Bloomberg Línea — Nenhum restaurante do Brasil recebeu a mais alta distinção do prestigioso Guia Michelin, uma das marcas mais importantes em recomendações de gastronomia do mundo.
A seleção de 2025 do guia, com indicações de restaurantes apenas nas cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro, foi anunciada na noite de segunda-feira (12) e não apontou nenhuma casa três estrelas.
A premiação é um reconhecimento de uma “cozinha fora do comum”, que “eleva a gastronomia ao nível da arte com pratos que, por vezes, estão destinados a tornar-se clássicos”, segundo os critérios do guia.
O Michelin também reduziu de seis para cinco o número de casas com duas estrelas, referente a restaurantes que têm comida “requintada e inspiradora”, em que “a personalidade e o talento do chef são evidentes”.
Segundo o guia, esses são os melhores restaurantes nas duas cidades e “valem a pena fazer um desvio” em uma viagem para conhecê-los. São eles D.O.M., Evvai e Tuju, em São Paulo; Lasai e Oro, no Rio de Janeiro.
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O Oteque, também do Rio, passou de duas para uma estrela. O guia não explicou a razão para a para a mudança.
A nova lista traz quatro novas casas que conquistaram sua primeira estrela. Segundo o guia, esse prêmio é atribuído a restaurantes que utilizam ingredientes de alta qualidade, “onde os pratos com sabores distintos são preparados com um padrão elevado e constante”.
As casas estreladas no Rio e em São Paulo são 20. Estão ali as estreantes Casa 201 e Osseile, no Rio; e Kanoe e Ryo, em São Paulo. Alguns dos outros estrelados são Fame, Jun Sakamoto, Maní, Picchi e Cipriani.
No total, 149 estabelecimentos das duas cidades foram incluídos no guia, 18 estreantes na seleção geral e cinco novos nomes entre os chamados Bib Gourmand, que reconhecem a boa relação entre qualidade e preço.
Esta última lista ganhou cinco novos representantes, todos em São Paulo: A Casa do Porco, Cepa, Clandestina, Jacó e Manioca da Mata.
Com isso, a cidade passa a ter 33 restaurantes com essa distinção, ante sete no Rio de Janeiro. O prêmio é visto como porta de entrada para a visibilidade Michelin, embora não garanta ascensão às categorias com estrela.
A manutenção do patamar máximo em duas estrelas mostra uma estabilidade na avaliação dos inspetores do guia, mas também sugere a estagnação do cenário gastronômico nacional na lógica da publicação.
Apesar da frustração de não ter nenhuma casa com a premiação máxima, o diretor internacional do guia defendeu que “o nível gastronômico do Brasil continua a demonstrar personalidade e constante progresso”, disse Gwendal Poullennec, em comunicado. “A cada ano, chefs que aplicam técnicas atuais tanto às receitas tradicionais quanto às mais inovadoras.”
Além dos estrelados, o guia também inclui restaurantes “recomendados”. Entre os 12 novos restaurantes dessa lista, oito estão em São Paulo: Cala del Tanit, Giulietta Carni, Goya Zushi, Le Jardin, Marena Cucina, Sal Gastronomia, Shin Zushi e Trattorita Evvai.
No Rio de Janeiro, as novidades foram Babbo Osteria, OCYÁ Ilha, Quinta da Henriqueta e Rufino Parrilla.
Essa categoria não conta com distinções formais como estrelas ou selos, mas representa uma validação do guia para casas que demonstram qualidade culinária consistente.
O Michelin atribuiu ainda três prêmios individuais nesta edição. Todos os contemplados são de São Paulo: Iago Jacomussi (Jacó) foi eleito Jovem Chef; Marcelo da Fonseca Lopes Costa (Evvai) venceu na categoria de Sommelier; e Rodrigo Cavalcante (Tuju) recebeu o prêmio de Serviço.
A Estrela Verde, criada para destacar boas práticas ambientais, continua a ser concedida apenas a três restaurantes — todos em São Paulo: A Casa do Porco, Corrutela e Tuju.
Nenhum novo nome foi incluído nessa categoria, o que pode indicar dificuldade de avaliação ou exigência elevada para ingressar nesse grupo. Na prática, essa distinção ainda tem alcance limitado e não interfere nas estrelas tradicionais.
O anúncio da seleção 2025 ocorre no ano em que o guia completa 125 anos desde sua primeira edição na França, consolidando sua estratégia de expansão de marca para além da Europa.
No Brasil, porém, o crescimento da cobertura permanece modesto e restrito às duas maiores cidades, que patrocinam a publicação.
Os melhores restaurante do Brasil em 2025, segundo o Guia Michelin
Restaurantes com duas estrelas:
- D.O.M. (São Paulo)
- Evvai (São Paulo)
- Lasai (Rio de Janeiro)
- Oro (Rio de Janeiro)
- Tuju (São Paulo)
Restaurantes com uma estrela:
- Casa 201 (Rio de Janeiro) - estreante
- Fame Osteria (São Paulo)
- Huto (São Paulo)
- Jun Sakamoto (São Paulo)
- Kan Suke (São Paulo)
- Kanoe (São Paulo) - estreante
- Kazuo (São Paulo)
- Kinoshita (São Paulo)
- Kuro (São Paulo)
- Maní (São Paulo)
- Mee (Rio de Janeiro)
- Murakami (São Paulo)
- Oizumi Sushi (São Paulo)
- Osseile (Rio de Janeiro) - estreante
- Oteque (Rio de Janeiro) - rebaixado de duas para uma estrela
- Picchi (São Paulo)
- Ristorante Hotel Cipriani (Rio de Janeiro)
- Ryo (São Paulo) - estreante
- San Omakase (São Paulo)
- Tangará Jean-Georges (São Paulo)
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