Bloomberg Línea — Um dos destaques no mercado de venture capital na última semana foi o anúncio do lançamento do Corporate Venture Capital (CVC) do grupo educacional Marista, com capital comprometido de R$ 30 milhões.
O foco estará em edutechs e healthtechs, segmentos em que o grupo atua. A operação será liderada por Guilherme Skaf, ex-Wayra Brasil, e terá como alvo startups early stage com potencial de impacto sistêmico nas áreas de educação e saúde, com aportes entre R$ 250 mil e R$ 4,5 milhões.
Do lado das startups, a Waltz, plataforma que facilita o financiamento de imóveis nos Estados Unidos por investidores estrangeiros, ficou com o maior aporte. A startup levantou US$ 50 milhões (aproximadamente R$ 274 milhões), entre equity e dívida, para expandir a sua oferta para América Latina.
Entre as brasileiras, a Doji, de compra e venda de celulares usados, captou US$ 2 milhões; e a Mercado de Recebíveis foi avaliada em R$ 200 milhões em nova rodada, de valor não revelado.
Veja abaixo os principais anúncios da semana:
Waltz
A Waltz, plataforma que facilita o financiamento de imóveis nos Estados Unidos por investidores estrangeiros, captou US$ 50 milhões (aproximadamente R$ 274 milhões) em uma rodada que combina equity e dívida.
Parte do montante inclui uma nova linha de crédito de US$ 25 milhões para ampliar o acesso ao mercado imobiliário norte-americano por latino-americanos. A empresa estima que os recursos podem destravar até US$ 1 bilhão em capacidade de empréstimos.
A expansão para o Brasil vem após uma fase beta bem-sucedida e forte demanda regional — brasileiros, colombianos e mexicanos já figuram entre os maiores compradores estrangeiros de imóveis residenciais nos EUA, segundo a NAR (National Association of Realtors),com 29% das transações em imóveis prontos.
A Waltz se propõe a disponibilizar uma jornada 100% digital que inclui abertura de LLC (Sociedade de Responsabilidade Limitada), conta bancária e pré-aprovação de hipoteca, com suporte em português e espanhol. Desde o lançamento, a plataforma processou mais de US$ 300 milhões em pedidos em quatro continentes.
O investimento foi liderado pelos fundos TLV Partners e Aleph, com participação de investidores-anjo como RE Angels, Ofir Ehrlich, David Krell, Talmon Marco e Eyal Lifshitz.
Doji
A Doji, plataforma que conecta quem quer vender e comprar celulares usados, captou US$ 2 milhões (cerca de R$ 11 milhões) em uma rodada composta pela Raio Capital, Norte Ventures, Positive Ventures, Niu Ventures, Seedstars e Exit North Ventures.
A startup desenvolveu uma tecnologia própria que avalia os aparelhos a partir de um QR Code, identificando mais de 70 pontos no dispositivo. A proposta é facilitar a revenda de celulares usados, principalmente por meio de parcerias com operadoras e varejistas. A monetização ocorre via taxa de intermediação.
Fundada por Fernando Montera Filho, a startup pivotou seu modelo em 2024, encerrando a operação no Reino Unido e relançando o negócio no Brasil. O novo capital será usado para expansão de pontos de contato, antecipação financeira e produtos de crédito voltados aos compradores.
Mercado de Recebíveis
A fintech Mercado de Recebíveis anunciou uma nova rodada de investimento liderada pela URCA Angels, atingindo valuation de R$ 200 milhões — quase o dobro desde a última rodada em 2024, quando estava avaliada em R$ 110 milhões. O valor captado não revelado.
Dois meses após lançar seu cartão corporativo em parceria com a Visa, a startup conquistou tração significativa: o cartão já representa 50% da base ativa de clientes. Com o novo aporte, a fintech mira reforçar o crescimento e deve estruturar o seu próprio FIDC, ampliando a previsibilidade financeira — hoje a operação depende de parceiros.
O Mercado de Recebíveis atingiu o breakeven em maio passado e busca multiplicar em 20 vezes o volume processado em 2025, com a meta de atingir R$ 2 bilhões.
Rosey Ventures
O Grupo Marista anunciou a criação da Rosey Ventures, seu braço de corporate venture capital (CVC), com um fundo inicial de R$ 30 milhões para investir em startups.
O foco estará em edutechs e healthtechs, segmentos em que o grupo atua por meio da FTD Educação, PUC-PR, PUC-SC, Hospitais Marcelino Champagnat e Universitário Cajuru e o Centro Marista de Defesa da Infância.
A operação será liderada por Guilherme Skaf, ex-Wayra Brasil, e terá como alvo startups early stage com potencial de impacto sistêmico nas áreas de educação e saúde, com aportes entre R$ 250 mil e R$ 4,5 milhões. A proposta é unir o legado centenário da instituição à lógica tradicional do venture capital.
A Rosey já nasce com três startups no portfólio — Estuda.com, Diário Escola e Pontue — e prevê novos investimentos ainda em 2025.
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