Rappi avalia transferências de dinheiro entre países da América Latina

Gabriel Migowski, diretor do RappiPay, falou sobre o tema depois que o aplicativo recebeu autorização da Superintendência Financeira da Colômbia para operar como banco

Gabriel Migowski, diretor do RappiPay na Colômbia
10 de Agosto, 2021 | 01:49 PM

Bogotá — O unicórnio colombiano Rappi estuda desenvolver uma funcionalidade para transferir dinheiro entre seus usuários de soluções fintech na América Latina e, embora seja um plano “muito preliminar”, já está avaliando “quatro ou cinco opções” para realizá-lo.

“A ideia é efetivamente poder se conectar e fazer com que o envio de dinheiro entre países também seja muito rápido, muito eficiente e, acima de tudo, muito barato e transparente”, comentou o CEO da RappiPay na Colômbia, Gabriel Migowski, à Bloomberg Línea.

Embora tenha esclarecido que “é um pouco mais complexo porque o marco regulatório em torno das transferências internacionais é mais amplo”, é algo em que o renomado unicórnio colombiano está trabalhando.

“Estamos avaliando diferentes alternativas de como podemos fazê-lo, mas não chegamos exatamente a uma conclusão”, disse o diretor, embora tenha preferido manter a confidencialidade sobre as possíveis abordagens a esse respeito.

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“Realmente o que temos que fazer é contabilizar a rapidez e a facilidade para uma pessoa colocar o nome e e-mail de outra em outro país e transferir (o dinheiro) sem ter que preencher formulários, imprimir, colocar digital etc.”.

Segundo números da Finnovista, em março de 2021, a Colômbia relatou um ecossistema de cerca de 270 fintechs, registrando crescimento anual de 20%.

O segmento de pagamentos eletrônicos, ordens de pagamento e remessas é o segmento mais dinâmico (com participação de 22% do total), seguido pelo crédito digital para pessoas físicas (14% do total).

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A este respeito, o diretor enfatizou que em meio ao confinamento e “em um mundo cada vez mais interligado”, as transferências internacionais tornaram-se fundamentais para as pessoas. Por exemplo, “um empresário na Colômbia contrata um incorporador no Chile e quer encontrar uma maneira fácil de pagá-lo – é uma das coisas em que estamos trabalhando”.

“Isso está em uma fase muito preliminar, obviamente não fizemos o estudo completo das implicações regulatórias e tributárias etc., são muitos os controles tanto das autoridades fiscais quanto dos bancos centrais que controlam o fluxo de moeda estrangeira em diferentes países com diferentes níveis, por exemplo, no Brasil eles exigem mais documentos que na Colômbia, e na Colômbia exigem mais documentos que no México, para enviar dinheiro para o exterior “, explicou.

Gabriel Migowski fez essa declaração depois que o RappiPay recebeu autorização da Superintendência Financeira da Colômbia para sua constituição como uma empresa de financiamento em 6 de agosto.

O executivo destacou que “assim como a Rappi tem essa aliança com a Davivienda na Colômbia”, a empresa também tem relações com o Banorte no México, além de outras no Chile e no Brasil, “onde a regulação é mais flexível” e “a Rappi atua de forma independente”.

Questionado sobre as possibilidades de estender essa estratégia a mais territórios, ele mencionou que “nos outros países onde o Rappi está, como Argentina e Uruguai, já existe o suficiente para isso”. “Assim que tivermos sucesso nesses países (nos quais a fintech já se estabeleceu), será muito mais fácil replicar nos demais”, resumiu a questão.

Detalhes do RappiPay

O diretor, que destacou que espera que o RappiPay comece a operar no início de 2022, disse que assim que obtiver “a autorização final de operação, 100% dos serviços financeiros oferecidos no Rappi serão dessa nova entidade financeira”.

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“É uma aliança da Rappi com a Davivienda que se origina com a carteira, depois o cartão de débito e então várias funcionalidades de pagamentos e serviços. O último lançamento foi o cartão de crédito, e o processo perante a Superintendência Financeira foi o passo natural para se tornar uma entidade financeira e continuar expandindo essa gama de produtos e serviços, com o claro objetivo de ser a entidade financeira mais importante do país”, comentou.

E quanto aos planos, ele garantiu que a primeira coisa que querem garantir é que o cartão de crédito Rappicard seja o “melhor produto na cabeça do consumidor financeiro”. A esse respeito, comentou que já receberam cerca de 200 mil pedidos do produto.

“Hoje temos mais de 700 mil usuários que utilizam o RappiPay, que é o produto associado, trabalhamos com a Daviplata, assim que tivermos a licença financeira, este será um produto independente com um novo core dedicado exclusivamente ao RappiPay”, explicou.

É assim que progressivamente os usuários que hoje utilizam a solução integrada à plataforma Rappi começarão a receber informações sobre transferir ou não seus recursos para esta nova solução.

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As sócias da nova fintech serão a Holding RappiPay S.A.S. (Colômbia), a Rappi Inc. (Estados Unidos), a Corporación Financiera Davivienda S.A. (Colômbia) e a VC Investments S.A.S. (empresa de Bogotá controlada por esta última instituição de crédito), bem como o Banco Davivienda.

A nova empresa terá participações acionárias iguais para as subsidiárias da Rappi e da Davivienda. Em mais detalhes, a atividade principal da nova empresa será a prestação, entre outros, de serviços de captação de poupanças do público e de serviços de intermediação autorizada a outras instituições de crédito.

A nova empresa também terá com sistemas de identificação digital e os meios de pagamento em seu objeto social.

“Aqui na Colômbia, tínhamos começado com o nome RappiPay, então para não gerar mais confusão com vários Rappi, continuamos com esse nome, mas realmente a gama de serviços em toda a região será 99% a mesma”, explicou o gerente.

Daniel Salazar Castellanos

Profesional en comunicaciones y periodista con énfasis en economía y finanzas. Becario de EFE en el programa de periodismo de economía de la Universidad Externado, Banco Santander y Universia. Exeditor de Negocios en Revista Dinero y en la Mesa América de la agencia española de noticias EFE.