é muito incompatível com as aspirações da Grã-Bretanha global, sendo mais uma Grã-Bretanha fortaleza.”

As restrições colocam em risco uma indústria que emprega 1,5 milhão de pessoas direta e indiretamente e contribui com cerca de US$ 5,5 bilhões para a economia sul-africana anualmente, disse a Satsa. Também ameaçam a viabilidade de áreas-chave de conservação, como parques nacionais, disse.

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“Nossa prioridade é proteger a saúde pública”, disse o Departamento de Transporte do Reino Unido em resposta por e-mail a perguntas. “As decisões sobre o nosso sistema de semáforos são mantidas sob revisão regular e baseadas na avaliação de risco mais recente do Centro de Biossegurança Conjunta e fatores de saúde pública mais amplos.”

A África do Sul registrou média de 10.169 casos de Covid-19 por dia na última semana. A média de sete dias no Reino Unido, com população semelhante à da África do Sul, soma cerca de 28 mil. Noventa por cento dos genomas do coronavírus sequenciados na África do Sul nas quatro semanas até 24 de julho identificaram a variante delta, disse a Satsa na apresentação.

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