Brasília em Off: o medo da equipe de Lula sobre um segundo turno

Temor é de que excesso de confiança no primeiro turno leve a uma perda de ânimo e desmobilização do eleitorado na segunda votação

Pesquisas eleitorais seguem no radar em meio à proximidade das eleições presidenciais
Por Martha Beck
24 de Julho, 2022 | 04:36 PM

Bloomberg — Integrantes da campanha do PT têm demonstrado preocupação com o salto alto de aliados do ex-presidente Lula, que apostam na definição da eleição ainda em primeiro turno.

O temor é que, com tanta confiança em uma vitória logo no primeiro turno, caso a disputa siga para o segundo, poderia haver uma perda de ânimo e uma desmobilização do eleitorado, o que acabaria fortalecendo o presidente Jair Bolsonaro (PL).

Tumultuar

Aliados de Bolsonaro no centrão avaliam que o presidente ganhará algum terreno na corrida eleitoral por conta da economia. Contam com um arrefecimento da inflação, com a queda dos preços da gasolina e com algum aumento de popularidade, ainda que limitado, decorrente de medidas como a elevação do Auxílio Brasil e o pagamento de voucher para os caminhoneiros.

O problema hoje, avaliam os aliados, é o próprio presidente, que insiste em questionar as urnas eletrônicas em vez de focar na economia. O comentário de alguns caciques próximos de Bolsonaro é que ele parece não querer realmente ganhar a eleição e sim apenas tumultuar o processo eleitoral.

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Conta barata

Separar R$ 16 bilhões do Orçamento de 2022 para emendas de relator foi uma conta barata que o governo teve que pagar para o presidente da Câmara, Arthur Lira, segundo integrantes da equipe econômica.

Lira, afirma um deles, trabalhou para aprovar propostas que eram de interesse do governo no Congresso. Salgada mesmo, diz a fonte, foi a fatura cobrada pelo ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia, que, em 2020, pediu R$ 30 bilhões em emendas de relator para fazer oposição ao governo.

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Emendas na mira

As emendas de relator estão entre os alvos que a equipe econômica quer atingir caso Bolsonaro seja reeleito e decida prorrogar o Auxílio Brasil de R$ 600. O argumento será que, para pagar essa conta adicional, será preciso cortar de outro lado.

É claro que, se nada mais funcionar, pode-se esperar mais um furo no teto de gastos. Esse mecanismo terá que ser reformado de qualquer maneira a partir de 2023, afirma um integrante da equipe econômica.

O teto foi feito para impedir o governo de gastar, mas acaba limitando operações que, na prática, não são gastos, como retirar recursos de reservas de um banco no exterior para fazer aporte em um organismo multilateral. O governo tem tido dificuldades, por exemplo, para capitalizar o banco dos BRICs por causa disso.

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