Bloomberg — Mais de um milhão de contêineres destinados a percorrer 9,6 mil quilômetros de ferrovias que ligam a Europa Ocidental ao leste da China por meio da Rússia agora precisam encontrar novas rotas marítimas, o que eleva custos e ameaça piorar o caos logístico global.
Com a guerra entre Rússia e Ucrânia, exportadoras e empresas de logística que transportam autopeças, carros, laptops e smartphones agora procuram evitar rotas terrestres que passam pela Rússia ou pela zona de combate.
Os riscos de segurança e os obstáculos ao pagamento por conta de sanções vem aumentando, assim como a desconfiança de que os clientes na Europa possam boicotar produtos que passem por ferrovias russas.
A Kuehne + Nagel International, uma das maiores empresas de fretes da Europa, já rejeita cargas ferroviárias da China para a Europa, de acordo com Marcus Balzereit, vice-presidente sênior para Ásia-Pacífico da empresa com sede na Suíça. Algumas empresas estão se voltando para o transporte marítimo, disse Glenn Koepke, gerente geral da FourKites, uma provedora de tecnologia para o setor de logística com sede em Chicago.
:quality(70)/cloudfront-us-east-1.images.arcpublishing.com/bloomberglinea/7KPGZYUQ3GBX2ZYMBPFUQW3DWQ.jpg)
O conflito está aumentando o congestionamento em alguns dos maiores portos, pressionando ainda mais as cadeias de suprimentos globais que ainda sofrem com a escassez de mão de obra induzida pela pandemia. Balzereit disse que uma combinação de soluções marítimas pode ajudar algumas montadoras e fabricantes de eletrônicos de alta tecnologia a evitar interrupções na produção, apesar do aumento nos custos.
“Em momentos como este, é mais importante que as empresas recebam suas mercadorias, mesmo que o custo do transporte seja mais alto”, disse Um Kyung-a, analista de transporte da Shinyoung Securities em Seul. “É mais importante para elas manterem sua produção.”
A partir de março, o volume de exportação de trens com destino à Europa a partir do porto de Dalian foi “bastante reduzido”, segundo relato do Securities Times do grupo de mídia chinês People’s Daily. Os embarques haviam apresentado crescimento médio de mais de 70% nos dois primeiros meses do ano. Representantes da China Railway não quiseram comentar.
:quality(70)/cloudfront-us-east-1.images.arcpublishing.com/bloomberglinea/C3H4UC2QTSBU7HF5ODWARYGUJQ.png)
As conexões ferroviárias entre China e Europa foram estabelecidas ao longo da última década como parte do projeto Rota da Seda do Presidente Xi Jinping, que mais tarde se transformou na iniciativa “Belt and Road”. É uma mistura ambiciosa de política externa e estratégia econômica para estender a influência do país por todos os continentes.
No ano passado, essas rotas entre China e Europa movimentaram cerca de 1,46 milhão de contêineres, transportando mercadorias avaliadas em cerca de US$ 75 bilhões, cerca de 4% do comércio total entre os dois lados, segundo estimativas da Bain & Co.
Veja mais em Bloomberg.com
Leia também
- Dólar desaba para R$ 4,85 e Ibovespa firma alta apesar de pressão externa
- Fed agressivo derruba bolsa? História mostra resiliência de ações globais
©2022 Bloomberg L.P.