A cada 48 horas nasce uma cervejaria no Brasil

Em meio à pandemia, Ministério da Agricultura concedeu registro de operação para 174 novas indústrias em 2020, elevando para 1.383 o número de estabelecimentos credenciados no país

Ao final do ano passado, 1.383 indústrias cervejeiras estavam habilitadas a operar no país, número que representa um crescimento de 14,4% sobre sobre 2019, quando 1.209 fabricantes possuíam o selo do Ministério da Agricultura
07 de Agosto, 2021 | 12:19 PM

São Paulo — A pandemia não assustou os apreciadores de cerveja. Em média, a cada dois dias, uma nova cervejaria nasceu no Brasil em 2020. Ao final do ano passado, 1.383 indústrias cervejeiras estavam habilitadas a operar no país, número que representa um crescimento de 14,4% sobre sobre 2019, quando 1.209 fabricantes possuíam o selo do Ministério da Agricultura.

A indústria de cerveja alcançou outro marco em 2020. Todos os Estados da federação possuem pelo menos uma cervejaria. O último a entrar na lista foi o Acre, que inaugurou uma fábrica no ano passado. Agora, 609 municípios brasileiros possuem pelo menos uma indústria fabricante de cerveja.

Porto Alegre lidera a lista de cidades com maior número de cervejarias, com um total de 40. A capital gaúcha é seguida de perto por São Paulo, com 39. Completam a lista do Top 5 Nova Lima (MG), Curitiba e Caxias do Sul (RS), com 23, 22 e 19 fábricas, respectivamente.

Apesar de mais cervejarias, tivemos menos marcas em circulação no ano passado. Pela primeira vez desde 2008, o número de registros de produtos de cerveja totalizou 8.459, uma queda de 15% em comparação ao ano anterior. Ainda assim, os apreciadores podem escolher entre os 33.963 produtos registrados atualmente.

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De qualquer forma, a atividade cervejeira no Brasil avançou dentro da perspectiva de projeção menos otimista feita em 2019. Naquele ano, verificou-se que o crescimento no número de estabelecimentos evoluiu a uma taxa média de 19,6% nos últimos vinte anos, 26,6% se analisado o período dos últimos dez anos e 36,4% no período de cinco.

Apesar de um crescimento abaixo do esperado, o aumento do número de indústrias gera reflexos ao longo da cadeia. A imensa maioria das indústrias cervejeiras em operação no Brasil são pequenas e médias, que desenvolvem produtos de maior valor agregado, que optam por usar uma maior quantidade de lúpulo, planta responsável pelo amargor e aroma da bebida.

Nesse sentido, levantamento realizado pela Associação Brasileira de Produtores de Lúpulo, a área cultivada no Brasil no ano passado foi de 42 hectares, que produziram 24 toneladas. Apesar de modesta, a área representou um crescimento de 110% sobre o ano anterior. Santa Catarina é o Estado que tem maior percentual de produtores (27%), seguido por Rio Grande do Sul (22%), São Paulo (18%), Paraná (7%), Minas Gerais (6%) e Rio de Janeiro (5%).

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Depois de uma quebra de safra em 2020, produção de cevada deve voltar a crescer neste ano e se aproximar do recorde de 2019dfd

Outro insumo que compõe cerveja é a cevada, matéria-prima do malte, principal fonte de açúcares fermentáveis, que confere corpo, cor, aromas e sabores para a bebida. Para que possa ser utilizado, o cereal passa por processamento para produção do malte cervejeiro, que se dá em três etapas distintas: maceração, germinação e secagem.

Segundo a Embrapa Trigo, a produção de cevada em 2019 (429,4 mil toneladas) foi recorde no Brasil. Em 2020, em função de problemas climáticos no Rio Grande do Sul (déficit hídrico e geada tardia) e redução da área plantada devido às incertezas trazidas pela pandemia da Covid-19, a produção caiu para 374,4 mil toneladas. Em 2021, a expectativa é de recuperação, com produção esperada de 424,1 mil toneladas.

O Brasil é o terceiro maior produtor de cerveja do mundo, atrás apenas de China e Estados Unidos, segundo pesquisa publicada em 2020 pela Barth-Haas Group. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria da Cerveja (CervBrasil), a produção nacional é de aproximadamente 14 bilhões de litros por ano.

Alexandre Inacio

Jornalista brasileiro, com mais de 20 anos de carreira, editor da Bloomberg Línea. Com passagens pela Gazeta Mercantil, Broadcast (Agência Estado) e Valor Econômico, também atuou como chefe de comunicação de multinacionais, órgãos públicos e como consultor de inteligência de mercado de commodities.