EUA atraem IPO de europeias em ritmo mais rápido desde 2000

Listagens nos EUA são especialmente bem-vindas desde que as estreias de empresas chinesas secaram com o caso da Didi Global

Empresas europeias não realizam tantos IPOs em Nova York há 20 anos
Por Kat van Hoof
23 de Agosto, 2021 | 06:48 PM

Bloomberg — As empresas europeias estão correndo para se listar nos Estados Unidos no ritmo mais rápido em duas décadas, atraídas pela promessa de valuation mais favorável, mesmo com as bolsas do velho continente aumentando os esforços para manter as companhias em casa.

A marca suíça de tênis On Holding AG, apoiada pela estrela do tênis Roger Federer, disse na segunda-feira (23) que será listada em Nova York, enquanto a mineradora de criptomoedas Argo Blockchain Plc entrou com um pedido de IPO nos Estados Unidos na sexta-feira (20). Já a fintech do Reino Unido Wise Plc planeja vender American Depositary Receipts (ADR).

Essas ofertas vão se somar aos US$ 9,5 bilhões levantados por empresas europeias por meio de IPOs em Nova York neste ano até segunda-feira, o máximo para este período desde 2000, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

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A enxurrada de listagens migrando para o outro lado do Atlântico está levando governos e bolsas de valores em toda a Europa a contra-atacar, tentando tornar as ofertas públicas iniciais de ações mais atraentes, especialmente para empresas em estágio inicial. Londres estuda uma série de mudanças para adotar regras mais amigáveis para empresas de tecnologia, enquanto na Alemanha alguns partidos políticos propuseram uma bolsa para startups domésticas.

As empresas são atraídas para os Estados Unidos pelas valorizações estonteantes do primeiro dia de negócios e pela disposição dos investidores de Wall Street em gastar muito em novas ações, principalmente em setores novos ou em alta.

“As avaliações das empresas nos EUA são normalmente mais altas, especialmente para empresas de tecnologia jovens ou não lucrativas”, disse Gavin Launder, gestor de fundos da Legal & General Investment Management. Ele afirma ainda que NY tem um volume maior de analistas especializados e de investidores.

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China

As listagens nos EUA são especialmente bem-vindas desde que as estreias de empresas chinesas secaram com o caso da Didi Global e a ampla repressão regulatória de Pequim. Empresas do país retiraram as ofertas planejadas e as ações chinesas listadas nos EUA despencaram.

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O fluxo de empresas europeias para Nova York não deve parar. A PAI Partners está considerando abrir o capital do negócio de engarrafamento Refresco nos EUA, enquanto a empresa aeroespacial italiana Leonardo SpA disse que poderia revisitar um IPO em Wall Street de sua unidade eletrônica de defesa DRS, que havia sido cancelado em março.

No entanto, nem todos os candidatos a IPO chegam a Nova York. Teads BV, braço de publicidade digital da empresa de mídia e telecomunicações Altice, e a fabricante de aparelhos auditivos Hear.com NV adiaram as listagens nos Estados Unidos nos últimos meses.

E algumas das novas ações baseadas na Europa não negociaram bem em Wall Street. Depois de inicialmente subir durante sua sessão de estreia em maio, as ações da empresa sueca de bebidas à base de plantas Oatly Group AB agora negocia 6,1% abaixo do preço do IPO.

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