Dois de Maio: um caso de excelência no uso das criptomoedas

Comunidade na Zona Norte do Rio de Janeiro resgata oportunidades sociais de moradores com uso das moedas digitais

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Tempo de leitura: 3 minutos

Por Gino Matos para Mercado Bitcoin

Fotos: Gino Matos

São Paulo — A Comunidade Dois de Maio, localizada na Zona Norte do Rio de Janeiro, é palco da competição Libertadores do Rato, campeonato de futebol realizado anualmente, entre os meses de abril e novembro, e que reúne times representando as comunidades da região. Até mesmo Romário, natural do Jacaré, coletividade vizinha, já mostrou seu futebol na Arena Baronesa.

O “Rato”, como também é conhecida a Dois de Maio, é uma das 140 comunidades amparadas pelo impactMarket, programa de renda básica universal que distribui, diariamente, US$ 0,75 a 376 beneficiários. O valor é creditado na forma da stablecoin Celo Dollar, que tem valor pareado ao dólar.

A quantia recebida, contudo, só poderia ser sacada em reais e a cada 30 dias. Antes desse prazo, a única forma de utilizar o saldo em Celo Dollar seria por meio da carteira Valora, da Celo, empresa voltada ao desenvolvimento de aplicações descentralizadas para dispositivos móveis. Mas um ecossistema começou a se desenvolver em torno das criptomoedas.

“Estava pensando em como resolver a questão envolvendo a espera para acessar os valores quando comerciantes me pediram para participar. Foi aí que tive a ideia de cadastrar os comerciantes e fazer esse dinheiro girar dentro da comunidade. Para isso, cadastramos depósitos, lanchonetes, farmácias, lojas de vestuário e essa renda extra passou a ajudar o comércio local”, conta Yanui de Almeida, presidente da associação de moradores da Dois de Maio.

Os benefícios começaram a ser recebidos em janeiro de 2021 e Yanui diz que houve certa desconfiança por parte dos moradores no início, já que a ideia de dinheiro digital era nova e distante da realidade da comunidade. Não demorou, no entanto, para que entendessem como as criptomoedas funcionam.

“A adesão dos comerciantes foi rápida e o uso do Celo Dollar no comércio acompanhou o ritmo. Se uma família, por exemplo, precisava comprar fralda para o filho bastava levar o celular até a farmácia e ler o QR Code”, diz. A forma de pagamento com a carteira Valora, semelhante a outros pagamentos eletrônicos, como o Pix, facilitou o uso.

Feira do saque

Apesar da adesão no varejo, comerciantes e parte dos beneficiários ainda recorrem à conversão e saque em reais. Yanui explica que a conversão é feita por meio de uma exchange de criptomoedas e uma data é estipulada mensalmente para que todos os saques sejam pagos.

O dia do saque, porém, virou também uma data especial na comunidade. “Criamos uma feira onde todos os comerciantes que aceitam pagamento pela Valora participam, oferecendo promoções exclusivas. Foi uma forma de dar entretenimento durante o período de isolamento social e movimentar ainda mais o comércio”, explica o presidente da associação de moradores.

Elogio ao projeto

A Grifes Play, loja de vestuário masculino e feminino, foi uma das primeiras lojas a aceitar pagamentos com criptomoedas na Dois de Maio. Tales, o proprietário, diz que já conhecia as moedas digitais quando a Valora e o impactMarket chegaram ali.

“O pessoal [beneficiários do impactMarket] estranhou no início, mas logo o uso de criptomoedas deu um ‘levante’ legal. No caso da loja, que começou só com roupas masculinas, conseguimos expandir e acrescentar moda infantil e feminina, e sentimos o aumento de clientes”, fala Tales.

Alexandre, proprietário da distribuidora de bebidas Dom Rato, é mais um que sentiu o impacto positivo da renda básica universal e a facilidade de uso das moedas digitais. O aumento na demanda foi tanto que Alexandre comprou um freezer novo para a distribuidora. “Para mim foi ótimo receber em criptomoedas, achei muito parecido com o Pix”.

A farmácia de Paulo se soma aos estabelecimentos cadastrados no ecossistema de criptomoedas da Dois de Maio. Ele diz que não acreditava no conceito de moedas digitais quando passou a aceitar pagamentos com a carteira Valora. Mas reconhece: “Melhorou as vendas, aumentaram muito”.

Um dos comerciantes que mais perceberam mudanças com a entrada das criptomoedas no Rato foi Cirilo, dono de um dos mercados locais. Ele explica que, para entender como funcionam as moedas digitais, comparou o pagamento feito com esses ativos a um vale-alimentação.

“Como comerciante a gente trabalha com qualquer forma que o dinheiro tenha. Essa iniciativa [impactMarket] ajudou muito nesse período de pandemia, quando muitos ficaram sem emprego. As vendas cresceram de 10% a 15%”, conta.

Almeida fala que, apesar das dúvidas iniciais, atualmente não faltam moradores aguardando uma oportunidade para se tornarem beneficiários do impactMarket. “Ele salvou nossa comunidade durante a pandemia, principalmente entre os meses de junho e julho. Só tenho a agradecer”.

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