10 empresas para ficar de olho no segundo semestre de 2023

De empresas líderes em seus setores a startups promissoras que já entregam resultado, confira as indicações de especialistas consultados pela Bloomberg Línea

10 empresas para ficar de olho no segundo semestre de 2023 (Imagem: Bloomberg Línea)
06 de Junho, 2023 | 05:15 AM

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Bloomberg Línea — O primeiro semestre caminha para o fim com a perspectiva de que o Brasil comece um ciclo de cortes nas taxas de juros, provavelmente em agosto ou setembro, como resultado do arrefecimento de pressões inflacionárias e da convergência das expectativas de mercado para a meta em 2024. As projeções para o crescimento da economia neste ano começam também a ser revisadas para cima.

Nesse cenário, que contempla incertezas como o nível da demanda nos países ricos, especialmente nos Estados Unidos e na China, que são os principais parceiros comerciais do país, há empresas que continuam a crescer, a liderar movimentos de consolidação em seus setores e a inovar com produtos e serviços que, se espera, vão sustentar o movimento de expansão nos próximos anos.

Nas últimas duas semanas, a Bloomberg Línea conversou com executivos e investidores e examinou relatórios de recomendações de ações de bancos e corretoras e estudos de consultorias para listar 10 companhias para serem acompanhadas no segundo semestre.

A relação abaixo não é um ranking com critérios com base em indicadores financeiros, mas uma seleção de companhias com potencial de destaque em seus respectivos segmentos na segunda metade do ano. Confira a seguir:

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1. Localiza (RENT3)

A maior locadora de veículos do país deve se beneficiar da aguardada redução nos preços de carros “populares” (com preço até R$ 120 mil) com a desoneração anunciada pelo governo federal em maio, segundo relatório do Goldman Sachs. Isso porque a companhia terá menor necessidade de capital para ampliar sua frota. No ano até esta segunda-feira (5), as ações da Localiza acumulam alta de 25% ante um Ibovespa positivo perto de 3%. Outro vento favorável é a recuperação gradual do turismo doméstico, que favorece o segmento de aluguel de veículos. A captura de sinergias após a fusão com a Unidas, prevista em pelo menos 50% para o ano de 2023, também deve acelerar o seu crescimento.

2. Equatorial (EQTL3)

Apesar da queda de 72% no lucro no primeiro trimestre na base anual, a holding de distribuição de energia, com atuação em transmissão, geração renovável e saneamento, continua a ser uma das principais escolhas de analistas do setor, como é o caso da equipe do Itaú BBA. Entre os principais motivos apontados pelo banco de investimento estão a avaliação considerada atraente da companhia, o histórico em termos de alocação de capital e o momento de ganhos e gatilhos de curto prazo para o ativo relacionados às próximas revisões tarifárias em 2023, principalmente da Celg. A Equatorial também está de olho em aquisições no segundo semestre e contratou uma assessoria para estudar os ativos da Light.

3. Rede D’Or (RDOR3)

A Rede D’Or deve capturar mais ganhos de eficiência com a integração dos negócios de saúde, odontologia, seguro de vida e previdência da SulAmérica, após a aquisição concluída no fim de 2022. A companhia já obteve sinergias de quase R$ 400 milhões, segundo cálculo do BB Investimentos. Analistas indicaram perspectiva positiva para o maior grupo de hospitais privados do país após um balanço do primeiro trimestre que apontou, na avaliação dos mesmos, consistência na performance operacional: houve melhora no tíquete médio, como resultado de reajustes, redução da sinistralidade e maior taxa de ocupação nos hospitais, com destaque para procedimentos de maior complexidade. Mais recentemente, a Rede D’Or anunciou a desaceleração do seu plano de expansão, o que vai ajudar na geração de caixa.

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4. Sabesp (SBSP3)

A maior companhia de água e saneamento do Brasil deve ser privatizada em 2024, segundo plano de Tarcísio Freitas, governador de São Paulo, que é o acionista controlador. O lucro líquido do primeiro trimestre (R$ 747 milhões), impulsionado por uma maior geração de caixa operacional, superou as estimativas, apontou relatório do Itaú BBA, que espera melhoras adicionais nas receitas da empresa nos próximos trimestres como resultado do reajuste de tarifas. No começo de maio, a Sabesp anunciou um programa de demissão voluntária que pode ter adesão de mais de 2.000 funcionários (16% de seu quadro). O mercado ainda aguarda a modelagem da possível venda do controle da empresa.

