Brasil pode perder peso no MSCI Latam após revisão de agosto, diz Bank of America

A possível inclusão da Porto Seguro e a exclusão da Natura marcam os pontos de uma revisão técnica que afeta os fundos de índice para a América Latina, segundo análise do BofA

a participação do Brasil no índice caiu de 4,4% para 4,1% em apenas dois meses, refletindo o impacto do fraco mercado local
06 de Agosto, 2025 | 09:50 AM

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Bloomberg Línea — A revisão do mês do índice MSCI Latam, programada para ser divulgada em 7 de agosto e entrar em vigor em 27 de agosto, está se configurando como um evento técnico importante para o mercado acionário latino-americano.

De acordo com a equipe de pesquisa do BofA Global Research, pode haver tanto inclusões quanto exclusões no índice padrão, com foco especial em várias ações brasileiras.

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Os analistas locais acompanham de perto os movimentos do MSCI, especialmente devido ao impacto que eles têm sobre os fluxos passivos e o interesse dos investidores globais.

As decisões do provedor do índice são regidas por uma metodologia definida que inclui capitalização de mercado, free float e liquidez mínima.

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O caso do Brasil

O relatório do BofA observa que o Brasil continua a perder peso relativo no MSCI Emerging Markets Index, e que essa tendência pode se intensificar após a revisão de agosto.

Atualmente, a participação do Brasil no índice caiu de 4,4% para 4,1% em apenas dois meses, refletindo o impacto do fraco mercado local, uma economia mais pressionada devido ao contexto externo e, recentemente, o anúncio de tarifas de 50% pelos Estados Unidos sobre algumas exportações brasileiras.

Essa perda de peso relativo no índice global também poderia se refletir no MSCI EM Latin America, dada a alta ponderação dos emissores brasileiros no subíndice regional.

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De acordo com a equipe do BofA, se algumas das eliminações de agosto dentro do MSCI EM Latin America Index se concretizarem, a participação do Brasil poderá ser ajustada ainda mais para baixo, abrindo espaço para uma maior representação de emissores de outros países latino-americanos.

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Renda potencial

De acordo com o relatório, a seguradora brasileira Porto Seguro é a principal candidata a ser adicionada ao índice Brasil, o que também a posicionaria dentro do índice MSCI EM LatAm, uma vez que inclui as ações padrão dos países da região. Sua capitalização de mercado excede o limite exigido em 76% e também atende à exigência de free float, o que a posiciona como a principal candidata nesta edição.

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Se confirmado, estima-se que os fundos de índice teriam que fazer compras equivalentes a quatro dias de volume de negociação.

Com relação às exclusões, os analistas identificam a Natura e o Grupo Ultra como os membros atuais mais vulneráveis. Ambas as empresas têm capitalizações no “buffer inferior”, ou seja, abaixo de 67% do limite mínimo global, o que desencadeia um risco de exclusão do índice regional.

Se eliminadas, as vendas forçadas passivas são estimadas em três e cinco dias de negociação, respectivamente.

Emissores no radar

Embora apenas movimentos pontuais sejam previstos nesta análise, o BofA sugere que há vários nomes que poderiam se aproximar da porta de entrada do índice MSCI EM LatAm em análises futuras.

No caso da Copel, os analistas observam que a empresa já atende ao limite de capitalização de mercado exigido pela metodologia MSCI. Entretanto, ainda está aquém do nível mínimo exigido de free float, o que limita sua elegibilidade para entrar no índice padrão, pelo menos nesta análise.

A Stone, uma empresa brasileira listada nos EUA, atende aos principais critérios estabelecidos pela MSCI em termos de capitalização, liquidez e flutuação. Entretanto, seu status de empresa listada no exterior introduz considerações adicionais ao avaliar sua possível inclusão no índice latino-americano.

Quanto à Mallplaza, a operadora chilena de shopping centers, o relatório destaca o progresso em termos de liquidez e tamanho do mercado de ações.

No caso da Ecopetrol, embora sua capitalização esteja bem acima do limite - mais de 330% - o baixo nível de free float (80% do mínimo) impede sua inclusão automática.

O MSCI aplica regras mais restritivas para emissores com float abaixo de 15%, o que continua sendo um obstáculo para que a petrolífera colombiana esteja presente no índice EM LatAm Standard.

Carlos  Rodríguez Salcedo

Periodista colombiano, especializado en economía. Fui periodista, editor y macroeditor del diario La República, con experiencia en temas macroeconómicos, empresariales y financieros. Además, pasé por la agencia de noticias Colprensa.