Apple compra Disney e Netflix? Caixa de US$ 165 bi cria onda de especulações

Empresa mais valiosa do mundo é alvo de boatos sobre potenciais aquisições diante de desaceleração do crescimento, o que contrasta com seu histórico de disciplina de capital

A Walt Disney Co. se tornou o alvo da vez de investidores que especulam o que a Apple poderia comprar com seu caixa (Patrick T. Fallon/Bloomberg)
Por Jeran Wittenstein - Ryan Vlastelica
06 de Abril, 2023 | 01:24 PM

Bloomberg — O crescimento lento da Apple (AAPL) e o caixa de centenas de bilhões de dólares estão novamente alimentando especulações de que a empresa mais valiosa do mundo deveria fazer uma grande aquisição.

A gigante do entretenimento Walt Disney (DIS) juntou-se recentemente a uma longa lista de possíveis alvos de aquisição que, ao longo dos anos, cresceu para incluir Netflix (NFLX), Tesla (TSLA), Peloton (PTON) e Sonos. Todos eles têm uma coisa em comum: qualquer um que apostou que a Apple iria comprá-los até agora colheu apenas um resultado: a decepção.

“Você provavelmente está não entendendo o valor de um negócio se pensa que o principal catalisador para o investimento é uma grande aquisição”, disse Kevin Walkush, gerente de portfólio da Jensen Investment Management. “É uma aposta de baixa probabilidade.”

A Apple é famosa por evitar aquisições extravagantes, em contraste com concorrentes como a Microsoft (MSFT) e Amazon (AMZN), que continuaram a fazer negócios apesar do crescente escrutínio dos reguladores.

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Apple: histórico de gastos limitados com M&A, ao contrário de alguns de seus pares na indústria de tecnologia - Investimentos em aquisições na última décadadfd

Em vez disso, a Apple prefere comprar pequenas startups para aumentar seus esforços domésticos em novos mercados, mesmo que eles demorem muitos anos para dar frutos.

Com as ações da Apple voltando a se valorizar novamente em 2023, é improvável que a fabricante do iPhone esteja mudando de sua estratégia histórica. As ações subiram 25% em 2023, superando seus pares de megacap pelo segundo ano consecutivo. Nas últimas duas décadas, a Apple teve um retorno anual médio de 39%, incluindo dividendos. O S&P 500, em comparação, está em 10%.

“Não fazer um grande negócio não os afetou e, se não está quebrado, não conserte”, disse Gregg Abella, diretor executivo da Investment Partners Asset Management, que detém ações da companhia. “Estou satisfeito que a Apple tenha muita disciplina a esse respeito.”

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Maior compra até hoje: US$ 3 bilhões

A maior compra da Apple em sua história foi a aquisição de US$ 3 bilhões da Beats Electronics em 2014. Para efeito de comparação, a aquisição pendente da fabricante de videogames Activision Blizzard pela Microsoft está avaliada em US$ 69 bilhões.

Mesmo com o crescimento da receita da Apple projetado para desacelerar para 2% no ano fiscal de 2023, a empresa parece estar fazendo ainda menos na frente de aquisições.

Ela gastou US$ 306 milhões em aquisições de empresas no ano fiscal de 2022, abaixo do US$ 1,5 bilhão no ano fiscal de 2020. No trimestre mais recente, a Apple removeu o item de linha em suas finanças que representava tal atividade.

Apesar de ausência de aquisições, Apple volta a superar os seus pares na bolsa neste começo de 2023dfd

Em vez de gastar dinheiro em negócios, a Apple devolve grande parte de seu excesso de caixa aos acionistas por meio de recompra de ações e dividendos. Essas despesas totalizaram mais de US$ 100 bilhões no ano fiscal de 2022 e ainda havia US$ 165 bilhões em caixa, equivalentes a caixa e títulos negociáveis, em 31 de dezembro.

Para Logan Purk, analista da Edward Jones, a Apple tem sido tão bem-sucedida ao fazer aquisições menores e incrementais que um negócio maior levantaria muitas preocupações.

“Se a Apple tentasse fazer um grande negócio que estivesse fora de sua estratégia – não complementar, realmente mudando sua história –, isso me deixaria preocupado”, disse Purk em entrevista. “Estaria tão fora de seu curso normal de ação que você teria que perguntar por quê.”

- Com a colaboração de Mark Gurman, Nick Turner, Matt Turner e Subrat Patnaik.

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