Mercados caem com ações de tecnologia e incertezas sobre taxas de juros

Aumento inesperado de juros na Austrália influencia os negócios nesta terça, assim como o declínio das ações da Apple e uma previsão pior da TSMC

Estes são os eventos que orientam os investidores hoje
Por Bianca Ribeiro - Michelly Teixeira
06 de Junho, 2023 | 06:54 AM

Barcelona, Espanha — As ações de tecnologia voltam ao centro das atenções dos investidores após os lançamentos da Apple. Também estão sob os holofotes a investida do banco central da Austrália, que surpreendeu ao elevar os juros, e o debate em torno do aperto monetário do Banco Central Europeu (BCE), já que a expectativa de inflação dos consumidores caiu significativamente.

Os futuros de índices dos Estados Unidos registravam queda e as bolsas europeias operavam com sinais mistos. Na Ásia, o fechamento das bolsas foi misto, com alta do índice Nikkei e queda nas principais bolsas chinesas.

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Entre os destaques negativos, as ações da Apple (AAPL) dão continuidade à queda da véspera nas negociações pré-abertura de Nova York e também caem os papéis da TSMC após uma previsão mais modesta para seus gastos de capital (Capex).

Os investidores também monitoram início das emissões de títulos pelo Tesouro, que pode afetar a liquidez do sistema financeiro.

No mercado de dívida, o prêmio do título norte-americano para 10 anos recuava para 3,669% às 7h (horário de Brasília). O dólar mostrava variação próxima da estabilidade, enquanto o euro e a libra se depreciavam.

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Os contratos de petróleo WTI baixavam quase 2%, enquanto os de ouro subiam. O bitcoin voltava a se recuperar, com pequena variação de alta.

→ O que move os mercados hoje

👁️‍🗨️ Cripto sob pressão. O processo da Securities and Exchange Commission (SEC) contra a Binance e seu CEO Changpeng Zhao, por má gestão e violação de regras, aumenta a pressão regulatória sobre a maior plataforma de negociação de ativos digitais. A agência ampliou para mais de US$115 bilhões a lista de criptoativos classificados como valores não registrados, o que poderia afetar a liquidez e a negociação dos tokens.

🏮 Avanço triplo. O Japão avisou que pretende triplicar a venda de chips no país para US$108 bilhões até 2030 e que essa indústria está no centro de sua estratégia de segurança econômica. A ideia é investir para garantir semicondutores de ponta suficientes para o avanço de tecnologias como a inteligência artificial.

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🥽 Visão de mercado. O Apple Vision lançado nesta segunda-feira pela Apple (AAPL) promete mudar a forma como as pessoas interagem com o mundo, mas o preço de US$3.449 coloca o headset no patamar de seus laptops de última geração e não de um gadget. As ações da empresa caíram na véspera após a apresentação do produto e continuam no vermelho nas negociações que precedem a abertura das bolsas.

🔍 Inflação x juros. O BCE informou que houve uma redução em abril da expectativa dos consumidores para a inflação da Zona do Euro, de 5% para 4,1% nos próximos 12 meses. O resultado alimenta o debate sobre quanto tempo mais será preciso aumentar os juros para devolver a inflação para a meta. Para Christine Lagarde, presidente do BCE, “as pressões de preços continuam fortes”.

📈 Alta inesperada. O banco central da Austrália surpreendeu a maioria dos analistas e elevou a taxa de juros do país em 0,25 ponto percentual para 4,1%, deixando aberta a chance de novo aumento em julho. Os investidores avaliam se esse movimento pode ser acompanhado por outros bancos centrais, faltando uma semana para o próximo encontro do Fed.

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🇨🇳 Corte de taxas. O governo chinês pediu aos maiores bancos estatais do país, incluindo o Bank of China, o Industrial & Commercial Bank of China e o Bank of Communications, para reduzirem suas taxas de depósito a prazo de cinco anos em 10 pontos-base, segundo pessoas consultadas pela Bloomberg. É o segundo movimento deste tipo que o governo faz em menos de um ano e sugere um esforço adicional para reativar a economia.

🇩🇪 Indústria tropeça. O setor industrial da Alemanha registrou uma queda de 0,4% nas encomendas em abril, frustrando expectativas do mercado, que projetavam aumento de 2,8% no período. O dado amplia as preocupações sobre a maior economia da Europa, que entrou em recessão no último trimestre.

✈️ Encomendas à vista. A Emirates pode anunciar na próxima semana um pedido de 100 a 150 jatos para renovar sua frota de Airbus de dois andares SE A380. Tim Clark, presidente da companhia aérea, disse em entrevista à Bloomberg TV que a compra envolve Airbus A350, Boeing Co. 777 e “talvez” o 787 Dreamliner da Boeing.

⬇️ Chips em baixa. A gigante taiwanesa de semicondutores TSMC corrigiu sua previsão para gastos de capital em 2023 para a faixa mínima anunciada antes de US$32 bilhões. A empresa, que é uma das principais fabricantes de chips da Apple, lida com uma demanda fraca por smartphones e chips de computação e estima uma queda de 10% de sua receita em dólares no primeiro semestre.

🗣️ Movimento político. Jamie Dimon, CEO do JPMorgan (JPM), almoça hoje com cerca de 100 parlamentares democratas da Câmara dos EUA para tratar de temas relacionados ao setor bancário e à economia do país, segundo pessoas consultadas pela Bloomberg. Dimon vem sendo instado a disputar a corrida presidencial de 2024 e já disse em entrevista à Bloomberg TV que “talvez um dia sirva ao país de uma forma ou de outra”.

Os mercados esta manhã

🟢 As bolsas ontem (5/06): Dow Jones Industrials (-0,59%), S&P 500 (-0,20%), Nasdaq Composite (-0,09%), Stoxx 600 (-0,48%), Ibovespa (+0,12%)

As bolsas reagiram a uma pausa na recuperação das ações de tecnologia e à moderação do mercado, que aguarda os novos passos do Fed. Apesar da alta do petróleo, as ações de empresas do setor recuaram, assim como as da Apple, que apresentou novos produtos.

Saiba mais sobre o vaivém dos Mercados e se inscreva no After Hours, a newsletter vespertina da Bloomberg Línea com o resumo do fechamento dos mercados.

Na agenda

Esta é a agenda prevista para hoje:

PMI de Construção: Zona do Euro, Reino Unido, Alemanha, França, Itália

EUA: Índice Redbook, Índice de Otimismo Econômico, Estoques de Petróleo Bruto

Europa: Zona do Euro (Vendas no Varejo/Abr); Alemanha (Encomendas à Indústria/Abr); Espanha (Produção Industrial/Abr)

Ásia: Japão (Reservas Internacionais/Mai)

América Latina: Brasil (Produção e Vendas de Veículos/Mai)

🗓️ Os eventos de destaque na semana →

(Com informações da Bloomberg News)

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