China ensaia reabertura para techs com IPO de US$ 14,5 bi de empresa de chips

Depois de dois anos de repressão do governo, indústria tenta atrair investidores novamente em um momento em que corrida tecnológica se torna mais acirrada

Estátua que representa o bull market em Xangai: país tenta voltar a estimular presença de empresas tech nos mercados
Por Bloomberg News
21 de Abril, 2023 | 09:28 AM

Bloomberg — A Changxin Memory Technologies planeja fazer uma oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) neste ano que pode avaliar a fabricante chinesa de chips em mais de US$ 14,5 bilhões, uma estreia marcante que pode ajudar a estimular as aspirações tecnológicas do país depois de anos recentes de repressão que levaram à desistência da listagem da Ant Group, do Alibaba de Jack Ma, em 2020.

A fabricante de chips de memória conhecida como CXMT pretende ser listada na STAR, o equivalente da Nasdaq em Xangai, com um valuation de US$ 14,5 bilhões, segundo pessoas familiarizadas com o assunto.

A companhia está em processo de escolha de subscritores e o tamanho do IPO não foi finalizado, disseram as pessoas, pedindo para não serem identificadas por tratar de assuntos privados.

A CXMT é uma das poucas grandes empresas chinesas que incorporam as ambições de Pequim de se igualar tecnologicamente aos Estados Unidos, particularmente nos semicondutores que impulsionam a maioria dos avanços da inteligência artificial (IA) aos carros autônomos.

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Além disso, é uma das maiores fabricantes chinesas de chips de armazenamento DRAM, uma indústria dominada pela Samsung Electronics, SK Hynix e Micron Technology, mas que pode servir como uma plataforma de lançamento para o desenvolvimento de semicondutores mais avançados no futuro.

Não está claro como os investidores avaliarão um IPO da CXMT, já que o governo Biden está orquestrando uma campanha para bloquear o acesso das empresas chinesas a tecnologias de ponta, desde software de design até equipamentos de fabricação.

Os EUA aplicaram sanções com sucesso no passado, paralisando a incipiente fabricante de chips Fujian Jinhua Integrated Circuit — colega de Changxin — e o negócio de smartphones da Huawei Technologies.

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Em dezembro, Washington colocou a Yangtze Memory Technologies, uma fabricante de memória flash apoiada pelo estado em Wuhan, na lista negra, limitando efetivamente as capacidades da China em chips 3D NAND avançados. Antes disso, a YMTC estava em negociações para fornecer chips à Apple (AAPL) para o iPhone.

As metas da CXMT são preliminares e podem mudar dependendo das flutuações do mercado. Um preço de 100 bilhões de yuans avaliaria a empresa de seis anos em cerca de 40% da principal fabricante de chips chinesa Semiconductor Manufacturing International Corp., que faturou mais de US$ 7 bilhões no ano passado.

Um representante da CXMT se recusou a comentar sobre os planos de IPO e disse que a empresa está atualmente focada em pesquisa e seu negócio principal.

Restrições à China

A CXMT fabrica chips que armazenam dados temporariamente em telefones, computadores e servidores para a computação das unidades centrais de processamento. Ela opera uma fábrica de wafer em sua cidade natal, Hefei, na província central de Anhui, de acordo com seu site.

Sua controladora apoiada pelo estado, a Innotron Memory, possui vários patrocinadores de alto nível, incluindo o National Integrated Circuit Industry Investment Fund Fase 2, o principal veículo de investimento da indústria do governo. Há ainda a fabricante de chips de memória GigaDevice Semiconductor e um fundo indiretamente controlado por Lei Jun, o bilionário fundador da Xiaomi.

Os investidores domésticos demonstraram entusiasmo pelos esforços de Pequim para cultivar uma indústria de chips e livrar-se da dependência dos produtos americanos.

O presidente Xi Jinping ordenou recentemente medidas enérgicas para apoiar o desenvolvimento da manufatura de ponta, uma mensagem clara que a China está se preparando para se separar dos EUA.

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A necessidade de incentivar a indústria doméstica de chips está se tornando mais urgente à medida que Washington impõe restrições cada vez mais rígidas à nação asiática.

Os Estados Unidos estão limitando cada vez mais o tipo de equipamento para fabricação de chips que as empresas americanas podem enviar para a China, ao mesmo tempo em que juntam aliados para que fornecedores importantes como a holandesa ASML Holding NV e a japonesa Nikon se juntem ao bloqueio tecnológico.

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