Bradesco indica Marcelo Noronha como novo CEO para substituir Lazari Jr.

Bloomberg Línea — O Bradesco (BBDC4), segundo maior banco privado do varejo brasileiro, será comandado pelo executivo Marcelo Noronha, de 58 anos, indicado pelo conselho de administração para substituir Octavio de Lazari Junior, que deixa a função de CEO após cinco anos. A informação foi comunicada ao mercado em fato relevante na manhã desta quinta-feira (23).

Noronha é o atual vice-presidente responsável pelo varejo. Na abertura do pregão na B3, as ações disparavam 4,26%, cotadas a R$ 16,40. Por volta das 11h10, subiam cerca de 3%.

Em comunicado, a instituição financeira informou que Lazari recebeu designação para ocupar uma das cadeiras do conselho de administração.

“A mudança tem o propósito de iniciar um ciclo de projetos e objetivos estratégicos robustos para os próximos anos”, afirmou o presidente do board, Luiz Carlos Trabuco Cappi.

Lazari Junior assumiu o cargo em fevereiro de 2018, no lugar de Trabuco, que, por sua vez, estava no cargo desde 2009.

Nos últimos dois anos, o Bradesco sofreu com o aumento da inadimplência, a exemplo da maior parte do sistema financeiro, o que derrubou sua rentabilidade para mínimos históricos. No terceiro trimestre, o ROE (retorno sobre patrimônio) ficou em 11,3%, com analistas projetando um período de no mínimo dois anos para recuperar a casa de 20%.

“O contexto de mercado é absolutamente desafiador, do ponto de vista da eficiência operacional, aumento da competitividade e ambiente regulatório”, acrescentou o presidente do conselho.

Nos últimos trimestres, Lazari Junior reforçou o foco do Bradesco em avançar no segmento de alta renda, com lançamento de iniciativas para esse público, como facilidades em transações no exterior.

As ações do Bradesco acumulam queda de 1,78%, até o fechamento de ontem (22), abaixo do desempenho do Ibovespa (14,85%) e do seu principal par, o Itaú Unibanco (ITUB4), que acumula valorização anual de 23,56%.

Quem é o novo CEO

O Bradesco informou que Noronha é natural de Recife, capital de Pernambuco, e é formado em administração pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), com especializações em finanças pelo Ibmec (Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais) e em banking pela FGV (Fundação Getulio Vargas).

Com 38 anos de carreira no mercado bancário brasileiro, está no Bradesco desde 2003, quando banco adquiriu o BBVA, de capital espanhol. Foi membro dos conselhos de administração da Cielo, da Alelo, da Livelo e da Elopar, acrescentou o comunicado.

Análise

Em relatório, a equipe do Goldman Sachs, liderada pelo analista Tito Labarta, avaliou a nomeação de Noronha como “uma continuação da atual equipe de gestão e não como uma mudança significativa”, destacando a “forte cultura de desenvolvimento interno da alta gestão” e lembrando que em 80 anos de história o banco teve apenas cinco CEOs.

O GS manteve a recomendação “neutra” para ação e citou o “ambiente desafiador em que o banco opera com um ROE de 11% abaixo da média histórica de 20,3%”.

Atualiza às 14h15 com análise do Goldman Sachs

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