Morgan Stanley e Goldman apontam que queda nos lucros é o maior risco para ações

Salto da inflação e o aumento das taxas de juros até agora foram foco de preocupação dos investidores, e é provável que continue assim, segundo analistas

Analistas do banco enxergam lucros encolhidos em 2023
Por Farah Elbahrawy
12 de Dezembro, 2022 | 11:13 AM

Bloomberg — A divulgação dos dados de inflação nos Estados Unidos e a decisão do Federal Reserve (Fed) desta semana podem estar no centro das atenções da maioria dos investidores, mas, para alguns dos maiores estrategistas de Wall Street, a possibilidade de cortes futuros dos lucros é a maior preocupação para o mercado acionário.

De acordo com relatórios de Michael Wilson, do Morgan Stanley (MS), e David Kostin, do Goldman Sachs (GS), os lucros podem encolher mais do que o esperado em 2023, com as margens sob pressão, criando um cenário difícil para as bolsas.

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“O capítulo final deste ‘bear market’ é sobre a trajetória das estimativas de lucro, que estão altas demais”, escreveu Wilson, em nota divulgada nesta na segunda-feira (12). A leitura do índice de preços ao consumidor e a reunião do Fed são “notícias de ontem”, disse o estrategista, que ficou em primeiro lugar como o mais conceituado na pesquisa mais recente da Institutional Investor.

Tanto Wilson quanto Kostin veem um começo desafiador para o mercado acionário em 2023, após um ano em que muitos dos principais índices entraram no campo negativo antes do rali deste quarto trimestre. O salto da inflação e o aumento das taxas de juros até agora foram foco de preocupação dos investidores, e é provável que continue assim, pelo menos no curto prazo.

Nesta quarta-feira (14), o Fed deve elevar a taxa básica em 0,5 ponto percentual, para um intervalo entre 4% e 4,5% – o maior nível desde 2007 –, e sinalizar mais aumentos no início de 2023. Um dia antes, na terça-feira (13), o índice de preços ao consumidor de novembro tende a mostrar desaceleração, apesar de permanecer em um nível muito alto para ser considerado confortável.

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O S&P 500 recuou 3,4% na semana passada devido ao receio de que a força da economia dos EUA deverá manter o Fed em sua trajetória de aperto da política monetária, o que colocaria o índice de referência na rota de seu pior ano desde 2008.

Olhando para o futuro, Wilson espera um ambiente muito desafiador para os resultados corporativos em 2023, pois “os custos permanecerão elevados e os preços recebidos pelas empresas cairão”. O estrategista do Goldman Sachs tem uma visão semelhante, dizendo que as margens podem pesar mais nas estimativas do que o projetado. A equipe de Kostin não espera ganhos para os lucros e tampouco para o S&P 500 no próximo ano.

O Goldman vê o benchmark encerrando o ano aos 4.000 pontos, enquanto Wilson espera que o índice feche 2022 aos 3.900 pontos, praticamente em linha com os níveis atuais.

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E, enquanto uma pesquisa informal com 134 gestores de fundos conduzida pela Bloomberg News mostrou que alguns dos maiores investidores globais preveem que os índices acionários terão aumentos de dois dígitos no próximo ano, nem todos estão convencidos desse cenário.

“Muitos investidores têm uma perspectiva mais baixista para o mercado de renda variável do que nós”, escreveu Kostin. Embora projete um “pouso suave” em 2023, os retornos das ações serão piores do que o esperado se a economia dos EUA entrar em recessão, disse.

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