De D.O.M. a Lasai: os 5 melhores restaurantes do Brasil, segundo o Guia Michelin

Rio e São Paulo têm 149 casas indicadas pela nova edição do guia; cinco tiveram a nota mais alta, mas nenhum estabelecimento recebeu a premiação máxima de três estrelas

Restaurante D.O.M., em São Paulo
Por Daniel Buarque
13 de Maio, 2025 | 10:56 AM

Bloomberg Línea — Nenhum restaurante do Brasil recebeu a mais alta distinção do prestigioso Guia Michelin, uma das marcas mais importantes em recomendações de gastronomia do mundo.

A seleção de 2025 do guia, com indicações de restaurantes apenas nas cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro, foi anunciada na noite de segunda-feira (12) e não apontou nenhuma casa três estrelas.

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A premiação é um reconhecimento de uma “cozinha fora do comum”, que “eleva a gastronomia ao nível da arte com pratos que, por vezes, estão destinados a tornar-se clássicos”, segundo os critérios do guia.

O Michelin também reduziu de seis para cinco o número de casas com duas estrelas, referente a restaurantes que têm comida “requintada e inspiradora”, em que “a personalidade e o talento do chef são evidentes”.

Segundo o guia, esses são os melhores restaurantes nas duas cidades e “valem a pena fazer um desvio” em uma viagem para conhecê-los. São eles D.O.M., Evvai e Tuju, em São Paulo; Lasai e Oro, no Rio de Janeiro.

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O Oteque, também do Rio, passou de duas para uma estrela. O guia não explicou a razão para a para a mudança.

A nova lista traz quatro novas casas que conquistaram sua primeira estrela. Segundo o guia, esse prêmio é atribuído a restaurantes que utilizam ingredientes de alta qualidade, “onde os pratos com sabores distintos são preparados com um padrão elevado e constante”.

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As casas estreladas no Rio e em São Paulo são 20. Estão ali as estreantes Casa 201 e Osseile, no Rio; e Kanoe e Ryo, em São Paulo. Alguns dos outros estrelados são Fame, Jun Sakamoto, Maní, Picchi e Cipriani.

No total, 149 estabelecimentos das duas cidades foram incluídos no guia, 18 estreantes na seleção geral e cinco novos nomes entre os chamados Bib Gourmand, que reconhecem a boa relação entre qualidade e preço.

Esta última lista ganhou cinco novos representantes, todos em São Paulo: A Casa do Porco, Cepa, Clandestina, Jacó e Manioca da Mata.

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Com isso, a cidade passa a ter 33 restaurantes com essa distinção, ante sete no Rio de Janeiro. O prêmio é visto como porta de entrada para a visibilidade Michelin, embora não garanta ascensão às categorias com estrela.

A manutenção do patamar máximo em duas estrelas mostra uma estabilidade na avaliação dos inspetores do guia, mas também sugere a estagnação do cenário gastronômico nacional na lógica da publicação.

Apesar da frustração de não ter nenhuma casa com a premiação máxima, o diretor internacional do guia defendeu que “o nível gastronômico do Brasil continua a demonstrar personalidade e constante progresso”, disse Gwendal Poullennec, em comunicado. “A cada ano, chefs que aplicam técnicas atuais tanto às receitas tradicionais quanto às mais inovadoras.”

Além dos estrelados, o guia também inclui restaurantes “recomendados”. Entre os 12 novos restaurantes dessa lista, oito estão em São Paulo: Cala del Tanit, Giulietta Carni, Goya Zushi, Le Jardin, Marena Cucina, Sal Gastronomia, Shin Zushi e Trattorita Evvai.

No Rio de Janeiro, as novidades foram Babbo Osteria, OCYÁ Ilha, Quinta da Henriqueta e Rufino Parrilla.

Essa categoria não conta com distinções formais como estrelas ou selos, mas representa uma validação do guia para casas que demonstram qualidade culinária consistente.

O Michelin atribuiu ainda três prêmios individuais nesta edição. Todos os contemplados são de São Paulo: Iago Jacomussi (Jacó) foi eleito Jovem Chef; Marcelo da Fonseca Lopes Costa (Evvai) venceu na categoria de Sommelier; e Rodrigo Cavalcante (Tuju) recebeu o prêmio de Serviço.

A Estrela Verde, criada para destacar boas práticas ambientais, continua a ser concedida apenas a três restaurantes — todos em São Paulo: A Casa do Porco, Corrutela e Tuju.

Nenhum novo nome foi incluído nessa categoria, o que pode indicar dificuldade de avaliação ou exigência elevada para ingressar nesse grupo. Na prática, essa distinção ainda tem alcance limitado e não interfere nas estrelas tradicionais.

O anúncio da seleção 2025 ocorre no ano em que o guia completa 125 anos desde sua primeira edição na França, consolidando sua estratégia de expansão de marca para além da Europa.

No Brasil, porém, o crescimento da cobertura permanece modesto e restrito às duas maiores cidades, que patrocinam a publicação.

Os melhores restaurante do Brasil em 2025, segundo o Guia Michelin

Restaurantes com duas estrelas:

  • D.O.M. (São Paulo)
  • Evvai (São Paulo)
  • Lasai (Rio de Janeiro)
  • Oro (Rio de Janeiro)
  • Tuju (São Paulo)

Restaurantes com uma estrela:

  • Casa 201 (Rio de Janeiro) - estreante
  • Fame Osteria (São Paulo)
  • Huto (São Paulo)
  • Jun Sakamoto (São Paulo)
  • Kan Suke (São Paulo)
  • Kanoe (São Paulo) - estreante
  • Kazuo (São Paulo)
  • Kinoshita (São Paulo)
  • Kuro (São Paulo)
  • Maní (São Paulo)
  • Mee (Rio de Janeiro)
  • Murakami (São Paulo)
  • Oizumi Sushi (São Paulo)
  • Osseile (Rio de Janeiro) - estreante
  • Oteque (Rio de Janeiro) - rebaixado de duas para uma estrela
  • Picchi (São Paulo)
  • Ristorante Hotel Cipriani (Rio de Janeiro)
  • Ryo (São Paulo) - estreante
  • San Omakase (São Paulo)
  • Tangará Jean-Georges (São Paulo)

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Daniel Buarque

Daniel Buarque

É doutor em relações internacionais pelo King’s College London. Tem mais de 20 anos de experiência em veículos como Folha de S.Paulo e G1 e é autor de oito livros, incluindo 'Brazil’s international status and recognition as an emerging power', 'Brazil, um país do presente', 'O Brazil é um país sério?' e 'O Brasil voltou?'