Fundos de private equity entram com ação de US$ 750 mi contra Morgan Stanley

Certares Management e Knighthead Capital alegam ter sido enganadas em investimento de US$ 280 milhões em linha ferroviária; banco diz que ‘alegações não têm mérito’

Ação envolve o investimento em uma linha ferroviária nos Estados Unidos
Por Greg Farrell
19 de Setembro, 2023 | 06:58 AM

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Bloomberg — O Morgan Stanley (MS) foi processado em pelo menos US$ 750 milhões por empresas de private equity que alegam ter sido fraudadas em um acordo para investir em um contrato de crédito para uma luxuosa linha ferroviária de alta velocidade.

A Certares Management e a Knighthead Capital Management entraram com uma ação na segunda-feira (18) no tribunal estadual de Nova York, alegando que o Morgan Stanley teria reestruturado ilegalmente o acordo pelo qual elas investiram em um empréstimo para a Brightline Holdings, sediada em Miami.

Essa é uma empresa apoiada pelo Fortress Investment Group que atualmente desenvolve uma linha ferroviária Los Angeles-Las Vegas. A Brightline também é ré no processo.

Certares e Knighthead alegam que, no final de 2022 e início de 2023, o Morgan Stanley os convenceu a investir cerca de US$ 280 milhões no empréstimo, destacando uma cláusula de “recuperação” que lhes garantiria um determinado valor com base em juros futuros se a linha de crédito fosse paga antecipadamente. Eles alegam que o Morgan Stanley teria deturpado e ocultado os termos do acordo que foram usados para ratificar uma emissão de ações preferenciais por uma subsidiária da Brightline.

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O Morgan Stanley disse em um comunicado: “A empresa não acredita que as alegações tenham mérito e se defenderá vigorosamente”. A Brightline não respondeu a um pedido de comentário.

De acordo com o processo, a Certares e a Knighthead investiram no empréstimo da Brightline por meio de seu CK Opportunities Fund, administrado em conjunto, que foi lançado durante a pandemia para se concentrar em ativos em dificuldades no setor de viagens e turismo.

‘Não detectado por um mês’

As empresas alegam que o Morgan Stanley fez de tudo para ocultar as revisões do contrato de crédito original que permitia a emissão de ações, chegando a anexar uma página de assinatura anterior do CK para evitar mostrar as alterações.

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“Dada a ocultação do Morgan Stanley”, afirma o processo, a linguagem “passou despercebida por meses”.

A questão deveria ter acionado as cláusulas de compensação de pré-pagamento do acordo, afirmam as empresas. Elas estão pedindo uma ordem que exija que a Brightline pague antecipadamente o empréstimo e faça os pagamentos de recuperação.

A Brightline se descreve como a única ferrovia interurbana de propriedade e operação privadas nos EUA. Atualmente, ela opera entre Miami e West Palm Beach e deve estender o serviço até Orlando na sexta-feira.

A empresa espera inaugurar ainda este ano seu serviço na Costa Oeste, que, segundo ela, levará os passageiros do sul da Califórnia a Las Vegas em pouco mais de duas horas, a 186 milhas por hora (299,34 km/h).

De acordo com o processo, o Morgan Stanley foi motivado a fraudar a Certares e a Knighthead porque queria “se posicionar para futuros negócios lucrativos de banco de investimento com a Brightline Holdings e seus proprietários de capital privado na Fortress, inclusive por meio do tratamento de transações de dívida municipal para a Brightline Holdings, o que poderia gerar taxas consideráveis para o Morgan Stanley”.

A Certares também alega que sofreu retaliação do Morgan Stanley por se opor às ações do banco. De acordo com o processo, no mês passado o Morgan Stanley se recusou a participar de outro acordo de financiamento não relacionado com a Certares por causa da disputa com a Brightline.

“Esse tipo de retaliação é injusto e impróprio de uma instituição financeira global”, afirmam os autores da ação.

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