Falta de mão de obra deixa fazendas britânicas com suínos em excesso

Agronegócio recorre a todas as instalações disponíveis para abrigar os animais, de estábulos a galpões de armazenamento

Uma iminente crise de dióxido de carbono no Reino Unido pode provocar escassez de carne suína em supermercados britânicos
Por Megan Durisin
21 de Setembro, 2021 | 01:18 PM

A falta de mão de obra em abatedouros do Reino Unido deixa fazendas de suínos abarrotadas com 95 mil animais em excesso, e uma iminente escassez de dióxido de carbono poderia agravar ainda mais o problema.

Agricultores recorrem a todas as instalações disponíveis para abrigar os animais, de estábulos a galpões de armazenamento de batatas, disse Zoe Davies, diretora-presidente da Associação Nacional de Suínos. Mas a solução não é de longo prazo, e uma série de fatores que afetam a indústria ao mesmo tempo - como o Brexit, a pandemia e a escassez de gás - resultaram em uma “tempestade perfeita” de más condições, disse.

Nick Allen, CEO da Associação Britânica dos Processadores de Carne, disse à Bloomberg TV na segunda-feira que 80% dos suínos e aves no Reino Unido são abatidos com o uso de CO2 e há pouca margem para mudar o processo para suínos, pois o método é considerado o mais adequado. O dióxido de carbono é um derivado da produção de fertilizantes, e algumas fábricas do insumo têm sido fechadas devido à crise energética.

“Se perdermos CO2, não poderemos operar, e a consequência será que esses animais vão ficar na fazenda. É quase impensável”, disse Allen. “Na pior das hipóteses, se o CO2 acabar, cerca de quatro ou cinco dias depois, as prateleiras ficarão vazias de carnes suína e de aves britânicas. Será rápido assim.”

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ASSISTA: Uma iminente crise de dióxido de carbono no Reino Unido pode provocar escassez de carne suína em supermercados britânicosFonte: Bloombergdfd

O secretário de Negócios do Reino Unido, Kwasi Kwarteng, disse ao Parlamento na segunda-feira que trabalha com o Departamento de Meio Ambiente, Alimentos e Assuntos Rurais e com o Tesouro para ajudar a aliviar o déficit de CO2.

“Estamos ansiosos para levar adiante planos muito em breve para garantir fornecimento consistente e regular de CO2”, disse Kwarteng em resposta a perguntas sobre a crise da oferta de gás natural no Reino Unido, o que elevou os preços.

No entanto, suinocultores já reduziram o número de porcas reprodutoras em cerca de 5%, embora demore cerca de 9 a 10 meses para que a medida reduza os plantéis, segundo Davies. O grupo classificou a situação como a pior crise do setor em duas décadas, e a Associação Britânica dos Processadores de Carne alertou que produtores poderiam ter que sacrificar os animais nas fazendas se os problemas de CO2 não forem resolvidos rapidamente.

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“Estão muito assustados, porque simplesmente não sabem qual será o final do jogo”, disse Davies.

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