Tensões políticas e fiscais derrubam bolsa e levam dólar às máximas

Embate de Bolsonaro com Supremo Tribunal Federal, aumento do Bolsa Família e precatórios azedaram humor doméstico

Mercados mudaram de rumo ao longo da sessão sob pressões domésticas
05 de Agosto, 2021 | 06:19 PM

São Paulo — O mercado local não conseguiu manter as tendências positivas vistas ao longo da manhã desta quinta-feira (5) e azedaram no início da tarde, levando o Ibovespa a perder os ganhos do dia e o dólar a disparar mais de 1%. Ruídos na política, com novas críticas do presidente Jair Bolsonaro aos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), Alexandre de Moraes e Luis Roberto Barroso, preocuparam os investidores e impactaram negativamente a moeda. Já próximo do início da noite, o presidente do STF, Luiz Fux, anunciou o cancelamento da reunião que haveria entre os líderes dos poderes, citando “ofensas e ataques de inverdades” aos integrantes da Corte.

Somaram-se a isso os temores com a situação fiscal do país, com outras falas do Presidente da República sobre um possível aumento do Bolsa Família e a notícia sobre o projeto de lei que pode possibilitar a amortização de tributos utilizando precatórios.

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As tensões contaminaram os juros futuros, que reverteram as baixas em partes da curva, ofuscando os reflexos do aumento da Selic de ontem.

Mesmo a alta nas ações da Petrobras (PETR4 e PETR3) não foi suficientes para conter as perdas do Ibovespa, que apagou todos os ganhos do dia e fechou no vermelho.

Enquanto isso, no exterior, os principais índices americanos fecharam em recordes, em linha com índices europeus, com balanços corporativos positivos ofuscando os temores sobre a recuperação da economia diante do avanço da variante Delta do coronavírus.

No pós-mercado, o foco serão os balanços de BK Brasil, Tenda, Eneva, Cia. Hering, JHSF e Tupy.

  • Câmbio: O dólar fechou em alta de 1,60%, aos R$ 5,270, maior valor desde 19 de julho.
  • Bolsa: O Ibovespa caiu 0,14%, a 121.632 pontos. Lideraram as perdas percentuais as ações da Bradespar (BRAP4), Braskem (BRKM5) e CSN (CSAN3). As ações preferenciais e ordinárias da Petrobras (PETR4 e PETR3) e a Magazine Luiza (MGLU3) foram os destaques positivos
  • Destaques da bolsa: O mercado passou o dia avaliando o balanço da Petrobras, divulgado ontem a noite, que veio acima das estimativas, e o anúncio da companhia de que fará a antecipação do pagamento de dividendos a acionistas.
    • Além disso, a dona do maior IPO do ano na B3, que movimentou R$ 6,9 bilhões, a empresa brasileira de energia Raízen (RAIZ4) estreou na B3 sob volatilidade. Mais cedo, a Fitch retirou o rating negativo para a companhia após a conclusão do IPO, citando uma posição forte de aceleração de investimentos após a oferta.
  • Juros: As taxas dos DIs curtos e longos subiram com os temores políticos e fiscais. A taxa para janeiro de 2022 fechou aos 6,470%, aumento de 12,5 bps, enquanto as para janeiro de 2027 saltou para 9,390%, alta de 29 bps.
  • Exterior: Em Nova York, o Dow Jones subiu 0,78%, o S&P500 avançou 0,60% e alcançou novo recorde, assim como o Nasdaq, com alta de 0,78%.
  • Bitcoin: No final do dia, a criptomoeda operava em alta de 2,95%, a US$40.882
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Igor Sodré

Jornalista com formação pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, com experiência na cobertura de cultura e economia, tendo como foco mercado financeiro e companhias. Passou pela Bloomberg News e TradersClub.