Fundo florestal de US$ 125 bi proposto pelo Brasil sofre com atrasos antes da COP30

Governo brasileiro espera levantar valor por meio do Tropical Forest Forever Facility, que pagaria aos países para protegerem áreas de florestas tropicais com retornos de investimentos de ativos de renda fixa de alto rendimento

Área verde vista de cima
Por Natasha White
02 de Outubro, 2025 | 07:39 AM

Bloomberg — Um fundo para salvar as florestas tropicais que o Brasil pretende lançar na COP30, em novembro, está atrasado em relação ao cronograma, à medida que as autoridades deliberam sobre como desenhar sua estrutura.

O Brasil espera levantar até US$125 bilhões por meio do Tropical Forest Forever Facility, que pagaria aos países para protegerem áreas de florestas tropicais com retornos de investimentos de ativos de renda fixa de alto rendimento.

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O principal roadshow para investidores em potencial deveria ter ocorrido em setembro, mas ainda não foi realizado.

Enquanto isso, um evento que reuniria investidores durante a Semana do Clima de Nova York, que começou em 21 de setembro, foi cancelado, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto ouvidas pela Bloomberg News, que pediram para não serem identificadas por se tratar de informações não públicas.

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Inicialmente, as autoridades planejaram criar uma nova entidade não garantida em parceria com o Banco Mundial, que levantaria US$ 25 bilhões de um grupo de nações desenvolvidas e usaria esse valor para emitir US$ 100 bilhões em títulos.

Mas as críticas do governo Trump sobre o desvio de missão das instituições financeiras multilaterais levaram a discussões sobre um Plano B que não envolvesse o Banco Mundial, disse uma das pessoas.

Uma segunda opção está agora sobre a mesa: um levantamento capitalizado com US$ 25 bilhões, que semearia uma série de instrumentos do tipo dívida garantida para levantar os US$ 100 bilhões por meio do mercado de dívida garantida, disseram as pessoas.

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A discussão sobre as duas possíveis estruturas foi mencionada pela primeira vez em uma proposta publicada em agosto pelo governo brasileiro.

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O presidente do Banco Mundial, Ajay Banga, disse na semana passada que a organização atuará como fiduciária e anfitriã interina da secretaria do TFFF. Uma decisão final sobre seu papel está programada para 21 de outubro.

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O Brasil prometeu US$ 1 bilhão para dar o pontapé inicial no fundo, com a esperança de que mais nações se comprometam com fundos antes da COP30.

A equipe do TFFF ainda vai finalizar os detalhes do modelo financeiro, que deve estar pronto nesta semana, disse o governo brasileiro em um comunicado.

O fundo poderia operar com outro banco multilateral de desenvolvimento ou em uma estrutura totalmente privada, disse o governo.

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O TFFF tem o potencial de ser um dos maiores mecanismos financeiros já criados para ajudar a preencher a lacuna de vários trilhões de dólares em financiamento necessário para deter as mudanças climáticas e reverter a perda da biodiversidade global.

O lançamento bem-sucedido do fundo seria uma grande conquista para o Brasil como anfitrião da reunião da COP deste ano, que tem sido desafiada por desafios logísticos.

Os atrasos não são surpreendentes para os envolvidos, dada a escala do que o Brasil quer realizar.

O país projeta um grande fundo com uma estrutura que nunca foi totalmente testada, o que exige a adesão de especialistas de ministérios nacionais, bancos, empresas de investimento, organizações sem fins lucrativos de proteção florestal e outros.

E pede US$ 25 bilhões em empréstimos baratos e garantias das nações ricas em um momento em que elas estão mais preocupadas em reforçar as defesas contra a Rússia e outros agressores.

Seja qual for a estrutura escolhida pela TFFF, os US$ 125 bilhões obtidos dos países desenvolvidos e dos mercados de capitais seriam investidos em títulos de maior rendimento.

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Espera-se que os retornos, após a contabilização dos custos, possibilitem pagamentos de cerca de US$ 4 por hectare para que os países protejam suas florestas tropicais.

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