Em Wimbledon, câmeras com sistema de IA vão substituir juízes de linha

Tradicional torneio de Grand Slam disputado na grama, que começa em 30 de junho, adotará totalmente a marcação de linha eletrônica, de uma empresa subsidiária da Sony

The service line judge indicates a serve by Serena Williams, the number six seed, is out during her finals match against Venus Williams, the number seven seed, right, during the Wimbledon tennis championships in southwest London, U.K., on Saturday, July 5, 2008. Venus Williams successfully defended her Wimbledon tennis title by beating her younger sister Serena 7-5, 6-4. Photographer: Alan Crowhurst/Bloomberg News
Por Yuki Furukawa
10 de Junho, 2025 | 12:55 PM

Bloomberg — Juízes de linha humanos, vestidos com camisas listradas impecáveis ​​e calças brancas, estarão ausentes de Wimbledon este ano. Em vez disso, 12 câmeras ficarão na quadra para decidir se a bola caiu dentro ou fora.

O tradicional torneio de tênis que faz parte do Grand Slam - e que começa em 30 de junho - adotará totalmente a marcação de linha eletrônica, como um serviço gratuito da Hawk-Eye Innovations, subsidiária da Sony.

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A empresa, sediada em Basingstoke, na Inglaterra, usa inteligência artificial (IA) para identificar a trajetória da bola e fornecer análise de jogo e arbitragem em 25 esportes, incluindo beisebol e futebol.

A demanda é forte em parte devido à crescente pressão para encurtar as partidas e manter os espectadores engajados, de acordo com Fumiatsu Hirai, chefe da divisão de Esportes e Entretenimento da Sony.

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Outro fator é a escassez de árbitros desde a pandemia, que provocou uma onda de pedidos de demissões, disse ele.

Árbitros humanos também enfrentam agora muito mais hostilidade — até ameaças de morte — à medida que o bullying online e as apostas esportivas se tornam comuns.

“Os pedidos por automação estão cada vez mais fortes”, afirmou Hirai.

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O contrato de Wimbledon é uma vitória para o esforço de anos da Sony para fortalecer suas ofertas de entretenimento com aquisições de empresas de tecnologia esportiva.

A empresa, sediada em Tóquio, está ansiosa por realizar novos acordos para expandir seu portfólio em tecnologia relacionada ao esporte, disse Hirai.

“Se houver algo atrativo, gostaríamos de fazer”, afirmou ele sobre a possibilidade de novas aquisições, sem entrar em detalhes.

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Em 2011, a Sony comprou a Hawk-Eye, uma empresa fundada em 2001 por cientistas que pesquisavam trajetórias de foguetes.

Seu sistema de marcação de linha — que utiliza dados de câmera para determinar instantaneamente onde a bola cai e a posição dos pés de um jogador durante o saque — já é usado no Australia Open e no US Open, e Wimbledon já utilizou a tecnologia da empresa para auxiliar árbitros e juízes.

O sistema da Hawk-Eye também deverá fornecer medições virtuais dos avanços da linha ofensiva para a National Football League (NFL) este ano.

A divisão esportiva da Sony — que teve vendas inferiores a ¥ 20 bilhões (US$ 140 milhões) no ano fiscal encerrado em março de 2022 — é uma pequena parte do portfólio de negócios da Sony, que gera vendas anuais em torno de ¥ 13 trilhões com operações que vão de jogos e música a filmes e semicondutores.

Mas o negócio esportivo está crescendo de forma constante, superando a meta de crescimento anual da divisão de 17% nos cinco anos até março de 2027, de acordo com Hirai, que não divulgou mais detalhes.

Após a aquisição da Hawk-Eye, a Sony comprou a empresa de análise de dados Beyond Sports em 2022 para oferecer entretenimento esportivo mais imersivo. Em 2024, adquiriu a KinaTrax, que utiliza tecnologia de captura de movimento para fornecer dados de desempenho biomecânico aos atletas.

O mercado esportivo global deve crescer para cerca de US$ 651 bilhões até 2028, um aumento de mais de 30% em comparação com 2023, de acordo com a Research and Markets, empresa de projeções do setor com sede em Dublin.

As equipes estão utilizando dados biométricos para melhorar as condições físicas e mentais dos atletas.

A Hawk-Eye, que também oferece transmissão esportiva interativa por meio de sua unidade Pulselive, agora lidera o campo da tecnologia esportiva, de acordo com Mitsuru Tanaka, professor associado da Universidade Shobi.

Essa liderança foi demonstrada com a decisão da Major League Baseball (MLB), há alguns anos, de trocar o sistema baseado em radar da empresa dinamarquesa TrackMan pelo sistema da Hawk-Eye para rastreamento de bola e jogadores, observou ele.

Contudo, o ritmo da inovação e as baixas barreiras de entrada representam riscos, afirmou Tanaka. “Permanece o risco de a Hawk-Eye perder sua vantagem no mercado com o surgimento de uma tecnologia superior”, acrescentou ele.

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