Ibovespa despenca mais de 3% em dia de aversão global ao risco

Alta dos Treasuries, risco de crise energética e questões monetárias locais pesaram no índice

Mercados globais sofreram com perdas nesta quarta-feira
28 de Setembro, 2021 | 05:58 PM

São Paulo — O Ibovespa encerrou o dia em forte queda, em uma terça-feira (28) marcada por tensão nos principais mercados externos e que também atingiu o dólar. Nos Estados Unidos, a alta das taxas dos Treasuries levaram a perdas em papéis de tecnologia, ao mesmo tempo que investidores avaliavam as sinalizações do Federal Reserve e os riscos de crise energética global, que emergiram nesta semana. Por aqui, dúvidas sobre os rumos da inflação e da política monetária pesaram, após a divulgação da ata do Copom. Na quarta-feira, os dados do IGP-M de setembro estarão entre os destaques.

  • A bolsa ficou nos 110.000 pontos, após um dia inteiro de perdas, que só se intensificaram conforme foram passando as horas. Um dos impulsionadores das perdas do índice foram os papéis da Vale (VALE3), que chegaram a cair mais de 3%, com as restrições ao uso de carvão pelo governo chinês. Outro papel de peso que teve queda foi a Petrobras (PETR4). Ontem, a companhia anunciou aumento no preço do diesel em suas refinarias.
  • O dólar ficou acima dos R$ 5,43, em alta de 0,77, assim como as taxas do DI, refletindo as análises da ata do Copom e o movimento dos Treasuries.

A alta nas taxas dos Treasuries levaram os mercados globais a um sell-off generalizado e forte. As empresas de tecnologia foram as mais castigadas. A Nasdaq terminou o dia com baixa de 2,83%, marcando 14.543 pontos, em uma das piores sessões do ano. Na bolsa de Nova York, o S&P 500 derreteu 2,04% e o Dow Jones, 1,63%.

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Outro ponto de preocupação no mercado hoje foi o risco de uma crise energética global, a qual pode levar a um desabastecimento de combustíveis no Reino Unido e problemas com a safra brasileira por conta do clima. Temperaturas mais baixas do que o normal no inverno no hemisfério norte podem deixar a Europa quase sem gás natural armazenado, enquanto também compete por suprimentos com a Ásia, segundo a BloombergNEF.

Na cena local, a ata do Copom reforçou a indicação de manutenção do ritmo de alta dos juros, enquanto sinalizou que o aumento da magnitude do ciclo de aperto para patamar “significativamente contracionista” é apropriado para convergência da inflação à meta em 2022 e 2023. Entretanto, o documento dividiu analistas, que agora trabalham com projeções para Selic que vão de 8,5% a 10%.

  • Câmbio: Perto das 17h30, o dólar operava em alta de 0,80% a R$ 5,43
  • Bolsa: O Ibovespa caiu 3,05%, ficando em 110.123 pontos
    • Lideraram as altas percentuais Minerva (BEEF3), BRF (BRFS3) e Taesa (TAEE11). As ações do Banco Inter (BIDI11), Méliuz (CASH3) e CSN (CSNA3) foram destaques negativos
  • Juros: O DI com vencimento para janeiro próximo subiu de 7,155% para 7,18%, enquanto a taxa para janeiro de 2027 foi de 10,58% para 10,67%
  • Exterior: Em Nova York, todos os principais índices fecharam em queda. O Dow Jones caiu 1,63%, o S&P 500 2,04% e o Nasdaq 2,83%
  • Bitcoin: Perto das 17h30, a criptomoeda operava em queda de 3,51%, a US$ 41.750

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Igor Sodré

Jornalista com formação pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, com experiência na cobertura de cultura e economia, tendo como foco mercado financeiro e companhias. Passou pela Bloomberg News e TradersClub.