Gigantes do ringue: dona do UFC compra WWE, de luta livre, por US$ 9,3 bi

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Bloomberg — Uma mega fusão envolvendo dois dos grupos de combates esportivos mais populares do mundo está prendendo a atenção de seus milhões de fãs: a Endeavor Group, dona do UFC, fechou um acordo para comprar o conglomerado de entretenimento World Wrestling Entertainment (WWE), conhecido pela luta livre, por US$ 9,3 bilhões, incluindo dívidas.

A Endeavor planejando combinar a WWE com o Ultimate Fighting Championship, ou UFC, para criar uma nova empresa avaliada em mais de US$ 21 bilhões, disseram as empresas em comunicado na segunda-feira (3). Os acionistas existentes da WWE vão transferir todo o patrimônio para uma nova entidade que deverá ser listada na Bolsa de Valores de Nova York, a NYSE.

A Endeavor terá 51% do controle acionário, e os acionistas existentes da WWE, 49%.

A nova empresa será liderada por Ari Emanuel, diretor executivo da Endeavor, que vem perseguindo a WWE nos últimos meses, ansioso para combinar a liga de luta livre com o UFC e se tornar o rei indiscutível do combate como entretenimento.

Emanuel pretende usar a experiência e os recursos existentes de sua empresa na negociação de direitos de mídia e na realização de eventos em todo o mundo para aumentar as vendas e cortar custos na WWE.

As ações da WWE caíram até 11% nas negociações antes da abertura do mercado em Nova York, a US$ 81 por ação, a menor cotação em quase três semanas. A maior queda anterior no fechamento de um pregão havia sido de 5,8% em julho de 2021.

Ainda assim, as ações subiram 33% neste ano, pois os investidores esperavam uma venda, atribuindo a ela um valor de mercado de cerca de US$ 6,8 bilhões. A Endeavor subiu 2,8%.

As duas empresas disseram que cada uma contribuiria com dinheiro para a nova empresa, de modo que ela retenha cerca de US$ 150 milhões.

“Esta é uma rara oportunidade de criar um puro jogo global de esportes e entretenimento ao vivo, construído para onde a indústria está indo”, disse Emanuel.

McMahon: comando há quatro décadas

Vince McMahon, o acionista controlador de 77 anos da WWE, dirige a empresa há quatro décadas. Ele permanecerá envolvido no negócio após o acordo, assim como Nick Khan, o CEO. McMahon descreveu o acordo como, “sem dúvida, o melhor resultado para nossos acionistas e outras partes interessadas”.

McMahon se reintegrou como presidente executivo em janeiro para supervisionar uma revisão estratégica da empresa. Ele deixou a empresa no ano passado após revelações de que havia pago milhões de dólares para resolver acusações de má conduta sexual.

Enquanto ele estava fora, a liderança da empresa começou a discutir opções estratégicas antes da próxima rodada de negociações com empresas que transmitem as lutas da WWE na TV.

A WWE é um prêmio raro na mídia. Embora seja um entretenimento roteirizado, ele oferece uma audiência ao vivo para seus eventos, semelhante a um evento esportivo. A Fox Corp. e a Comcast pagam centenas de milhões de dólares por ano pelos direitos de exibição dos combates.

A venda está sendo finalizada no momento em que acontece a Wrestlemania, um dos maiores eventos do calendário da WWE. O evento deste ano está sendo realizado em dois dias em Los Angeles.

Emanuel e sua equipe de liderança, por outro lado, transformaram a Endeavor ao longo dos anos, desde suas raízes representando atores de Hollywood até se tornar uma empresa de mídia multifacetada. Eles representam atletas, vendem direitos de mídia para eventos esportivos e possuem eventos ao vivo em esportes e moda. Eles também operam uma empresa de tecnologia de apostas esportivas.

A empresa abriu o capital em 2021 depois de rejeitar uma tentativa de oferta pública inicial (IPO) em 2019. Suas ações fecharam na sexta-feira apenas 7 centavos de dólar abaixo do preço do IPO de US$ 24, o que dá à empresa um valor de mercado de US$ 11,3 bilhões.

O UFC é o ativo mais valioso que a Endeavor possui, e agora Emanuel dobrou a aposta nos esportes de combate.

Fãs devotados

A WWE é um negócio como poucos. É uma combinação de esportes e entretenimento com fãs dedicados que aparecem para acompanhar as histórias dentro e fora do ringue.

Cerca de 80 mil fãs compareceram a cada uma das duas noites para lotar o SoFi Stadium em Los Angeles para o evento anual Wrestlemania. Os fãs aplaudiram os anfitriões em um palco ao ar livre durante um show antes da luta. Muitos deles ostentavam cinturões de ouro que custavam centenas de dólares.

Pedro Calhau, um trabalhador de TI de Portugal, estava participando de sua primeira Wrestlemania. Ele gastou US$ 400 em seu cinto, que estava pendurado no ombro.

“É como uma novela, é como um teatro”, disse Calhau fora do estádio. “Para nós, é uma fuga.”

Ele disse que achava que os US$ 9 bilhões eram um preço justo pela marca e pela empresa, acrescentando: “Espero que eles devolvam um pouco aos fãs”.

Morgan Stanley e Goldman Sachs estão atuando como consultores financeiros da Endeavor, e Latham & Watkins LLP, como consultor jurídico da Endeavor. O Raine Group é o principal consultor financeiro da WWE. JPMorgan e Moelis também atuam como consultores financeiros da WWE.

- Com a colaboração de Christopher Palmeri e Katie Roof.

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