Estrategista-chefe da XP vê risco de saída de estrangeiros da B3 com mudança do MSCI

Fernando Ferreira diz em entrevista à Bloomberg News que a inclusão de empresas brasileiras listadas em NY no índice MSCI Brasil pode afetar os fluxos de capital estrangeiro na B3

bolsa brasileira B3
Por Barbara Nascimento - Leda Alvim
11 de Junho, 2024 | 02:03 PM
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Bloomberg — O mercado de ações brasileiro deve sofrer mais um golpe no segundo semestre deste ano, quando um rebalanceamento do índice MSCI pode desviar ainda mais fluxos de capital da B3, disse Fernando Ferreira, estrategista-chefe da XP (XP), em entrevista à Bloomberg News.

Ações de empresas com foco em tecnologia como Nubank (NU), Stone (STNE), PagSeguro (PAGS) e XP, que têm sede no Brasil, mas optaram por listar ações nos EUA - na NYSE ou na Nasdaq -, serão elegíveis para ingressar nos Índices MSCI Brasil a partir de agosto.

Estimativas do Morgan Stanley sugerem que a mudança poderia gerar a entrada de US$ 4,7 bilhões em recursos para as ações dessas empresas.

Para evitar uma exposição exagerada aos ativos de companhias brasileiras, os fundos podem ter que reduzir participações em outras empresas para comportar uma alocação nessas ações. Isto poderá ter um impacto negativo para a B3, cujo maior peso está em ações ligadas ao setor financeiro e commodities.

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Se o peso do Brasil no MSCI de mercados emergentes aumentar com as empresas negociadas nos EUA, “ou o gestor vai vender outros papéis de outros países, ou ele vai vender o restante de Brasil para comprar os papéis lá fora”, disse Ferreira.

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Este tem sido um ano difícil para a B3: investidores estrangeiros retiraram mais de R$ 37 bilhões das ações locais.

As apostas em juros mais elevados durante mais tempo nos EUA, combinadas com uma percepção de maiores riscos fiscais e de interferência política local, mantiveram os investidores afastados da bolsa brasileira, mesmo com valuations ainda deprimidos.

Com a visão de que a Selic vai ficar estagnada em dois dígitos - está atualmente em 10,75% ao ano -, Ferreira disse que prefere concentrar as recomendações em ações que possam render bons pagamentos de dividendos, como bancos, utilities e shoppings.

“Temos voltado a falar mais de dividendos e histórias mais defensivas, dado que o cenário tem mudado”, disse Ferreira. “É um cenário muito melhor para ativos de carrego do que para ativos de ganho de capital. Ainda é um cenário em que a renda fixa vai continuar dominante.”

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