Bloomberg Línea — O principal índice da bolsa de São Paulo conseguiu reverter o movimento de queda forte visto na véspera, com investidores aproveitando as barganhas, e opera em alta no início do pregão desta quinta-feira (9). Os mercados pegam carona no clima positivo das bolsas norte-americanas, mas ainda observam as questões domésticas em segundo plano, entre elas as tensões políticas entre o presidente Jair Bolsonaro e os demais poderes - que acende o alerta sobre tramitações de reformas no Congresso -, potencializada pelo discurso do líder do Executivo nas manifestações de 7 de setembro e com os bloqueios de estradas promovidos por caminhoneiros em diversos estados.
Destaque para a curva de juros, que subia com força e em bloco após o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) mostrar uma aceleração de 0,83% em agosto, a maior para o mês desde o ano 2000, puxado majoritariamente pelos combustíveis.
Com a alta generalizada dos preços, o mercado começa a avaliar uma possível atuação mais forte do que o esperado do Banco Central na próxima reunião de política monetária, em 21 e 22 de setembro.
- O contrato do DI para janeiro de 2025 avançando 18 pontos-base para 10,230%.
- Já o dólar futuro caía 0,92%, a R$ 5,2723, apagando parte da forte alta da véspera, com as moedas emergentes pares operando mistas no exterior
- O Ibovespa subia 0,34%, a 113.793 pontos perto das 11h10
- Petrobras (PETR4) e bancos eram os maiores pesos negativos do índice, com a petroleira recuando 0,72% e Bradesco (BBDC4), 0,85%. Na ponta oposta, B3 (B3SA3) era a maior contribuição positiva, subindo 2,06%
- Nos EUA, Nasdaq subia 0,29%, S&P 500 0,25% e o Dow Jones, 0,38%
Contexto do dia
O IPCA divulgado nesta quinta acumula alta de 5,67% no ano e de 9,68% nos últimos 12 meses imediatamente anteriores, segundo informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
- Segundo o instituto, oito dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados subiram em agosto, com destaque para os transportes, que teve a maior alta de preços.
Para Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, apesar de a surpresa ter sido em itens pouco sensíveis às políticas monetárias, impulsionados por problemas climáticos e/ou geopolíticos, “a dinâmica inflacionária não permite que surpresas sejam sistematicamente altista, em função do alto patamar”
- Ele aposta em uma aceleração da alta dos juros pelo BC, com a Selic subindo 125bps na próxima reunião.
O mercado segue monitorando ainda a movimentação dos caminhoneiros nas estradas brasileiras, que podem representar um risco ainda maior para a inflação, já que pode gerar consequências como desabastecimento. Em alguns estados, já há relatos de problemas de falta de combustível e filas longas nos postos.
Enquanto isso, lá fora, o número de americanos que deu entrada em pedidos de seguro-desemprego na última semana teve a maior queda desde o final de junho, à medida que o mercado de trabalho continua em plena recuperação.
Os pedidos iniciais de seguro-desemprego em programas regulares do governo diminuíram para 310.000 na semana encerrada em 4 de setembro, segundo dados do Departamento do Trabalho.
Leia também
Energia solar nos EUA precisaria quadruplicar para rede elétrica se tornar zero carbono
Braskem fecha acordo para produção de ‘polímeros verdes’ na Tailândia