Investidor pausa preocupação com EUA, mas inflação segue no encalço

Na newsletter de hoje: Bolsas internacionais operam voláteis, no aguardo de dados sobre emprego nos EUA. Preços de matérias-primas de energia também são acompanhados de perto por ameaças à inflação

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Bom dia! Este é o Breakfast, uma newsletter diária da Bloomberg Línea.

Agora é certo: os senadores democratas e republicanos finalmente chegaram a um acordo para aumentar em US$ 480 bilhões o teto da dívida os Estados Unidos até o início de dezembro. Apesar de ser um alívio de curta duração, a medida elimina um foco de preocupação nos mercados internacionais.

A medida, que aliviaria o risco imediato de um calote, ainda precisa de uma votação na Câmara, que deve analisar o caso na próxima semana. Ainda assim, os investidores devem trabalhar de forma reticente. Os primeiros negócios do dia nas bolsas europeias e com futuros de índices nos Estados Unidos mostravam volatilidade, com índices caminhando em direções contrárias, mas logo os índices se acomodaram em território negativo.

Veja mais: Senado dos EUA elimina ponto de pressão, mas mercado externo deve seguir volátil

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E o que está no radar do mercado?

  • Os dados sobre o desemprego e a criação de vagas nos Estados Unidos, que serão divulgados hoje pelo Departamento do Trabalho. Os números podem indicar ao mercado os cenários possíveis para a política monetária que será aplicada pelo Federal Reserve.
  • O movimento dos preços de matérias-primas energéticas como o petróleo, o gás natural e o carvão. Ontem, os preços do gás exibiram uma queda superior a 10% na Europa, refletindo os sinais de que a Rússia poderia fornecer mais gás para o continente.
Em contexto: Os efeitos da disparada de preços nas últimas semanas já começam a aparecer na inflação. Um aumento desmesurado nos preços destas commodities poderia prejudicar a recuperação econômica global e afetar negativamente a renda disponível das famílias e as margens de lucro corporativas.
  • A toada dos bancos centrais mundiais: quando reduzirão seus programas de recompra de títulos – medida que ajudou a estimular suas economias – e como equalizarão as taxas de juros? Ontem o Banco Central Europeu (BCE) divulgou a ata de sua reunião de setembro, onde o principal destaque foi que a maioria dos membros expressou que a previsão de inflação para 2023 (1,5%) é muito baixa. Houve diferentes opiniões sobre como calibrar as compras de ativos do programa emergencial do BCE, sendo que alguns membros declararam sua preferência por uma atuação “mais substancial”.
  • O rendimento dos bônus do Tesouro norte-americano de 10 anos alcançou o nível mais alto desde junho. Parte da volatilidade no mercado de renda variável nas últimas semanas tem a ver com a necessidade de as bolsas aprenderem a conviver com taxas juros dos títulos mais caras e commodities a um preço mais elevado.
  • Futuros americanos operam em baixa: Dow Jones (-0,01%), S&P 500 (-0,03%) e Nasdaq (-0,09%)
  • As bolsas asiáticas fecharam com valorização, com Tóquio/Nikkei 225 (+1,34%) e Hong Kong/Hang Seng (+0,55%) e Xangai (+0,67%).
  • Por aqui, ontem o Ibovespa fechou com ligeira alta de 0,02%, aos 110.585 pontos. O dólar terminou com 0,48% de alta, a R$ 5,51.

Direto de Brasília e outros lugares

  • O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva já está cumprindo agenda pública de pré-candidato. Ontem, ele reuniu-se com catadores de material reciclável, em Brasília, e levou consigo o secretário de Meio Ambiente do Distrito Federal, Zequinha Sarney (ex-ministro e filho do ex-presidente). Na véspera, o petista jantou com a ala do MDB do Senado.
  • Depois que o centrão operou para Paulo Guedes depor em plenário, a especulação sobre a permanência do ministro no governo voltou com força. Deputados que apóiam o presidente querem que o ministro, além de explicar a offshore, indique quais são as medidas para a retomada do emprego e redução da inflação pretende por em prática.
  • Nobel da Paz de 2021 vai para jornalistas Maria Ressa, das Filipinas, e Dmitri Muratov, da Rússia.
  • O Brasil deve alcançar hoje a marca de 600 mil mortos pela Civid-19. Ontem, morreram 438 pessoas (-18% na média móvel dos últimos sete dias) e o total de vítimas chegou a 599.865. A vacinação avança: 72% da população adulta tomaram ao menos uma dose e 46% já estão completamente imunizados.

