Bloomberg Línea — A perspectiva de preços mais elevados do petróleo pressionou os mercados nesta quinta-feira (10), com preocupações de que a forte valorização das commodities pressionará a inflação e diminuirá o crescimento econômico global.
Com o aumento de aversão ao risco e seguindo os mercados internacionais, o Ibovespa (IBOV), encerrou o pregão em queda, aos 113.663 pontos. Já o dólar teve alta.
As atenções estão voltadas para a “Super Quarta” na próxima semana, com a reunião do Federal Reserve, nos Estados Unidos, e do Comitê de Política Monetária (Copom), nos Brasil, que irão decidir o rumo das taxas básicas de juros nos dois países. Investidores têm acompanhado de perto indicadores econômicos e buscado sinais de como será o ciclo de aperto monetário nos EUA.
Em relatório publicado nesta quinta, o banco de investimentos UBS disse estimar um risco significativo de alta da inflação em meio à guerra na Ucrânia. Para os analistas, a forta alta dos preços de energia e commodities pode aumentar a inflação de 2022 no Brasil em mais de 1% – e uma inflação mais alta pode significar expectativas de inflação de longo prazo mais altas, escrevem.
Veja mais: Verde tem melhor fevereiro desde 2017 e amplia cautela com ações
Há impacto também para o ritmo inflacionário de 2023, pela inércia. “Para evitar que isso aconteça, acreditamos que o Copom manterá seu ritmo de 150 bp na reunião de março, diferente do planejado, mas necessário para limitar os danos das expectativas”, diz o UBS, estimando uma Selic de 12,25% ao ano ao fim deste mês.
Confira como fecharam os mercados nesta quinta-feira (10):
- O Ibovespa recuou 0,21%, negociado aos 113.663 pontos;
- O dolar à vista teve leve alta de 0,14%, a R$ 5,02;
- No mercado de juros futuros, os DIs amenizaram a alta no fim do pregão: o contrato DI para 2025 subiu três pontos-base, a 12,22%, enquanto o DI com vencimento em 2023 avançou 11 pontos-base, a 13,02%;
- Por volta das 18h25 (horário de Brasília), o Bitcoin (BTC) recuava 5,85%, aos US$ 39.443;
Liderou as perdas do Ibovespa nesta quinta as ações de Embraer (EMBR3), que caíram 14,93%, aos R$ 14,02, após a companhia reportar o balanço referente ao quarto trimestre. Companhias aéreas como Gol (GOLL4) e Azul (AZUL4) também cederam, 4,95% e 3,88%, respectivamente, em um cenário de combustível mais caro.
- O petróleo tipo WTI para abril fechou em queda de 2,47%, aos US$ 106,02 o barril, enquanto o tipo Brent para maio caiu 1,63%, a US$ 109,33;
Em meio às preocupações com a alta dos juros, a sessão também foi de queda para varejistas. As ações de Natura (NTCO3) caíram 9,30%, a R$ 21,74, as de Via (VIIA3) recuaram 4,11%, a R$ 3,27, enquanto as de Magazine Luiza (MGLU3) tiveram baixa de 4,33%, a R$ 5,96.
Já entre os ganhos do índice, as ações de Gerdau (GGBR4) tiveram alta de 4,61%, a R$ 30,19, enquanto as de Vale (VALE3) subiram 3,30%, a R$ 97,30.
Destaque ainda para os papéis da Petrobras (PETR3; PETR4), que avançaram 2,80%, a R$ 35,65 (ON), e 3,50%, a R$ 33,70 (PN), após a companhia anunciar o aumento no preço do diesel e da gasolina nas refinarias.
Os investidores também acompanharam a aprovação no Senado do projeto de lei complementar 11/2020, que altera a forma de cálculo do ICMS e permite desonerar os combustíveis de tributos federais até o fim do ano.
Inflação no radar
Com as atenções do mercado na reunião do Fomc da próxima semana, repercutiram nesta quinta os dados de preços ao consumidor nos EUA, que avançou 0,80% em fevereiro, dentro do consenso, mas acumulando alta de 7,9% no ano.
Embora o salto esteja em linha com as previsões, reforçou as expectativas de que o Federal Reserve, o banco central americano, deverá começar a elevar as taxas de juros na próxima semana para conter a alta inflação.
Isso porque a guerra na Ucrânia, que segue sem mostrar sinais de abrandamento, e a proibição de Joe Biden às importações de energia da Rússia restringiram o fornecimento de petróleo, elevando ainda mais os preços da commodity.
- Nos EUA, o Dow Jones recuou 0,34%, o S&P 500 teve queda de 0,43%, enquanto o índice da Nasdaq cedeu 0,95%;
- Na Europa, os mercados fecharam no vermelho: o índice Dax, da Alemanha, caiu 2,93%, enquanto o CAC-40, de Paris, teve baixa de 2,83%.
Leia também:
Nasdaq diz que não há acordo para bolsa de ativos ambientais no Rio