Além do digital: por que esta influencer decidiu abrir uma loja nos Jardins

Bloomberg Línea — Parcerias entre empresas de cosméticos e influencers para lançamentos de maquiagens eram raras há pouco mais de dez anos, mas a jornalista e empresária Bruna Tavares encontrou seu próprio caminho para crescer nesse segmento.

“Meu primeiro batom tinha o nome do meu blog, o Pausa para Feminices. Vendi 2.000 unidades e era tudo o que tinha. Mas eu não queria o dinheiro dos royalties. Pedi mais batons para usar como cartão de visita para aumentar a visibilidade do blog. Meu primeiro pagamento foi em batom”, lembrou em entrevista à Bloomberg Línea.

Tavares mandou os batons para outras influenciadoras testarem o produto. “Queria fazer relacionamento, fiz muitos contatos”, contou.

De lá para cá, com o sucesso do blog, Bruna Tavares acertou diferentes parcerias, lançou sua marca própria e hoje está em 4.000 pontos físicos. Vende cerca de 500 mil produtos por mês – incluindo o site próprio – e gerencia diretamente uma equipe de 60 pessoas. Conta com 3,3 milhões de seguidores no Instagram. E, em 2022, figurou na lista das 500 personalidades mais influentes da América Latina, publicada pela Bloomberg Línea.

Sua mais recente conquista foi chegar à rua Oscar Freire, um dos endereços mais luxuosos do país, no bairro dos Jardins, em São Paulo. Com um investimento de R$ 4,5 milhões, Tavares inaugurou na última semana sua primeira loja física, batizada de BT House. Com 192 m² e 900 produtos, a influenciadora acredita que o espaço proporciona o que o digital não pode oferecer.

“O alcance que a BT House terá é algo que não conseguimos calcular. A autoridade e a visibilidade que a marca vai conquistar vão contribuir muito para o nosso faturamento”, avaliou. Hoje, a marca fatura de R$ 18 milhões a R$ 22 milhões por mês.

Segundo a empresária, clientes poderão experimentar produtos, verificar as embalagens, tirar fotos e gravar vídeos em áreas “instagramáveis”. “Temos um grupo programando caravana do Brasil todo para vir conhecer a BT house”, disse. A expectativa é que a BT House fature R$ 1 milhão por mês neste ano.

Controle da narrativa

Se por um lado ampliar os canais de distribuição é crucial para um produto chegar a mais consumidores, por outro existem riscos. Tavares notou que itens de outras marcas começaram a aparecer nos seus displays e consumidores passaram a associar seus produtos aos de outras influenciadoras, entre outras questões.

“Como minha marca está em muitos pontos de venda, com a BT House quero retomar o controle de narrativa no ponto físico, como eu fiz no digital. Temos um DNA muito específico e queremos que clientes memorizem a marca.”

Ela afirmou que o tíquete médio da marca é R$ 250. Em sua avaliação, trata-se de maquiagens de efeito profissional, mas com custo acessível. “Trazemos fórmulas do Japão, da Itália, dos Estados Unidos. Nossa formulação é feita fora com matéria-prima toda importada”, afirmou.

Tavares quer que sua primeira loja física seja um espaço de imersão, como se fosse um “parque de diversão”. “Na pandemia, clientes aprenderam a comprar tudo no digital. Entendemos que, para levar as pessoas para o ponto físico, é preciso criar uma grande experiência.”

Internacionalização

A empresária não descarta a internacionalização da marca, mas, por ora, o foco continua sendo a BT House e os licenciamentos.

Segundo ela, a parceria com a Disney para uma linha de maquiagens fez com que a sua marca acelerasse a área de laboratório. “Todos os produtos da Disney têm que estar preparados para o mercado internacional. Estamos [trabalhando] com dois laboratórios agora”, afirmou.

O plano, segundo a empresária, é desenvolver uma linha exclusiva Bruna Tavares para o mercado internacional. “Quero que a linha tenha DNA brasileiro, com cara de produto brasileiro. Temos ideias ousadas, mas isso deve ficar para 2024″, estimou.

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