Mercado avalia que Meirelles seria opção ‘menos assustadora’ para a Fazenda

Economista-chefe da Necton, André Perfeito, aponta que possível indicação de Henrique Meirelles, ou outro nome ligado ao mercado, pode aliviar pressão nos ativos

Um dos nomes mais cotados pelo mercado é o do ex-presidente do Banco Central e ex-ministro da Fazenda, Henrique Meirelles
31 de Outubro, 2022 | 03:34 PM

Bloomberg Línea — A reação do mercado nesta segunda-feira (31), com queda para as principais empresas estatais e uma oscilação no Ibovespa (IBOV), pode ser passageira até o mercado terminar de “lamber as feridas” e os investidores olharem para o próximo governo como “não tão assustador assim”, disse André Perfeito, economista-chefe da Necton Investimentos, em live promovida pela Bloomberg Línea.

Segundo o economista, os mercados reagem agora eliminando os últimos traços da incerteza do cenário eleitoral anterior, para então entrar em questionamentos sobre o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a partir do próximo ano - como a composição do ministério da Economia, por exemplo.

“Me parece que passado esses dois primeiros dias, Lula deve começar a colocar ‘o bloco na rua’, nomear ministros, falar de projetos. Isso pode animar o mercado. Se o Lula coloca um nome amigável ao mercado, por exemplo o [ex-ministro da Fazenda] Henrique Meirelles, isso pode animar os investidores.”

Lula derrotou o atual presidente Jair Bolsonaro (PL) neste domingo por uma margem apertada de votos. Durante toda a campanha, o petista não deu detalhes sobre os planos para a condução econômica do país, reservando para anunciar o nome do próximo mandatário da Economia para depois das eleições.

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Em 2002, o petista levou cerca de 44 dias para anunciar o nome de Antonio Palocci como então ministro da Fazenda (como era chamado o ministério da Economia anteriormente), revelando o nome dele e de outros ministros apenas no dia 12 de dezembro.

Um dos nomes mais cotados pelo mercado é o do ex-presidente do Banco Central e ex-ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, que fez acenos políticos relevantes nas últimas semanas e que seria uma personalidade de agrado dos investidores do mercado por conta da linha de condução mais liberal da economia.

Responsável pela implementação do teto de gastos, em 2016, Meirelles já declarou apoio a uma reforma administrativa como prioridade para abrir espaço fiscal para medidas econômicas.

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Rafael Cortez, cientista político e sócio da Tendências Consultoria, aponta que outra possibilidade é a indicação de um nome político, ligado ao PT, apesar dos sinais colocados nas últimas aparições do ex-ministro durante o período eleitoral.

“Pensando nessa versão amigável ao mercado, seria o ex-ministro Meirelles. Vimos recentemente não só o apoio formal à candidatura Lula, como também um comportamento nas redes sociais, no mínimo, colocando como ‘eu toparia’.”

Meirelles, de 77 anos, se juntou no dia 19 de setembro a um grupo de outros sete ex-candidatos presidenciais de vários partidos políticos que apoiaram a candidatura de Lula antes do primeiro turno, em 2 de outubro. Na ocasião, o real liderou os ganhos entre as 16 principais moedas monitoradas pela Bloomberg News, enquanto o Ibovespa subiu 2,33%, aos 111.823 pontos, também acompanhando a alta em Nova York.

Ana Siedschlag

Editora na Bloomberg Línea. Jornalista brasileira formada pela Faculdade Cásper Líbero e especializada em finanças e investimentos. Passou pelas redações da Forbes Brasil, Bloomberg Brasil e Investing.com.