5. Armac (ARML3)

A plataforma de locação de equipamentos como escavadeiras, tratores e empilhadeiras para clientes do agronegócio, mineração e da construção civil deve continuar a apresentar uma demanda sólida ao longo do ano, na esteira das revisões para cima para o PIB estimado em 2023. Novos contratos assinados no primeiro trimestre devem adicionar receita de R$ 80 milhões, segundo o Itaú BBA, que manteve sua recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado) para a ação da Armac: o ativo acumulou ganho de 31% neste ano até segunda-feira (5), versus alta de 2,7% do Ibovespa.

6. Totvs (TOTS3)

A Totvs teve um resultado no primeiro trimestre com aumento de 13% do lucro líquido na base anual, algo que, segundo a XP Investimentos e o Bank of America, coloca as suas ações como um dos destaques do setor de tecnologia. A empresa anunciou recentemente a aquisição da Lexos, que tem foco em soluções de integração do varejo físico, virtual, marketplaces e e-commerces. Além disso, também terá uma parceria estratégica entre a RD Station, sua controlada, e a Shopify, o que deve expandir a presença da marca no segmento de PMEs, em iniciativas que devem ser consolidadas no segundo semestre.

7. Ada

Startups que atuam na área de educação, conhecidas como edtechs, já representam uma em cada seis empresas novatas do país, segundo a Abstartups (Associação Brasileira de Startups). Uma das que se destacam é a Ada, anteriormente conhecida como Let’s Code, rebatizada em homenagem à Ada Lovelace, a primeira programadora de computadores da história. A edtech fundada por Felipe Paiva, ex-executivo do Credit Suisse, oferece cursos de até seis meses de programação para pessoas físicas com foco em empregabilidade e empresas em geral e pretende alcançar a marca de 20 mil alunos formados até 2025. Atende grandes empresas do país, principalmente do setor financeiro, e já foi avaliada em R$ 100 milhões, segundo fontes do mercado que falaram à Bloomberg Línea sob condição de sigilo.

8. Plamev Pet

O Brasil é o sexto maior mercado pet do mundo com faturamento de R$ 42 bilhões em 2022, segundo a Abinpet, associação da indústria de produtos para animais de estimação. Investidores como FIR Capital, Health Invest, Duxx Invest, CTC Participações e VS1 Capital foram atraídos para a plataforma que oferta exames e cuidados preventivos para cães e gatos. A companhia planeja listar ações na BEE4, uma bolsa de ações tokenizadas de empresas emergentes. Com sede em Minas Gerais e presente em oito estados, a Plamev Pet planeja elevar multiplicar por quatro até 2024 a receita bruta de R$ 19,6 milhões em 2022, seguindo os passos das líderes do setor, como Petz (PETZ3), PetLove e Cobasi.

9. Nude

A marca que produz leite à base de aveia, avaliada em R$ 125 milhões em rodada de investimentos em janeiro de 2022, já vende o produto em grandes redes de supermercados, além de ter parcerias com 500 redes de café, como a The Coffee. A Nude pretende expandir os negócios para outros países da América Latina. A demanda por produtos à base de aveia tem crescido nos últimos anos e deve chegar a um valor global de quase R$ 11 bilhões até 2026, segundo estimativas do Market Research Future.

10. Abstra

O hype em torno da Inteligência Artificial (IA) desde o advento do ChatGPT atraiu a atenção de investidores para startups e empresas que podem criar negócios e ganhar eficiência em sua operação. É o caso da Abstra Cloud, startup fundada por Bruno Vieira Costa em março de 2020 no Rio de Janeiro e que oferece uma ferramenta que permite a desenvolvedores a construção de apps profissionais sem o uso de programação. Em janeiro de 2022, a startup levantou US$ 2,3 milhões em rodada liderada pelo SoftBank Latin America Fund - e passou posteriormente para o portfolio da Upload Ventures. Mais recentemente, incorporou à plataforma uma ferramenta de assistência com IA para gerar insights aos usuários.

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Metodologia

Para formar a lista, a Bloomberg Línea consultou analistas, associações empresariais, especialistas e documentos de recomendação de bancos e corretoras após os resultados financeiros do primeiro trimestre das empresas do país.

-- Atualizado para incluir a metodologia

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Tamires Vitorio

Jornalista formada pela FAPCOM, com experiência em mercados, economia, negócios e tecnologia. Foi repórter da EXAME e CNN e editora no Money Times.

Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 25 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.