Banco anunciou a contratação de 4 mil funcionários da área de tecnologia
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Bloomberg Opinion — Após a recessão de 2008, grandes e estabelecidos empregadores corporativos saíram de moda. Suas culturas obsoletas ficaram para trás e pareciam presas em um ciclo infinito de demissões e reestruturações. As startups passaram a atrair novas gerações de trabalhadores. As mesas de pebolim, os pufes no hall e seus valores modernos atenderam às sensibilidades e prioridades dos jovens.

Em 2022, o jogo começou a virar, à medida que o mercado de trabalho em geral permanece forte, mas as perspectivas para as empresas startups ficam incertas. É um momento esplêndido para trabalhar para uma grande empresa.

Se sua carreira gira em torno de startups, é compreensível que você possa estar pessimista sobre a economia. Após um boom de uma década, a maioria das startups de tecnologia que abriram o capital nos últimos dois anos agora têm ações negociadas abaixo de seu preço de cotação. Os investidores do Vale do Silício esperam que isso prejudique a capacidade de as startups (principalmente as não lucrativas) levantarem fundos, então eles estão dizendo às empresas para se prepararem para uma contração. Foram mais de 15 mil demissões no setor de tecnologia anunciadas em maio.

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A mesma fraqueza não se mostra presente no mercado de trabalho mais amplo; na verdade, é difícil ver quaisquer sinais de fraqueza. A economia dos EUA acrescentou 390 mil empregos em maio, impulsionada pela força nos setores industriais, empregos corporativos e por uma melhoria nas contratações governamentais. A indústria varejista perdeu 60 mil empregos, talvez devido a algumas das questões de estoques com as quais o setor lida à medida que os consumidores transferem seus gastos de bens para serviços. Portanto, eu diria que o número 390 mil realmente subestima a força do relatório. O site de vagas Indeed mantém um registro dos anúncios de vagas, que continuam abundantes, mesmo para cargos de desenvolvimento de software.

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Veja um exemplo dessa nova direção: um banco antigo como o Citigroup (C) tem uma necessidade crescente de trabalhadores de tecnologia em um momento em que a Exchange de criptomoedas Coinbase (COIN) está com dificuldades O Citigroup anunciou esta semana que está contratando mais 4 mil trabalhadores do setor de tecnologia enquanto busca modernizar a maneira como faz negócios. Por sua vez, a Coinbase está no meio de uma suspensão nas contratações, pois seus negócios sofrem com a queda ampla das criptomoedas. A Coinbase pode ser a empresa mais popular que gastou US$ 14 milhões em um anúncio do Super Bowl, mas tem apenas 5 mil funcionários; o anúncio de contratação do Citigroup equivale a 80% de toda a força de trabalho da Coinbase.

A atual dinâmica do mercado de trabalho deve levar os funcionários a questionar qual caminho oferece mais oportunidades e segurança no longo prazo. Embora algumas startups tenham sucesso independentemente da economia, muitas ainda precisam de mais tempo e dinheiro para desenvolver seus negócios. Essa captação de recursos ficou mais difícil à medida que as startups são vistas como uma classe de ativos desfavorecida e os investidores ficam mais céticos.

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Enquanto isso, os empregadores corporativos convencionais vem aumentando constantemente seus salários e benefícios na última década para serem mais competitivos com o Vale do Silício.

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A demografia da força de trabalho que pode escolher entre empregos em startups ou grandes empresas também mudou desde o início de 2010. Essa onda de jovens trabalhadores millennials que ficava nos escritórios da WeWork ou em incubadoras de tecnologia há uma década está na casa dos 30 anos e, em muitos casos, têm filhos, hipotecas e previdência privada a serem considerados. Receber um salário mais alto e estável, em vez de opções de ações, e ter uma boa previdência e plano de saúde se torna mais atraente quando você está chegando à meia-idade.

Portanto, não há necessidade de os trabalhadores se prenderem à ansiedade e negatividade que emanam do Vale do Silício atualmente. Essas empresas tiveram uma década fenomenal, mas empresas mais enfadonhas em outras partes do país também têm necessidades de pessoal, principalmente em tecnologia. Elas estão prontíssimas para aproveitar qualquer fraqueza no setor de tecnologia, mesmo que dure pouco. E, em muitos casos, provavelmente também será melhor para os trabalhadores.

Esta coluna não reflete necessariamente a opinião do conselho editorial ou da Bloomberg LP e de seus proprietários.

Conor Sem é colunista da Bloomberg Opinion. É fundador da Peachtree Creek Investments e pode ter conflito de interesses nas áreas em que faz cobertura.

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--Este texto foi traduzido por Bianca Carlos, localization specialist da Bloomberg Línea.

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