Pouco investimento em energia limpa em países pobres ameaça metas climáticas

Recursos colocados no setor por mercados em desenvolvimento e emergentes caíram cerca de 20% desde 2016

Países em desenvolvimento representam dois terços da população mundial, mas apenas um quinto dos gastos globais com energia limpa
Por Will Mathis, Akshat Rathi
03 de Julho, 2021 | 06:43 PM

Bloomberg — Investimentos em energia limpa nessas economias devem crescer para mais de US$ 1 trilhão por ano até o final da década para cumprir as metas climáticas globais, após menos de US$ 150 bilhões em 2020, segundo um novo relatório da Agência Internacional de Energia.

Mercados em desenvolvimento e emergentes já viram queda nos investimentos anuais no setor de energia a cerca de 20% desde 2016. É um forte contraste com países europeus e os EUA, pioneiros na queima de combustíveis fósseis, mas que agora podem gastar muito mais para conter suas pegadas de carbono.

“Esta é a linha de falha mais crítica na luta internacional contra as mudanças climáticas”, disse o Diretor Executivo da IEA, Fatih Birol. Ele pediu aos líderes do Grupo dos Sete, que estão se reunindo em Cornwall, Inglaterra, no final desta semana, a se comprometerem a cumprir a meta estabelecida pelos países desenvolvidos signatários do Acordo de Paris para mobilizar US$ 100 bilhões por ano em financiamento climático para países em desenvolvimento. “Deveria ser o piso”, afirmou Birol. “As instituições financeiras internacionais podem ser o catalisador.”

Serão necessários trilhões de dólares para eliminar as emissões de transportes, edifícios e indústrias pesadas em todo o mundo. Líderes de nações ricas costumam argumentar que acelerar a transição para a energia verde pode ajudar a estimular suas economias locais, mas concentrar investimentos apenas em países ricos não será suficiente para eliminar as emissões.

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Os países em desenvolvimento representam dois terços da população mundial, mas apenas um quinto dos gastos globais com energia limpa. Sem aumentar significativamente esse investimento, estas nações serão responsáveis pela maior parte do aumento contínuo das emissões nas próximas décadas.

Concentrar investimentos na redução da poluição nos países ricos também é ineficiente. Custa a metade evitar uma tonelada métrica de emissões de CO₂ em um país em desenvolvimento do que em uma economia avançada, de acordo com a IEA. Isso ocorre em parte pois nações emergentes podem se concentrar diretamente em tecnologias mais limpas e eficientes, em vez de abandonar ou modernizar projetos poluentes já em andamento.

Ainda assim, o orçamento continua sendo uma barreira fundamental para a construção de novos projetos. Custos de financiamento em mercados emergentes são até sete vezes maiores do que nos EUA e Europa, e ainda maiores em setores considerados mais arriscados, como hidrogênio limpo. Isso torna difícil para os desenvolvedores vender dívidas ou garantir retornos lucrativos sobre os investimentos em energia limpa.

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O último relatório da IEA foi divulgado após a agência divulgar seus modelos que indicam que o mundo deve parar de investir em novos campos de petróleo, gás e carvão imediatamente para zerar as emissões líquidas até 2050.

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