BC do Japão não esperava que alta de juros abalasse os mercados, mostra ata

Após a reunião da semana passada, as ações japonesas sofreram o maior tombo desde 1987 e o iene disparou

Na semana passada, o BoJ subiu a taxa básica para 0,25% e anunciou planos de reduzir pela metade o ritmo de flexibilização quantitativa
Por Yoshiaki Nohara
08 de Agosto, 2024 | 12:42 PM

Bloomberg — A ata da reunião de 31 de julho do Banco do Japão (BoJ) mostrou que os dirigentes esperavam que a política monetária permanecesse flexível mesmo após o aumento de juros, e que a mudança não seria grande o suficiente para impactar os mercados globais.

Na reunião, o banco central japonês elevou sua taxa básica de 0,1% para 0,25%, ao mesmo tempo em que anunciou planos para reduzir pela metade até o primeiro trimestre de 2026 o ritmo de flexibilização quantitativa, em que a autoridade monetária injeta liquidez no sistema por meio da compra mensal de títulos.

O chefe do BC, Kazuo Ueda, disse após a reunião que haveriam mais aumentos se as tendências de crescimento e inflação viessem conforme as projeções, o que foi interpretado como uma sinalização de uma postura mais restritiva.

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“Devemos observar que aumentar os juros em um ritmo moderado significa um ajuste no grau de acomodação monetária em linha com a inflação subjacente, o que não terá efeitos de aperto monetário”, disse um dos nove membros do conselho, segundo a ata divulgada nesta quinta-feira (8).

As ações japonesas sofreram o maior tombo desde 1987 e o iene disparou após a reunião, em meio a expectativas de aumentos de juros adicionais e temores de fraqueza da economia americana.

Em uma tentativa de tranquilizar os investidores, o vice-governador do Banco do Japão, Shinichi Uchida, disse na quarta-feira (7) que o BC não aumentará juros quando os mercados financeiros estiverem instáveis, o que impulsionou as ações e enfraqueceu o iene.

Outro comentário enfatizou que, mesmo com o aumento, as taxas de juros reais permaneceriam bem abaixo da taxa neutra, indicando uma visão de que a continuidade da política monetária ficaria intacta.

“Como o nível da taxa neutra parece estar em pelo menos cerca de 1%, para evitar aumentos rápidos na taxa básica, o banco precisa aumentar juros de forma oportuna e gradual”, disse um membro.

O ministro das Finanças do Japão, Shunichi Suzuki, disse em uma coletiva de imprensa nesta quinta-feira que vários fatores têm impulsionado os movimentos do mercado, e as negociações algorítmicas não podem ser descartadas como possível fator que levou à volatilidade nos mercados de ações do Japão nos últimos dias.

As autoridades estão monitorando de perto a volatilidade, mas não estão “em um estágio de fazer algo concreto”, disse Suzuki.

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Na ata, alguns dirigentes pediram uma abordagem cautelosa em um momento em que a economia continua frágil. A votação pelo aumento foi de 7 a 2.

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