Quase 90% dos brasileiros mudaram hábitos pela inflação, diz estudo

Em 2021, a inflação medida pelo IPCA teve alta de 10,06%, acima do teto da meta e do esperado pelo mercado

Além de novos hábitos, 93% expressaram preocupação em pagar integralmente contas e empréstimos.
17 de Fevereiro, 2022 | 04:36 PM

Bloomberg Línea — O aumento da inflação e a crise decorrente da pandemia de coronavírus têm impactado as finanças dos brasileiros e levou muitos a mudarem seus hábitos de consumo nos últimos meses. É o que mostra a pesquisa “Consumer Pulse” realizada pela TransUnion, empresa global de informações e insights.

De acordo com o estudo, referente ao quarto trimestre de 2021, mais de oito em cada dez consumidores (82%) expressaram preocupação com a taxa atual de inflação, com 88% indicando que estavam fazendo mudanças em seu comportamento de compra por conta do novo cenário.

Além disso, o percentual de consumidores impactados que indicaram terem que reduzir os gastos ilimitados das famílias nos últimos três meses de 2021 aumentou para 75%, passando de 67%, no terceiro trimestre, e de 64% no primeiro levantamento de 2021.

No acumulado de 2021, a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) teve alta de 10,06%, acima do teto da meta e do esperado pelo mercado.

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Para 2022, a estimativa de economistas, segundo o mais recente relatório Focus, do Banco Central é de alta de 5,50% do IPCA. As projeções, contudo, seguem aumentando a cada semana.

Bolso apertado

Segundo a pesquisa da TransUnion, quase metade (48%) dos participantes disseram que foram afetados monetariamente no último trimestre de 2021.

Entre eles, 93% expressaram preocupação com sua capacidade de pagar integralmente contas e empréstimos. Já 56% indicaram que não seriam capazes de pagar integralmente pelo menos uma de suas contas e empréstimos atuais.

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De acordo com o “Consumer Pulse”, sinais de melhora foram encontrados na maioria das classes sociais, mas um percentual significativo de consumidores ainda enfrenta dificuldades financeiras.

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  • No grupo das famílias de menor renda (que o estudo considera como receita mensal inferior a R$ 1 mil), 69% indicaram terem sido afetadas monetariamente no último trimestre de 2021, ante 72% e 75% no terceiro e primeiro trimestre de 2021, respectivamente.
  • Nas famílias de renda média (com receita mensal entre R$ 1 mil e R$ 5 mil), 53% indicaram dificuldades financeiras no trimestre, ante 54% e 57% anteriormente.
  • Nas famílias de renda média-alta (com receita mensal entre R$ 5 mil e R$ 10 mil), 32% relataram terem sido impactados, contra 38% no terceiro trimestre e 35% no primeiro trimestre de 2021.
  • Já nas famílias com maior renda (com renda acima de R$ 10 mil), 38% disseram ter sentido impacto negativo financeiramente, em linha com os trimestres anteriores.

Metodologia

A pesquisa, feita de forma online entre os dias 1 e 10 de novembro de 2021, contou com a participação de 1.034 pessoas com mais de 18 anos que residem no Brasil.

O estudo foi conduzido pela TransUnion em parceria com o provedor de pesquisa terceirizado Qualtrics®️ Research-Services, e as entrevistas foram feitas por meio de um método de pesquisa painel online, em uma combinação de computador, celular e tablet.

As perguntas foram administradas em inglês e português. Todas as regiões do Brasil foram representadas nas respostas da pesquisa.

“Para garantir a representatividade da amostra da população geral entre os dados demográficos dos residentes brasileiros, a pesquisa incluiu cotas para equilibrar as respostas nas dimensões de idade, gênero, renda familiar, raça e região”, diz a TransUnion, em nota.

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Mariana d'Ávila

Editora assistente na Bloomberg Línea. Jornalista brasileira formada pela Faculdade Cásper Líbero, especializada em investimentos e finanças pessoais e com passagem pela redação do InfoMoney.