Índice Airbnb: o que a alta de 40% da ação revela sobre a demanda por viagens

Valorização neste ano da ação da companhia de hospedagens ganha força nesta quarta; gigantes Expedia e Booking acumulam alta da ordem de 30%

Turistas em praia na Tailândia: Airbnb espera crescimento de 20% nas viagens na plataforma no primeiro trimestre
Por Michael Tobin
15 de Fevereiro, 2023 | 09:25 AM

Bloomberg — As ações do Airbnb (ABNB) subiram 9,5% nas negociações antes da abertura do mercado em Nova York nesta quarta-feira (15), depois que as perspectivas de vendas da empresa superaram as estimativas dos analistas, sinalizando uma demanda robusta por viagens após um ano recorde em 2022.

A empresa de compartilhamento de casas e pousadas com sede em São Francisco, nos Estados Unidos, disse esperar vendas de US$ 1,75 bilhão a US$ 1,82 bilhão nos três meses encerrados em março, superando com folga a projeção média dos analistas de US$ 1,68 bilhão.

O Airbnb espera que o número de noites e experiências reservadas cresça perto do mesmo ritmo de 20% do quarto trimestre.

A empresa disse na terça-feira (14) que as comparações do trimestre atual com o mesmo período de 2022 são mais fáceis devido ao impacto da variante ômicron e da guerra na Ucrânia, que pesou nos negócios nesta época do ano passado.

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No acumulado do ano, as ações do Airbnb sobem mais de 40%, superando as gigantes de viagens online Expedia Group e Booking Holdings, que sobem cerca de 31% e 23%, respectivamente. Na terça-feira (14), o Airbnb fechou em alta de 3,8%, a US$ 120,87, em Nova York.

Demanda resiliente

A demanda permanece resiliente até agora este ano, com os viajantes reservando viagens com mais antecedência, disse o diretor financeiro Dave Stephenson em uma teleconferência com analistas. “Isso mostra que as pessoas se sentem confiantes de que podem reservar para a temporada de viagens de verão.”

A perspectiva otimista seguiu o que já era um desempenho robusto em 2022. O Airbnb disse que teve lucro líquido de US$ 1,9 bilhão no último ano, marcando seu primeiro ano completo lucrativo de acordo com os princípios contábeis geralmente aceitos.

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No quarto trimestre, a receita da companhia aumentou 24%, para US$ 1,9 bilhão, superando a estimativa média dos analistas de US$ 1,86 bilhão, segundo dados compilados pela Bloomberg. O lucro por ação foi de US$ 0,48.

O Airbnb tem sido um dos principais beneficiários das mudanças no trabalho e no estilo de vida provocadas pela pandemia. A empresa registrou sua maior receita e o trimestre mais lucrativo de todos os tempos no período de julho a setembro, impulsionado pela demanda reprimida de viagens após dois anos de restrições impostas pela covid-19.

Agora, a empresa está começando a ver algumas das tendências das quais se beneficiou — como pessoas alugando grandes casas rurais por semanas ou meses – se revertendo, e os viajantes optando por estadias mais curtas em grandes cidades e mais destinos internacionais.

Os altos preços das companhias aéreas e uma potencial desaceleração econômica iminente também estão aumentando as considerações dos consumidores ao avaliar uma viagem. Mas isso não parece estar afastando os viajantes ainda, já que a empresa disse que “a confiança do consumidor para viajar continua alta”.

Os resultados do Airbnb seguem os da Expedia, que também estava otimista sobre o trimestre atual e disse que as reservas de hospedagem em janeiro cresceram 20% em relação à pré-pandemia de 2019.

A Expedia, no entanto, apresentou receita e lucro que decepcionaram analistas no quarto trimestre, como resultado do furacão Ian e das tempestades de inverno em dezembro.

Nos três meses encerrados em dezembro, o Airbnb registrou 88,2 milhões de noites e experiências reservadas, um aumento de 20% em relação ao ano anterior, mas abaixo da estimativa média dos analistas de 90,1 milhões.

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O Airbnb disse que o trimestre teve o maior número de reservas ativas até agora, “demonstrando a empolgação dos hóspedes em viajar no Airbnb, apesar da evolução das incertezas macroeconômicas”.

Hosts e reservas

Mais hosts também estão se juntando à plataforma. Excluindo as listagens da China, a empresa encerrou o ano passado com 6,6 milhões de listagens ativas, um aumento de 900.000 em relação a 2021.

Segundo a companhia, foram adicionadas no período mais oferta de moradias, lançamentos de recursos e ferramentas que tornam mais fácil para novos anfitriões anunciarem suas casas. Também fez parceria com grandes proprietários de apartamentos que permitem que seus inquilinos aluguem seus apartamentos e recebam uma parte da reserva.

“Acho que este é um programa que vai crescer muito”, disse o CEO Brian Chesky na teleconferência, acrescentando que é um movimento estratégico para a empresa desenvolver relacionamentos com alguns dos maiores proprietários de imóveis nos Estados Unidos.

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As estadias de longa duração, ou com duração igual ou superior a 28 dias, representaram 21% das reservas brutas no quarto trimestre, valor semelhante ao do período homólogo do ano anterior.

Esse tipo de estadia se tornou popular durante a pandemia, pois os trabalhadores encontraram uma nova flexibilidade para trabalhar remotamente, muitas vezes procurando locais em pequenas cidades e montanhas.

As noites brutas reservadas em áreas urbanas de alta densidade, tradicionalmente a parte mais forte dos negócios do Airbnb, aumentaram 22% no quarto trimestre. O Airbnb também disse que viu as viagens transfronteiriças para todas as regiões aumentarem em relação ao ano anterior.

Uma mudança de volta para destinos mais urbanos também significa uma diária média mais baixa do que os aluguéis de casas inteiras popularizados durante a pandemia.

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A empresa disse que espera que as diárias médias no primeiro trimestre sejam mais suaves do que no ano passado, uma tendência que continuará até o final de 2023.

Parte disso pode ser atribuído à transparência de preços e descontos da empresa, disse o Airbnb, que espera gerar “maior acessibilidade para os hóspedes”.

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