Mais aviões e novas rotas: Iberia reforça o foco para crescer no Brasil e em LatAm

Companhia aérea espanhola busca se posicionar como alternativa de qualidade para passageiros que querem viajar para a Europa, o que inclui mais serviço de bordo e wi-fi gratuito, disse o COO global, Ramiro Sequeira, à Bloomberg Línea

Iberia Divulgação
18 de Novembro, 2025 | 05:05 AM

Bloomberg Línea — A companhia aérea espanhola Iberia aposta na América Latina para crescer nos próximos anos, com um plano que envolve o aumento da frota de aeronaves não só para ampliar o número de rotas mas também para consolidar o seu market share na região, afirmou o COO (Chief Operating Officer) Global da Iberia, Ramiro Sequeira, em entrevista à Bloomberg Línea.

O “Plano de Voo 2030”, que abrange a estratégia até 2033, prevê o aumento da frota do grupo de 47 para 70 aeronaves para servir a região, um acréscimo de quase 50%.

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“Grande parte é também para solidificar a posição em alguns aeroportos em que já atuamos, aumentando a frequência e a capacidade”, disse o executivo.

Segundo Sequeira, a companhia tem investido em particular nos voos de longa distância. “Somos a porta de entrada da Europa e do Caribe para a região. Queremos ser o número 1 na América Latina”, disse.

Globalmente, o grupo opera cerca de 150 destinos e em torno de 400 voos em parcerias (codeshare). A Iberia foi fundada em 1927 e conta atualmente com uma frota total de 163 aeronaves e 10.800 funcionários.

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Desde 2011, faz parte do International Airlines Group, que reúne também British Airways, Vueling, Aer Lingus e outras empresas.

Sequeira esteve em São Paulo para inaugurar o “Espaço Iberia”, uma espécie de “pop up store” montada na Rua Oscar Freire, nos Jardins, para promover a marca com experiências que vão de degustação de menus do serviço de bordo até simulação de voo. O espaço aberto ao público funciona até 30 de novembro.

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Segundo a diretora global de Marketing & Brand da Iberia, Gemma Juncá, a concepção do espaço foi criada durante a pandemia, quando as companhias aéreas de todo o mundo não podiam voar por questões de segurança sanitária.

Para continuar a treinar equipes e desenvolver menus, uniformes e serviços, entre outros, a companhia criou o espaço que se tornou uma pop up store.

“Nenhuma companhia tinha nada similar em 2022. Pensamos em colocar dentro da pop up store tudo o que os clientes gostam quando voam, incluindo a nossa cultura e a proposta gastronômica, que é muito forte na Espanha. A ideia é levar toda essa experiência”, disse a executiva à Bloomberg Línea.

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O projeto da Iberia passou por Madri, Bogotá, Cidade do México e Buenos Aires, o que, segundo a companhia, reforça a aposta do grupo na região latina.

Sequeira afirmou que os mercados latinos têm sido prioridade para o grupo ao longo da última década.

“Prova disso são os volumes de passageiros na ponte aérea América Latina-Europa, que atualmente estão em 5,5 milhões de passageiros”, disse.

Mercado brasileiro

A Iberia projeta encerrar o ano de 2025 com a oferta de mais de 590 mil assentos no Brasil, volume 27% superior ao registrado em 2024. Segundo a companhia, 80% desse aumento vem das novas rotas para Recife e Fortaleza, com três voos semanais cada, a partir de dezembro e janeiro de 2026.

O Brasil lidera o crescimento da companhia aérea em voos de longa distância, o que levou a Iberia a superar o desempenho de concorrentes que operam na mesma rota, segundo suas informações.

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Para 2026, o ritmo de expansão no país segue acelerado, com um aumento de 72.000 assentos ofertados no primeiro semestre em relação ao mesmo período deste ano, totalizando 365 mil lugares.

O início da estratégia para a região coincide, segundo Sequeira, com o momento que a Iberia passava no começo da década de 2010, o que levou à busca de uma fusão com a British Airways, concluída em 2011.

“A aposta na América Latina ocorre não só pelas questões cultural e histórica mas pelo momento em que a Iberia se transforma em busca de mais eficiência.”

Ele destacou que, não só na região, mas no mundo todo, o cenário está extremamente volátil.

“Diante de guerras, oscilação do combustível, do dólar, investimos em qualidade e também na transformação tecnológica para reduzir custos. Dessa forma, não seremos tão afetados porque nossa estrutura de custos é baixa.”

Ramiro Sequeira Iberia COO

A frota da Iberia é composta de aeronaves Airbus, e os novos pedidos também estão concentrados na fabricante francesa, que se posicionou nos últimos meses sobre a necessidade de mais motores para sua produção.

Sequeira disse que a Iberia tem “praticamente” garantidas as opções de compra previstas para o Plano de Voo 2030. “Isso nos dá estabilidade e perspectiva de futuro.”

O executivo acrescentou que, se por um lado os preços dos aviões e do leasing estão mais caros, a frota nova da companhia é, em média, 15% mais eficiente do que a antiga. “A conta é positiva porque esses aviões têm um desempenho muito mais eficiente do que alguns antigos que ainda temos.”

Ele citou como exemplo de eficiência a adoção do modelo A321 XLR nas rotas de Recife e Fortaleza para a Europa, cuja oferta de assentos é reduzida em relação ao modelo anterior (A330).

“[O avião atual] tem menos lugares, mas o XLR consome 30% menos do que o A330, que não viajaria cheio e, consequentemente teríamos um yield [valor médio pago por um passageiro por quilômetro] menor. Agora, temos a oportunidade de cruzar o Atlântico com um avião cheio e com 30% menos consumo de combustível.”

Oferta de cabines

Em um mercado em que algumas companhias reduzem a oferta de primeira classe globalmente, o COO da Iberia afirmou que o mix de cabines depende amplamente da origem e do destino dos voos.

Sequeira citou como exemplo a atuação das aéreas do grupo na rota Madri-Londres, com demanda pela classe executiva mais elevada na British Airways.

“A British está em Londres, cuja população, na média, tem um poder aquisitivo mais elevado”, explicou.

Sequeira afirmou que a Iberia tenta, constantemente, se ajustar às necessidades dos clientes.

“Além da business, criamos em 2017 uma categoria intermediária, a premium economy, para atender às demandas de diferentes setores”, disse.

“Mas parece estar claro que na Europa e na América Latina não tem sido tendência criar uma categoria acima da business, porque é o mercado que dita.”

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Por não se tratar de uma companhia aérea low cost, o executivo afirmou que os preços das tarifas da Iberia são influenciados, naturalmente, pela dinâmica de oferta e demanda.

“No que apostamos muito é na qualidade do serviço, o que não significa aumentar preço por isso. Para nós, isso significa pontualidade, comida, manutenção do interior [da aeronave], limpeza e, obviamente, a base disso tudo é a segurança.”

Na rota São Paulo-Madri, a aérea destacou que a oferta em todas as cabines é de dois serviços de alimentação a bordo, em vez de um em geral na concorrência.

Recentemente, a companhia anunciou uma parceria com a Starlink para oferecer conexão via satélite à internet durante todo o voo com a mesma qualidade de navegação que os passageiros teriam em casa, segundo prometeu, sem custo adicional. O serviço estará disponível para voos a partir de 2026.

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