Maduro busca legitimidade internacional ao participar da COP27

Até pouco tempo, líder da Venezuela era persona non grata nos círculos internacionais, após EUA e outras nações cortarem laços com governo

Viagem ao Egito foi a primeira vez que ele participou de um evento patrocinado pela ONU desde 2018
Por Ezra Fieser e Nicolle Yapur
11 de Novembro, 2022 | 02:54 PM

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Bloomberg — Por anos, o líder venezuelano Nicolás Maduro se limitou aos confins do palácio presidencial em Caracas enquanto os Estados Unidos o isolavam no exterior. Esta semana, porém, ele percorreu a cúpula climática da ONU no Egito, aproximando-se sorridente de presidentes e posando para fotos.

Ele trocou palavras cordiais com o presidente francês Emmanuel Macron, apertou a mão do enviado dos Estados Unidos, John Kerry, e se juntou a outros líderes mundiais para uma foto em grupo. Embora o Departamento de Estado dos EUA tenha dito que o encontro com Kerry não foi planejado e que Maduro abordou outros líderes no evento, o aparato de mídia estatal da Venezuela foi rápido em transmitir as imagens.

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Até pouco tempo, ele era persona non grata nos círculos internacionais, após os EUA e dezenas de outras nações cortarem laços com seu governo e apoiarem seus oponentes. Maduro agora usa as imagens para projetar um ar de legitimidade no cenário diplomático e de normalidade em casa.

“A foto é uma coisa fundamental para Miraflores”, disse Felix Arellano, professor de relações internacionais da Universidade Central da Venezuela, referindo-se ao palácio presidencial em Caracas.

Caracas pode usar as fotos, disse Arellano, para transmitir uma imagem de aceitação mundial de Maduro, mesmo que a Venezuela não tenha intenção de abrir mão de sua agenda política e ideológica e seguir as regras das organizações internacionais.

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Atualmente, Maduro, de 59 anos, está mais disposto a se aventurar fora de Caracas e enviar seus principais assessores a eventos internacionais.

A viagem ao Egito foi a primeira vez que ele participou de um evento patrocinado pela ONU desde 2018. No início deste ano, ele visitou alguns países do Oriente Médio e da Europa para fortalecer os laços com aliados. No mês passado, ele caminhou pelas ruas de uma pequena cidade na Venezuela que havia sido devastada por dias de inundações, abraçando moradores e prometendo reconstruir sua cidade.

Ele despachou um de seus principais deputados, o presidente da Assembleia Nacional Jorge Rodrigues, à França para participar do Fórum da Paz de Paris que começa sexta-feira. No passado, o governo de Macron, que organiza o fórum, havia chamado Maduro de ditador e apoiado o líder da oposição Juan Guaidó como líder interino do país.

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