Oncoclínicas, com queda de 49% desde IPO, anuncia troca de CEO

Controlada pelo Goldman Sachs, rede de clínicas de tratamento contra o câncer substituiu Luís Natel por Bruno Ferrari, fundador da empresa e dono de 2,77% do capital

Abertura de capital da Oncoclínicas foi celebrada com toque de campainha no último dia 10 de agosto
22 de Outubro, 2021 | 02:57 PM

São Paulo — A ação da rede mineira de clínicas de tratamento contra o câncer Oncoclínicas, controlada pelo banco americano Goldman Sachs, cravou, nesta sexta-feira (22), a menor cotação desde sua estreia no pregão da B3, no último dia 10 de agosto. O papel foi negociado na mínima de R$ 10,10 (queda de 5,95%), acumulando desvalorização de 49% em relação ao preço fixado em sua oferta inicial (IPO) , que foi de R$ 19,75. O volume de negócios de ONCO3 está acima do normal, girando mais de R$ 29 milhões, por volta de 14h.

Na última terça-feira, a companhia anunciou uma troca de CEO. Luís Natel deixou o cargo e foi substituído pelo médico Bruno Ferrari, fundador do grupo. Natel, que também presidia o conselho de administração, vai continuar na empresa como um senior advisor.

Em relatório, assinado por Tito Labarta, Tiago Binsfeld e Beatriz Abreu, comentando a alteração no comando da empresa, o Goldman Sachs destacou que a saída de Natel do cargo de CEO foi por razões pessoais e que ele tem um acordo de não concorrência com a companhia, uma situação que “pode criar certa incerteza”, disse o banco, que avaliou que a experiência de Ferrari vai manter a estratégia da empresa. O Goldman Sachs manteve sua recomendação de compra para a ação da Oncoclínicas, com preço-alvo de R$ 26 (12 meses).

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Segundo dados da B3, dois fundos de investimentos do Goldman Sachs (Josephina II e Josephina) possuem 48,13% e 13,94% do capital da Oncoclínicas, respectivamente. O free float (ações em circulação no mercado) da empresa é de 27,27%.

As mudanças no comando da Oncoclínicas não param por aí. Rodrigo Medeiros, atual diretor geral de operações da companhia, assumirá a posição de vice-presidente executivo. Os demais diretores passarão a reportar para ele, que por sua vez reportará ao CEO. Medeiros foi CEO da CSS (Cell Site Solutions), empresa que atua com infraestrutura de telecomunicações, fundada pelo Goldman Sachs e, posteriormente, adquirida pelo grupo global IHS Towers. Ele também ocupou cargos de diretor executivo em empresas como Elektro (hoje parte do grupo Neoenergia) e Rossi Residencial.

Aquisição

No último dia 4 de outubro, outro relatório do Goldman Sachs comentou a aquisição de 84% do Complexo Hospitalar Uberlândia (UMC) por R$ 412,7 milhões (incluindo R$ 73 milhões em dívida líquida), com opção de comprar os 16% restantes no quarto aniversário da transação, que incluiu ainda a UMC Imagem e o Instituto do Coração do Triângulo Mineiro.

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O banco considerou que a aquisição irá ampliar o alcance da companhia aos centros de tratamento de câncer para oferecer serviços adicionais além de oncologia clínica. Na avaliação do Goldman Sachs, isso também favorece avanço da companhia na sua estratégia de se tornar líder em atendimento oncológico no Brasil.

No início do mês, a companhia também celebrou memorando de entendimentos vinculante para a aquisição de 100% do capital da Unity Participações, dona de clínicas oncológicas com 24 unidades em cinco Estados e no Distrito Federal. A transação, caso concluída, marca a entrada do grupo na região Norte (Estado do Amazonas), além de aumentar sua presença no Distrito Federal e nos Estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Espírito Santo, Pernambuco.

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Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 25 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.