China deleta postagens e censura documentos sobre boicote a empréstimos

Arquivos compartilhados em plataformas como Zhihu, equivalente ao Quora, e em sites como Kdocs e Wolai, foram banidos, segundo usuários

A informação também oferecia um indicador para investidores globais e bancos, como Nomura e Citigroup, para medir a escala dos protestos.
Por Bloomberg News
16 de Julho, 2022 | 09:30 AM

Bloomberg — A China está censurando documentos na internet que contabilizam o número de boicotes de hipotecas que se espalham pelo país e constituem uma importante fonte de dados para investidores e pesquisadores globais que acompanham a crise imobiliária.

Arquivos compartilhados em plataformas como Zhihu, equivalente ao Quora, e em sites como Kdocs e Wolai, foram banidos após relatos de que o número de compradores de imóveis que se recusam a pagar as prestações disparou em poucos dias. O GitHub, um site popular de compartilhamento de arquivos para programadores, continua sendo usado.

O compartilhamento de arquivos forneceu um campo de batalha importante para os mutuários que estão evitando as prestações de apartamentos que não foram construídos a tempo. A informação também oferecia um indicador para investidores globais e bancos, como Nomura e Citigroup, para medir a escala dos protestos.

Os credores têm dito que a inadimplência no financiamento imobiliário está sob controle. Mas o aumento nos incidentes alimenta preocupações de que os problemas do setor - que se concentraram em grande parte nas incorporadoras após uma repressão do governo ao excesso de alavancagem - afetarão os grandes bancos e a classe média da China, que tem 70% de seu patrimônio atrelado a imóveis.

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“Este é um protesto político” disse Diana Choyleva, economista-chefe da Enodo Economics, em entrevista à Bloomberg Television. “Não vai ser uma crise bancária. Mas é potencialmente uma crise de confiança e que o Partido Comunista Chinês teme tremendamente.”

As informações compartilhadas nas plataformas incluíam nomes de projetos parados e imagens de cartas de compradores declarando que se recusavam a pagar. A página do GitHub sobre o tópico foi marcada com estrela ou como favorita por mais de 14.000 usuários.

Mutuários reclamam que suas contas de mídia social no Douyin, semelhante ao TikTok, e no Weibo, semelhante ao Twitter, também foram banidas. Alguns compradores que pediram para não serem identificados disseram que foram contatados pela polícia.

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Postagens no WeChat e Weibo contendo gráficos sobre os boicotes de hipotecas ou atrasos em projetos foram excluídas. Entre eles estava uma análise de 13 de julho feita pela China Real Estate Information Corp., que mostrava que os mutuários suspenderam o pagamento de prestações de pelo menos 100 projetos em mais de 50 cidades.

A agência reguladora de internet chinesa não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

Os boicotes de hipotecas alarmaram os investidores, arrastando para baixo as ações e títulos de empresas imobiliárias, incluindo a China Vanke e a Country Garden Holdings, bem como os papéis dos maiores credores do país. Um índice de ações dos bancos chineses caiu 7,7% nesta semana, a maior perda em quatro anos.

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