Airbus sai à frente da Boeing com US$ 17 bilhões em pedidos no Paris Air Show

Empresa europeia negociou mais de 160 jatos no início de uma das principais feiras da aviação comercial, com encomendas de clientes da Arábia Saudita e uma grande compra da Polônia

Empresa francesa negociou mais de 160 jatos no início do Paris Air Show. com pedidos de clientes da Arábia Saudita avaliados em até US$ 17 bilhões, enquanto americana sofreu após acidente na Índia
Por Leen Al-Rashdan - Siddharth Philip - Kate Duffy
16 de Junho, 2025 | 01:48 PM

Bloomberg — A Airbus deu início à Paris Air Show com pedidos de clientes sauditas avaliados em até US$ 17 bilhões e uma grande compra da Polônia.

A companhia, portanto, saiu à frente da Boeing, que reduziu sua presença no evento após o acidente com um de seus jatos na Índia na semana passada.

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A Airbus inicialmente recebeu um pedido de até 77 aeronaves de carga e passageiros da locadora saudita AviLease, seguido por um acordo para até 50 de seus jatos widebody A350-1000 da Riyadh Air.

Mais tarde, a LOT Airlines, da Polônia, anunciou que compraria 40 aviões comerciais A220, com a opção de estender o acordo para 84 unidades.

Os dois anúncios dão à Airbus uma vantagem na disputa tipicamente acirrada por pedidos na feira.

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O evento deste ano ganhou um tom trágico na semana passada, após a queda de um jato da India Air, que deixou um sobrevivente e matou 242 pessoas a bordo do Boeing 787 Dreamliner.

Como resultado, a Boeing cancelou as participações de seus executivos seniores no evento e também reduziu seus planos de anúncios comerciais.

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A AviLease, apoiada pelo fundo soberano do reino saudita, fechou um acordo para adquirir 30 jatos Airbus A321 de corredor único, com opções para mais 25, além de 10 cargueiros A350 e com opção de mais 12.

Após os descontos típicos do setor, o pedido pode chegar a US$ 8 bilhões em valor, com base em estimativas da consultoria Ishka.

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O acordo ocorre após a empresa de leasing, apoiada pelo Fundo de Investimento Público, ter adquirido até 30 jatos 737 da Boeing no mês passado, durante o tour do presidente americano, Donald Trump, pelo Golfo.

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“Foi uma batalha muito árdua” entre o A350 e o cargueiro 777 da Boeing, disse o CEO da AviLease, Edward O’Byrne, em um evento para a imprensa anunciando o acordo. “O A350 saiu vencedor.”

Os dois anúncios ressaltam a crescente influência da Arábia Saudita no mercado global de aviação, à medida que o reino busca afirmar sua presença no comércio e turismo globais.

A Riyadh Air, que planeja iniciar suas operações até o final do ano, já adquiriu 60 jatos A321 de corredor único da fabricante europeia de aviões.

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Após a tragédia da semana passada, as autoridades indianas ordenaram inspeções na frota de jatos Boeing 787 da Air India, enquanto os investigadores buscam determinar a causa do acidente aéreo.

Mesmo antes de o desastre prejudicar os planos da Boeing, a Airbus já estava preparada para uma forte presença em Paris.

Vários acordos com a Boeing foram anunciados durante a viagem de Trump ao Oriente Médio no mês passado, deixando a Airbus de lado, enquanto o presidente dos EUA atuava como um verdadeiro vendedor da rival americana.

“Precisamos ser melhores”, disse o CEO da Airbus Guillaume Faury em entrevista à Bloomberg TV na segunda-feira.

“É isso que estamos tentando alcançar com nossos produtos, garantindo que a Airbus venda aviões com base em seus méritos.”

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A AviLease foi fundada em 2022 e está entre as empresas que o fundo soberano saudita financiou como parte de um esforço para transformar o reino em um centro global de comércio, logística e turismo e reduzir sua dependência do petróleo.

“Há uma enorme quantidade de infraestrutura necessária no reino para carga e logística”, disse O’Byrne.

A empresa de leasing saudita comprou o negócio de leasing de aviação do Standard Chartered em 2023 e agora possui um portfólio de 200 aeronaves próprias e gerenciadas em leasing para 48 companhias aéreas em todo o mundo.

O acordo polonês garante à Airbus uma presença em um mercado que historicamente tem sido o território da Boeing.

A LOT disse que passou mais de um ano discutindo o acordo, e a companhia aérea vai aposentar suas aeronaves Embraer mais antigas, incluindo unidades E2 mais modernas, ao longo do tempo para unificar sua frota. As entregas ocorrerão em meados de 2027, informou a LOT.

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