Enquanto você dormia

Preços da gasolina estão pesando nos gastos dos motoristas (Patricia Monteiro/Bloomberg)
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  • Os brasileiros têm mais um problema hoje em dia na lista de sofrimentos provocados pela pandemia: está cada vez mais difícil pegar um Uber. Os preços da gasolina, que dispararam quase 40% na comparação com um ano atrás para mais de R$ 7 por litro em algumas cidades, estão pesando nos gastos dos motoristas e fazendo com que muitos desistam de trabalhar no maior mercado do Uber fora dos EUA.
  • O combustível mais caro responde pela maior parte da inflação no Brasil, agora em mais de 10% ao ano pela primeira vez desde 2016.
  • Muitos motoristas estão fora das ruas até que os custos diminuam. Outros estão fazendo movimentos mais permanentes: vendendo seus carros ou devolvendo veículos alugados em busca de outras fontes de renda. Em São Paulo, maior cidade da América Latina e uma das mais movimentadas do mundo para o Uber, 25% dos motoristas da plataforma e da concorrente 99, da chinesa Didi Global, pararam de trabalhar desde o início da pandemia, segundo a Associação dos Motoristas de Aplicativos de São Paulo, a Amasp.
  • Os problemas do Uber são apenas um dos muitos causados pela escalada dos preços dos combustíveis na América Latina. No Brasil, o presidente Jair Bolsonaro tem enfrentado a ameaça constante de uma greve de caminhoneiros insatisfeitos com o aumento do custo do diesel, bem como uma queda na popularidade à medida que o gás de cozinha ficou mais caro. No México, o presidente Andres Manuel Lopez Obrador recentemente impôs limites aos preços do gás de cozinha, o que levou a inflação ao dobro da meta do banco central.
  • Também é um problema global. À medida que a pandemia arrefece e as pessoas voltam ao trabalho, os preços da energia estão subindo em todos os lugares, com os fornecedores lutando para atender à demanda. Os postos de gasolina secaram em todo o Reino Unido, enquanto a China está devorando os combustíveis disponíveis antes do que deve ser um inverno gelado.
  • A perda de motoristas do Uber e os tempos de espera mais longos por um carro irritaram os passageiros em todo o mundo. As despesas relacionadas aos esforços da empresa sediada em San Francisco para atrair de volta os trabalhadores foram as principais contribuições para suas perdas maiores que o esperado no segundo trimestre.

Importante saber

  • O Senado dos EUA aprovou um aumento no teto da dívida de curto prazo, quebrando um impasse que se arrastou por semanas e que abalou os mercados financeiros. A votação passou por 50 votos a 48, sem nenhum republicano a favor da medida que apenas empurra a disputa em relação ao limite da dívida do governo americano por menos de dois meses. O aumento de US$ 480 bilhões na autorização de empréstimos estatutários deve terminar por volta de 3 de dezembro.
  • O Peru apertou a política monetária pelo terceiro mês consecutivo depois que a inflação atingiu sua taxa mais alta em 12 anos e a volatilidade política turvou as perspectivas para a moeda. O banco central elevou sua taxa básica de juros em meio ponto percentual, para 1,5%, correspondendo à mediana das previsões de economistas consultados pela Bloomberg.
  • África do Sul, México e Brasil estão entre os países, cujos residentes não precisam mais de uma quarentena em hotel de 10 dias, na chegada ao Reino Unido, como informou o Departamento de Transporte, na quinta-feira (7). Apenas sete países - todos da América Latina - permanecerão na chamada lista vermelha depois que as mudanças entrarem em vigor, na segunda-feira (11).
  • O Google vai proibir anúncios e parar de financiar conteúdos midiáticos que neguem o consenso científico sobre as mudanças climáticas, outra tentativa da gigante da Internet de erradicar conspirações ambientais que alimenta há anos. A nova proibição se aplica a comerciais que a empresa coloca online, bem como a sites e vídeos do YouTube que exibem anúncios do Google.
  • A indústria de carvão ainda está recebendo financiamento suficiente para permitir investimentos significativos no combustível fóssil mais poluente do mundo, segundo relatório do grupo climático alemão Urgewald. Quase metade das 1.030 empresas pesquisadas no estudo planeja desenvolver novas usinas ou minas de carvão ou nova infraestrutura de transporte da commodity.

Destaques da Bloomberg Línea

Opinião Bloomberg

Inverno no Hemisfério Norte pode ser mais gelado e a culpa é das mineradoras de cripto. Consumo de energia das mineradoras de criptomoedas deve chegar a 91 terawatts-hora, o que equivale, aproximadamente, ao consumo do Paquistão.

As manchetes dos jornais

Agenda do dia

Indicadores Brasil: IPCA de setembro (9h00); Posições líquidas de especuladores no relatório da CFTC (16h30)


Indicadores EUA: Payroll (9h00); Taxa de desemprego (9h00)


Pra não ficar de fora

O Google, da Alphabet Inc., vai proibir anúncios e parar de financiar conteúdos midiáticos que neguem o consenso científico sobre as mudanças climáticas, outra tentativa da gigante da Internet de erradicar conspirações ambientais que alimenta há anos.

A nova proibição se aplica a comerciais que a empresa coloca online, bem como a sites e vídeos do YouTube que exibem anúncios do Google. Inclui qualquer conteúdo que negue as contribuições humanas para o aquecimento global ou trate “a mudança climática como uma farsa ou fraude”, disse o Google em uma postagem de blog na quinta-feira. O gigante de internet anunciou mudanças em alguns de seus produtos e serviços relacionados com a sustentabilidade:

Michelly Teixeira

Michelly Teixeira

Periodista con más de 20 años como editora y reportera. En sus 13 años de España, trabajó en Radio Nacional de España/RNE y colaboró con una agencia de noticias internacional. En Brasil, pasó por las redacciones de Valor, Agencia Estado y Gazeta Mercantil. Tiene MBA en Finanzas, postgrado en Marketing y el Master en 'Digital Business' de ESADE.

Igor Sodré

Igor Sodré

Jornalista com formação pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, com experiência na cobertura de cultura e economia, tendo como foco mercado financeiro e companhias. Passou pela Bloomberg News e TradersClub.

Ana Siedschlag

Ana Carolina Siedschlag

Editora na Bloomberg Línea. Jornalista brasileira formada pela Faculdade Cásper Líbero e especializada em finanças e investimentos. Passou pelas redações da Forbes Brasil, Bloomberg Brasil e Investing.com.

Graciliano Rocha

Graciliano Rocha

Editor da Bloomberg Línea no Brasil. Jornalista formado pela UFMS. Foi correspondente internacional (2012-2015), cobriu Operação Lava Jato e foi um dos vencedores do Prêmio Petrobras de Jornalismo em 2018. É autor do livro "Irmã Dulce, a Santa dos Pobres" (Planeta), que figurou nas principais listas de best-sellers em 2019.