Guardião de fundo saudita atrai bilionários do private equity e de VCs a Miami

Evento com líder do fundo soberano da Arábia Saudita reúne de Nelson Petz e Michael Klein a Adam Neumann, ex-WeWork, e o ex-secretário do Tesouro Steve Mnuchin

Nelson Peltz (esq.), Steve Wynn e Steve Mnuchin no evento da Future Investment Initiative (FII) em Miami nesta quinta-feira (30)
Por Felipe Marques - Gillian Tan - Anna Kaiser
31 de Março, 2023 | 12:57 PM

Bloomberg — É preciso muito para atrair bilionários de private equity, titãs do mundo cripto, algumas das pessoas mais importantes do governo Trump e o fundador de uma grande empresa de tecnologia na mesma sala.

Mas esse é o poder e o alcance de Yasir Al-Rumayyan, guardião de cerca de US$ 650 bilhões do dinheiro soberano da Arábia Saudita.

O principal executivo do Fundo de Investimento Público falou por apenas 10 minutos para mais de 400 participantes em Miami Beach na quinta-feira (30), dando início a uma conferência de dois dias que serve para atrair dinheiro para o reino, bem como para aqueles que buscam explorar sua riqueza.

Minutos antes de começar, Adam Neumann, o fundador da WeWork, entrou na sala vestido com sua habitual camiseta branca e blazer.

PUBLICIDADE

Michael Klein, negociador para os sauditas e outros líderes mundiais, maestro do SPAC e, finalmente, um dos maiores perdedores do desastre do Credit Suisse (CS), sentou-se na primeira fila, saindo rapidamente assim que Al-Rumayyan encerrou sua palestra.

Quando o evento estava terminando na quinta, surgiram notícias de que Donald Trump foi indiciado pela Justiça de Nova York. Mais cedo, o ex-secretário do Tesouro Steven Mnuchin havia trocado gentilezas com Steve Wynn, que fazia parte do comitê inaugural de Trump em 2016, e Nelson Peltz, um doador do republicano que se desculpou por ter votado nele no dia seguinte à insurreição do Capitólio.

Enquanto isso, Jared Kushner, genro de Trump, deve falar nesta sexta-feira (31) sobre como trazer a paz ao Oriente Médio. Fundos de riqueza nos Emirados Árabes Unidos e no Catar investiram com sua empresa de private equity Affinity Partners, informou o New York Times na quinta-feira. Isso se soma a um compromisso de US$ 2 bilhões de um fundo soberano saudita.

Yasir Al-Rumayyan, presidente do conselho do Future Investment Initiative (FII) Institute e líder do fundo soberano saudita

Davos no Deserto

Organizado pela Future Investment Initiative (FII), o evento de dois dias em Miami é uma versão menor de um realizado em Riad, às vezes apelidado de “Davos in the Desert”.

Enquanto aquele reúne líderes corporativos e mundiais, este se inclina mais para private equity e capital de risco.

O cripto evangelista Michael Novogratz apareceu com uma camisa vermelha estampada com uma onça. Josh Harris fez uma aparição. Na sexta-feira, Marc Andreessen e Ben Horowitz, da Andreesen Horowitz, são esperados como palestrantes (Neumann é moderador).

Apelo mais forte do capital saudita

O aprofundamento dos laços com a Arábia Saudita tem sido uma alta prioridade para os investidores há anos – exceto por um breve período em 2018 após o assassinato de Jamal Khashoggi –, mas, com os investidores do Oriente Médio cheios de dinheiro e os Estados Unidos se recuperando de uma quebra do setor de tecnologia e uma crise bancária, o apelo tornou-se mais forte.

PUBLICIDADE

“Esses eventos são todos sobre dinheiro do PIF”, disse Alice Globus, diretora financeira da Nanotronics, uma empresa de inteligência artificial. “Eles estão investindo muito dinheiro em empresas e assumindo mais riscos do que fundos nos Estados Unidos ou na Europa. Todo mundo está lutando por isso.”

“As pessoas aqui tendem a estar procurando dinheiro ou já têm dinheiro e buscam uma maneira de gastá-lo”, disse David Chaudron, sócio-gerente da Organized Change, uma consultoria de gestão.

A conferência contou com palestras sobre a economia em expansão da Arábia Saudita, a crise bancária e o golfe. À medida que a notícia da acusação formal contra Trump circulava, alguns participantes correram para jantar no Carbone ou na Casa Tua para refeições ao ar livre.

Richard Attias, executivo-chefe do FII Institute, minimizou a conexão saudita e disse que os participantes “vieram aqui porque era um bom momento para se encontrar e se reunir”.

O evento volta a Miami em 2024 e Attias diz que o FII provavelmente abrirá um escritório na cidade.

Havia alguns que não estavam lá para os sauditas.

Christian Nana, consultor financeiro da MassMutual com sede em Palm Beach, se destacou em um mar de ternos escuros em uma polo do The Masters - um dos mais tradicionais e importantes torneios de golfe do mundo - e o icônico zíper verde. Ele foi atraído ao evento para se relacionar com pessoas, uma em particular: o palestrante Greg Norman, CEO da LIV Golf, a liga separatista apoiada pela Arábia Saudita.

“Tive uma conversa com Greg”, sorriu Nana, acrescentando que seu filho é um aspirante a jogador de golfe. “Ele faz muitas coisas boas para o golfe júnior.” Norman é um dos grandes golfistas da história.

Veja mais em Bloomberg.com

Leia também

O que nomes de private equity como a GA estão procurando no Oriente Médio

‘Wall Street do Sul’: o que a chegada de Ken Griffin representa para Miami